Todos os portugueses têm sido vítimas
da inoperância destes novos e lentos CTT. Correspondência que chega com uma
semana e mais de atraso, correspondência que nem chega, correspondência
entregue erradamente em moradas que não correspondem ao número de porta nem nome
de moradores… Uma série de peripécias que prejudica os destinatários e/ou os
que enviam a correspondência. Evidentemente que nem todos os prejudicados
reclamam – a maioria - , não constando por isso no vasto número daqueles que se
dão ao cuidado de o fazer e chegam ao conhecimento da autoridade a que chamam
Anacom. Uma Anacom mansa, já se sabe por experiência de alguns anos a assistir à
sua docilidade. Mansa… agora também. Manso o governo, que tem visto este
serviço público abandalhar-se após a privatização, após a venda de Passos
Coelho e seus vendedores do que a todos os portugueses pertencia. Os CTT foram
uma venda ao desbarato, mais uma, do governo Passos Coelho. Uma venda para uns
quantos que visam o Banco CTT e se borrifam e estrangulam o importante e imprescindível
serviço postal.
Quis o Notícias ao Minuto dar-nos
a oportunidade de abordar o ponto de situação sobre o que se passa nos CTT. Uma peça que faz parte do estilo editorial da publicação, não se devendo daqui esperar mais, curta e concisa. Outras publicações já foram e são mais exaustivas - a essas é o
que lhes pertence. Estão convidados a ler de um fôlego mais uns parágrafos da
triste novela CTT. (MM/PG)
Afinal, o que se passa com os
CTT?
Operadora de correios tem estado
sob fogo nas últimas semanas devido ao plano de reestruturação. Mas o que está
na base da polémica? O que levou à reestruturação e que metas devem cumprir os
CTT?
Desde dezembro que os CTT –
Correios de Portugal têm estado na agenda mediática devido aos resultados
financeiros fracos, o que levou a uma reestruturação da empresa. Porém, o
plano tem gerado críticas por parte dos sindicatos, trabalhadores e clientes.
Desta vez, o regulador das
telecomunicações também se fez ouvir e duplicou as exigências à
operadora de correios.
Porque que foi necessária a
reestruturação?
Na apresentação dos resultados
relativos aos primeiros nove meses do ano de 2017, os CTT registaram uma queda
de 57,6% nos lucros.
As ações também desvalorizaram no
seguimento dos resultados, uma vez que os investidores venderam as suas quotas
devido às fracas perspetivas de futuro da operadora e à diminuição do
dividendo, ou seja, do valor que é devolvido aos acionistas.
Reestruturar para poupar 45
milhões
O objetivo da operadora de
correios é poupar 45 milhões de euros, por ano, até 2020. No entanto, isto
implica uma forte diminuição de custos para melhorar a rentabilidade dos
CTT, bem como a redução de mil postos de trabalho a tempo inteiro, sendo
que 200 serão administrativos e os restantes 800 da área operacional da
empresa, segundo foi anunciado no final do ano passado.
Além disto, os salários da
administração também vão descer e não haverá prémios de gestão este ano. No
fundo, o objetivo é claro: poupar.
Trabalhadores contestam fecho de
lojas
O encerramento de 22 lojas,
proposto pelos CTT, tem sido alvo de críticas e protestos por parte da classe
trabalhadora. Antes do Natal, os trabalhadores dos CTT fizeram uma greve de
dois dias.
Os funcionários e clientes têm
pressionado, inclusive, a que as autarquias, onde se inserem as respetivas
lojas que serão encerradas, se manifestem contra a intenção da empresa.
Na quinta-feira, por exemplo, o
presidente do governo regional da Madeira afirmou que defende a reversão
da privatização dos CTT. Miguel Albuquerque considera que o fecho de
postos em locais onde eram prestados serviços a pessoas idosas é uma situação
absurda e que contribui para a desertificação.
Críticas à privatização
A privatização dos CTT rendeu aos
cofres do Estado mais de 900 milhões de euros.
Foi no final de 2013 que os CTT
entraram em bolsa e, na altura, contavam com 2.443 pontos de acesso, dos quais
623 lojas e 1.820 postos de correio. Segundo os últimos dados disponibilizados
pela empresa, em setembro do ano passado os pontos de acesso totalizavam 2.368,
dos quais 611 lojas e 1.757 postos de correio. Verifica-se por isso uma redução
dos pontos de acesso.
No entanto, quando as contas se
referem a trabalhadores a ideia é outra. No final dos primeiros nove meses do
ano passado, os CTT tinham mais 460 trabalhadores do que há quatro
anos.
Em dezembro do ano passado, os
partidos da Esquerda apresentaram quatro propostas para os correios. Três delas
diziam respeito à reversão da privatização da empresa e foram rejeitadas.
Anacom duplica exigências
No seguimento destes
acontecimentos, o regulador das telecomunicações, a Anacom, definiu novos
critérios de exigência para os serviços prestados pela empresa.
Segundo a nova regulamentação, a
partir de 1 de julho e até ao final de 2020, os CTT terão de cumprir 24
indicadores de qualidade, ao invés dos 11 anteriores. Os novos critérios exigem
que 99,9% do tráfego seja entregue no prazo máximo de três ou cinco dias úteis,
quer se trate de correio azul ou de correio normal.
Beatriz de Vasconcelos | Notícias
ao Minuto | Foto: Global Imagens
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