Macau, China, 08 jan (Lusa) - O
julgamento do deputado pró-democracia de Macau Sulu Sou foi adiado por uma
semana, para dia 16 de janeiro, anunciou hoje o Tribunal Judicial de Base.
O início do julgamento estava
agendado para esta terça-feira. De acordo com a imprensa em língua portuguesa
do território, os arguidos, Sulu Sou e Scott Chiang, vão ser defendidos pelo
advogado português Jorge Menezes, que avançou com o pedido de adiamento.
Sulu Sou, que viu o mandato
suspenso a 04 de dezembro, vai ser julgado pelo crime de desobediência
qualificada, na sequência de um protesto realizado em maio de 2016.
A primeira audiência de
julgamento no Tribunal Judicial de base (TJB, primeira instância) esteve
inicialmente agendada para 28 de novembro, mas foi cancelada a pedido da
Assembleia Legislativa que pediu mais tempo para se pronunciar sobre a
suspensão do mandato do deputado. Em 04 de dezembro decidiu a favor da suspensão,
permitindo que avançasse o processo judicial.
Esta foi a primeira vez desde
1997 que o mandato de um deputado foi suspenso em Macau.
Sulu Sou, de 26 anos, o mais
jovem deputado de Macau, conquistou um assento no hemiciclo nas eleições de
setembro último por via de uma lista afiliada daquela que é a maior associação
pró-democracia do território, a Novo Macau.
Em causa no processo judicial, em
que também é arguido Scott Chiang, então presidente da Novo Macau, figura o
protesto de 15 de maio de 2016, convocado pela associação contra a controversa
atribuição, por parte da Fundação Macau, de um subsídio de 100 milhões de
reminbis (13,7 milhões de euros ao câmbio da altura) à Universidade de Jinan,
na China.
A Novo Macau entendia haver
conflito de interesses por o chefe do executivo, Fernando Chui Sai On, presidir
ao Conselho de Curadores da Fundação Macau e ser, em simultâneo,
vice-presidente do Conselho Geral da Universidade de Jinan.
Mais de 3.000 pessoas, segundo os
organizadores, e 1.100, de acordo com a polícia, saíram então à rua para pedir
a demissão do líder do Governo.
Durante a manifestação, os
participantes estiveram parados durante uns minutos na avenida onde se localiza
a sede do Governo, uma vez que a rua foi bloqueada pela polícia, em cumprimento
de uma decisão do Tribunal de Última Instância, que não permitiu que os
manifestantes seguissem pela estrada.
A polícia afirmou então que os
manifestantes se desviaram "sem dar nenhum aviso legal",
"ocuparam ilegalmente as vias públicas" e recusaram responder à ordem
de dispersão, levando à "confusão do trânsito naquela zona".
EJ (DM/ISG/FV/MP) // PJA
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