A
POBREZA EM PORTUGAL É MUITO MAIOR QUE A DIVULGADA PELOS ÓRGÃOS DE INFORMAÇÃO E
PELO GOVERNO
Eugénio
Rosa*
Em
30 de Novembro de 2017, o INE divulgou uma publicação com o título “Rendimentos
e condições de vida 2017: O risco da pobreza reduziu-se para 18,3%” e logo a agência
Lusa, sem analisar a totalidade do documento do INE, repetiu a noticia que o
“Risco de pobreza diminuiu para 18,3% em 2016”, o que foi repetido
acriticamente pelos restantes media incluindo o Expresso on-line de 30.11.2017.
O 1º ministro também fez declarações no mesmo sentido, congratulando-se com a
diminuição da pobreza.
Mais
importante que os 18,3% era explicar aos leitores como se chegou a essa
percentagem, pois os números da pobreza podem ser reduzidos
administrativamente. E foi isso que aconteceu como vamos mostrar neste estudo
com dados do INE omitidos pelos media.
A
TAXA DE POBREZA DE 18,3% DIVULGADA PELOS MEDIA NÃO TRADUZ A POBREZA REAL NO
PAÍS
Comecemos
por observar o quadros que consta da publicação divulgada pelo INE, cujos dados
foram utilizados pelos órgãos de informação.
Se
ficarmos por este quadro constante da publicação do INE concluímos que, em
Portugal, antes do pagamento de pensões e de outras prestações social, a percentagem
de portugueses na situação de pobreza era, em 2016, de 45,2% da população o
que, tendo em conta a população total, correspondia a 4.659.997 portugueses. E
que após o pagamento das pensões e de outras prestações sociais (daí a
importância fundamental da Segurança Social e da CGA) esse número diminuía para
1.886.652 portugueses (18,3% da população total) na situação de pobreza o que
não deixa de continuar a ser chocante. Mas mesmo este elevado numero não traduz
a realidade como outros dados constantes da mesma publicação do INE revelam,
dados esses que foram omitidos pela generalidade dos órgãos de informação o que
representou, objetivamente, uma clara manipulação da opinião pública. Mas assim
vai o jornalismo em Portugal.
O
QUE OS MEDIA OCULTARAM SOBRE A POBREZA EM PORTUGAL
Para
que se possa entender o caracter precário e insuficiente dos dados do quadro
anterior é importante saber como é calculado o chamado “Limiar de risco de
pobreza”. Ele corresponde a 60% do rendimento mediano, ou seja, do rendimento
auferido pela maioria dos portugueses. Em 2016, o limiar da pobreza
correspondia a 5.442€, o que dá 388,71€/mês, se dividirmos por 14. Aquele
limiar da pobreza, sendo 60% do rendimento mediano, corresponde a um rendimento
mediano de 12.040€/ano, ou seja, 860€/mês. Portanto, a evolução do limiar da
pobreza aumenta ou diminui conforme aumenta ou diminui o rendimento mediano em
Portugal. Se ele aumentar menos que os preços, a situação dos pobres agrava-se
pois ficam com menos poder de compra, mas muitos deles, para efeitos
estatísticos, deixam de ser considerados pobres embora estejam em situação
pior. Foi isso que aconteceu em Portugal durante o governo do PSD/CDS e da
“troika” em que se verificou uma queda dos rendimentos dos portugueses e,
nomeadamente, dos rendimentos medianos que foram os mais atingidos pelo enorme
aumento de impostos, por cortes nos salários, por aumentos nas remunerações
inferiores aos aumentos de preços, pelo aumento brutal do desemprego, etc.
A
POBREZA EM PORTUGAL É MUITO MAIOR QUE A DIVULGADA PELOS ÓRGÃOS DE INFORMAÇÃO
SEGUNDO O PRÓPRIO INE
Existe
na publicação divulgada pelo INE um outro quadro que a Lusa, o Expresso e
outros órgãos de informação omitiram mas que é muito importante para
compreender a dimensão atual e real da pobreza em Portugal. Esse quadro é o que
a seguir se apresenta. Para que não haja dúvidas da sua veracidade copiamos
(fizemos um copy/paste), da publicação do INE.
LER MAIS NO ORIGINAL (PDF)
*Eugénio
Rosa – Economista – este e outros estudos disponíveis em www.eugeniorosa.com
- Título PG
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