Era uma notícia aguardada há
muito: o Presidente angolano, João Lourenço, exonerou a administração do Fundo
Soberano, presidida por Filomeno dos Santos. Lopo do Nascimento e Marcolino
Moco foram nomeados para a Sonangol.
A informação sobre a exoneração,
"por conveniência de serviço", foi transmitida esta quarta-feira
(10.01) pela Casa Civil do Presidente da República, em nota citada pela agência
Lusa, em Luanda. O Fundo
Soberano de Angola (FSDEA), que gere ativos do Estado angolano de
5.000 milhões de dólares,passa a ser presidido por Carlos Alberto Lopes, até
agora secretário para os Assuntos Sociais do chefe de Estado.
Depois de Isabel
dos Santos, que exonerou do cargo de presidente do conselho de
administração da petrolífera estatal Sonangol, e de ter ordenado a rescisão do
contrato entre a Televisão
Pública de Angola (TPA) e a empresa Semba Comunicações, detida por
Welwítschia "Tchizé" e José Paulino dos Santos "Coreon Dú"
para a gestão do segundo canal, José Filomeno dos Santos é o quarto filho do
ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos a ser afastado do poder por João
Lourenço, empossado em setembro último.
Além de José Filomeno de Sousa
dos Santos, foram exonerados os administradores executivos Hugo Miguel Évora
Gonçalves e Miguel Damião Gago. O Presidente da República nomeou ainda, para
integrarem o conselho de administração do FSDEA como administradores executivos,
Laura Alcântara Monteiro, Miguel Damião Gago, Pedro Sebastião Teta e Valentina
de Sousa Matias Filipe.
Este desfecho já tinha sido
antecipado na segunda-feira (08.01) pelo próprio Presidente angolano, quando
admitiu aplicar, nos próximos dias, medidas
propostas pelo Ministério das Finanças sobre a gestão do FSDEA e não
descartando exonerar a administração. "Não diria que vou exonerar, mas
pode vir a acontecer", disse João Lourenço nos jardins do Palácio
Presidencial, em Luanda, na sua primeira conferência de imprensa com mais de
uma centena de jornalistas de órgãos nacionais e estrangeiros.
Lopo do Nascimento e Marcolino
Moco na Sonangol
João Lourenço também nomeou esta
quarta-feira (10.01) como administradores não executivos da petrolífera
Sonangol dois antigos primeiros-ministros, Lopo do Nascimento e Marcolino Moco,
este último forte contestatário do chefe de Estado anterior.
Segundo a Casa Civil do
Presidente da República, as nomeações foram feitas "por conveniência de
serviço público", passando Lopo Fortunato Ferreira do Nascimento e
Marcolino José Carlos Moco a integrar o conselho de administração da Sociedade
Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), liderada desde novembro por
Carlos Saturnino.
Em novembro último, Marcolino
Moco assumiu-se surpreendido" com a "coragem" do novo Presidente
da República, afirmando que as decisões conhecidas visam "criar um mínimo
de governabilidade" num poder "atrelado aos pilares de uma casa de
família".
A posição do advogado e histórico
militante do MPLA, forte crítico da governação de 38 anos de José Eduardo dos
Santos, surgiu num artigo divulgado então, pelo próprio. "É verdade que
João Lourenço me surpreende pela coragem e rapidez; mas surpreso andei eu todos
estes anos a ver um país a ser montado a volta de uma família única, quando só
se ouviam louvores de tribunas e painéis de entidades notáveis", criticou
ainda o advogado que de 1992 a 1996 foi primeiro-ministro, na Presidência de
José Eduardo dos Santos.
Já Lopo do Nascimento, que foi
primeiro-ministro entre 11 de novembro de 1975 (proclamação da independência
angolana) e dezembro de 1978, além de secretário-geral do MPLA, criticou em
2017, antes das eleições gerais de agosto, a continuidade de José Eduardo dos
Santos na presidência do partido. "Acho que não será uma boa coisa se ele
se mantém como presidente do MPLA, porque gera um poder bicéfalo", disse
numa entrevista em março.
Agência Lusa, ms | em Deutsche
Welle
Foto: José Filomeno dos Santos é
substituído no cargo por Carlos Alberto Lopes
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