Desconfiança reina nas reações ao
novo pedido de demissão do primeiro-ministro guineense, Umaro Sissoco Embaló.
Em entrevista à DW África, Ali Hijazi, do PAIGC e o sociólogo, Dautarim da
Costa, incertos quanto ao futuro.
Está por horas o fim do
prazo dado pela Comunidade Económica de Estados de Estados da África Ocidental
(CEDEAO), aos atores políticos guineenses para implementação do Acordo de
Conacri. O cenário politico mantêm-se, sem grandes expetativas, em torno
da implementação do referido acordo.
Perante este estado de coisas, o
Secretário Nacional do PAIGC, Ali Hijazi, disse que o partido "continua
cético", segundo ele, "não é a primeira vez que Umaro Sissoco
Embaló apresenta o seu pedido de demissão".
Mais do mesmo
Para o sociólogo guineense, o
Presidente da República pode recorrer à Constituição da República ou
implementar o Acordo de Conacri, para pôr termo à crise vigente. Contudo,
o analista e sociólogo, Dautarim da Costa, entende que, José Mário Vaz, não irá
recorrer a essas duas opções, porque o Presidente da República é refém da sua
própria agenda.
"Eu creio que o Presidente
da República não quer essas soluções. Tem uma agenda muito própria
que é de dominar o poder, capturar as instituições e de favorecer um grupo
de interesses que permitam justamente fazer essa captura. Eu creio que neste
momento, até o próprio Presidente da República, se encontra refém daquilo que
são as suas vontades e daquilo que ele planeou. As coisas já não estão a correr
como o Presidente desejava inicialmente, porque isto, está fugir-lhe das
mãos".
Final previsível
Dautarim da Costa disse
ainda que, há muito que o país aguarda esta iniciativa do
primeiro-ministro, devido aos objetivos políticos que ditaram a sua
nomeação.
"Na verdade, nunca chegou
a ser um primeiro-ministro, de facto. Foi escolhido para que tivesse uma
atitude ou para que exercesse uma politica performativa. Porque na verdade, a
origem da nomeação tinha muita intromissão do Presidente da República, naquilo
que é o poder executivo. Ou seja, o Presidente da República pretendia e ainda
pretende, construir governos, onde ele possa exercer os seus desejos, as suas
vontades e influência extrema em tudo aquilo que são as decisões de
governação".
Silêncio ruídoso
O Presidente guineense ainda não
se pronunciou sobre o pedido da demissão apresentado por Umaro Sissoco Embaló,
numa altura em que se aguarda esta semana, a chegada a Bissau de uma delegação
da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental. A
CEDEAO deu aos líderes guineenses até 16 de janeiro para que apliquem o
"Acordo de Conacri", um instrumento elaborado por esta organização
sub-regional, para acabar com a crise na Guiné-Bissau, caso contrário, irá
sancionar os que dificultem a sua aplicação.
Que comece o jogo das cadeiras
Entretanto, o Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o mais votado nas últimas eleições
legislativas guineenses, notificou os 15 deputados dissidentes e expulsos, para
que retomem os seus lugares no partido. A confirmação da abertura para a
reintegração do também designado grupo dos 15, foi feita esta segunda-feira
(15.01), em conferência de imprensa, por João Bernardo Vieira, porta-voz do
PAIGC e Aly Hijazi, secretário nacional daquele partido.
Segundo os dois dirigentes, os 15
deputados que contestam a liderança de Domingos Simões Pereira, podem
participar no congresso ordinário do partido, que deve ter lugar entre 31 de
janeiro e 4 de fevereiro, se assim o entenderem.
Recorde-se que em nota à
imprensa, divulgada na semana passada, o grupo dos 15 deputados fez saber que
não acatará a abertura para sua reintegração no PAIGC "nos moldes em que o
processo é conduzido", que considera de "ilusório e enganador".
Fátima Tchumá Camará (Bissau) | Deutsche
Welle
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