Mais de 22 mil idosos continuam à
espera dos subsídios sociais na província de Manica e muitos estão a passar
fome. Os números são do Instituto Nacional de Acção Social (INAS), que alega
não ter dinheiro para pagar.
Os idosos dizem que não recebem
subsídios deste outubro, razão pela qual estão a passar por bastantes
dificuldades no dia-a-dia. Pedem para falar sob anonimato, por medo de
represálias.
Contam que estão até a passar
fome, porque não têm dinheiro para comprar comida. "Estamos a passar mal.
Estamos a pedir ao Estado para vir falar connosco", disse um dos idosos
ouvidos pela DW África na província central de Manica.
"Queremos reclamar e eles
dizem que não podemos reclamar, porque esse dinheiro é oferecido", conta
outro idoso. "Mas esse dinheiro de três meses, há alguém que está com ele
e, se ficarmos calados, esse dinheiro não vai sair mais", diz. "Só
começarão a pagar de janeiro para a frente e nós não queremos isso. Tudo o que
tínhamos já acabou. Estamos noutro ano e já não temos nada mesmo",
lamenta.
INAS sem dinheiro
Ao todo, 22.458 idosos,
beneficiários do subsídio social básico, estão sem receber dinheiro há três
meses, de acordo com o Instituto Nacional de Acção Social (INAS). Residem
em oito distritos: Chimoio, Mossurize, Machaze, Gondola, Sussundenga, Macate,
Vanduzi e Manica.
O chefe da repartição de
planificação e estatística do INAS em Chimoio, Edmundo Alberto Semo, diz que
entende as queixas dos idosos. Mas esclarece que, devido à conjuntura económica
em Moçambique, não houve disponibilidade financeira para pagar os subsídios.
"Conseguimos fazer a cobertura dos nove meses, janeiro a setembro (2017) e
não foi possível fazer a cobertura dos meses de outubro, novembro e
dezembro", explica.
Edmundo Alberto Semo acredita que
o problema será resolvido em breve. "Logo que houver disponibilidade
orçamental, vamos pagar esses meses em atraso e, se ficar disponível em
janeiro, vamo-nos preparar para fazer esse pagamento."
Bernardo Jequete (Manica) |
Deutsche Welle
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