O ex-ministro da Saúde José
Van-Dúnem negou qualquer envolvimento no caso de desvio de
dinheiro do Fundo Global, destinado ao programa de combate à
malária.
José Van-Dúnem afirmou, ontem, em
tribunal, que a única envolvência foi o facto de ter assinado as transferências
na qualidade de ministro, uma vez que tudo parecia normal.
“ Das cinco assinaturas que eram permitidas para o banco efectuar as transferências, uma delas era a minha, e eu assinei porque todos os processos apresentados aparentemente pareciam estar certos”, disse José Van-Dune.
Interrogado pelo juiz se em algum momento beneficiou, a título pessoal, de algum valor proveniente das transferências consideradas ilegais, José Van-Dúnem respondeu que não, afirmação confirmada pelos três principais arguidos do processo.
O ex-ministro disse que uma das ordens assinada foi de 108 milhões de kwanzas. “A minha vinda ao tribunal deixou claro que, apesar de ter assinado, no fundo eu também fui enganado, porque os documentos afinal foram todos forjados”, acentuou.
José Van-Dúnem sublinhou que quando o caso despoletou, ficou muito surpreso, porque Sónia Neves, até então directora administrativa e financeira da Unidade Técnica de Gestão do Fundo Global, era “boa funcionária, com bom curriculum e tínhamos muita confiança nela”.
Foi por este motivo, prosseguiu José Van-Dúnen, que nos primeiros momentos o Ministério da Saúde constituiu uma comissão de inquérito, onde a Sónia Neves fazia parte e chegou mesmo a apresentar um relatório. “Longe de mim que ela pudesse ter qualquer envolvimento neste caso”, referiu.
O ex- ministro da Saúde sustentou que a Unidade Técnica de Gestão utilizava um software denominado “Primavera”, que não permitia que se apagassem os rastos de qualquer operação feita. “Mas avariaram este software e passaram a fazer as operações em Excel , que não permitiu ver aquilo que foi eliminado. Então, posso dizer que foi uma acção propositada”, afirmou José Van-Dunem.
De acordo com o ex-ministro da Saúde, ainda assim, o Fundo Global nunca chegou a suspender as ajudas, porque o Ministério da Saúde quando se apercebeu da situação, pagou os 200 milhões de kwanzas que estavam em falta, com dinheiro do fundo da unidade orçamental, exactamente para evitar que Fundo Global descontinuasse as ajudas.
“E vale dizer que o apoio que o Fundo Global deu na altura, não era em dinheiro. Recebemos cerca de 2.800 mil mosqueteiros para distribuirmos por todo o país. Logo, era preciso manter uma certa dinâmica na distribuição para beneficiar as pessoas”.
As audições vão continuar na sétima sala do Tribunal Provincial de Luanda. A próxima audiência está marcada para segunda-feira, às 10 horas.
Alexa Sonhi | Jornal de Angola
Na foto: José Van-Dúnem é um dos
declarantes do mediático caso Fundo Global | Fotografia: Maria Augusta |
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