terça-feira, 20 de março de 2018

Novo partido angolano quer ser "solução" de inspiração alemã


Nas próximas eleições, Angola poderá ter uma nova força política. A Acção Pelo Reforço da Democratização em Angola (ARDA) está em vias de criação por Teka Ntu, que pretende implementar um "Plano Marshall angolano".

O ARDA foi fundado no início do ano na Alemanha por Teka Ntu, ex-secretário nacional das relações exteriores da Aliança Patriótica Nacional (APN), que até às últimas eleições fazia parte desta formação. O novo partido ainda vai ser registado em Angola.

Há 35 na Alemanha, Teka Ntu espera criar uma "solução angolana" para melhorar a vida dos habitantes de seu país a partir das experiências alemães, como contou em entrevista à DW África.

DW África: Quais são as experiências políticas, económicas e sociais da Alemanha que o ARDA gostaria de promover em Angola?

Teka Ntu (TN): A experiência que eu quero promover no meu país, que é Angola, é a boa lição que consegui aprender durante os 35 anos que fiquei na Alemanha. Eu quero trazer para cá, porque a população angolana precisa de melhores perspetivas para o futuro. As chances para isso são favoráveis, mas a minha ideia é que devemos criar um Plano Marshall para Angola, que deverá não apenas finalizar a arrancada, mas também estabelecer o novo tipo de cooperação económica em nível de igualdade. Os investimentos da economia privada deverão criar empregos e perspetivas em Angola e combater em longo prazo as causas do êxodo. Angola é um país com outra realidade. Devemos falar primeiro da questão da corrupção antes de entrar na parte económica. O Governo angolano deve criar um clima seguro e atraente para os investimentos. A Alemanha e os países da Europa deverão contribuir com inovações e tecnologia para que os desafios angolanos sejam transformados em chances angolanas.

DW África: São realidades muito diferentes entre os dois países, Alemanha e Angola. Como pretende replicar essas políticas que viu na Alemanha no contexto angolano?

TN: Devemos criar uma lei contra a corrupção. Se não criarmos a lei contra corrupção, a corrupção tem o poder de travar o desenvolvimento económico do nosso país.

DW África: O ARDA já está registado em Angola?

TN: Ainda não. Estou neste momento em Angola para ver como posso criar este partido, que é meu sonho. E para que no futuro possa haver votos nos angolanos que se encontram fora do nosso país. E depois da legalização do nosso partido, claro que vou criar uma ponte entre os angolanos da diáspora e os angolanos que se encontram em Angola.

DW África: O partido diz acreditar no trabalho em conjunto de todos os outros partidos em prol da população. Não acha que isso é um pouco inocente por parte do ARDA? Acha que os outros partidos angolanos estão dispostos a trabalhar juntos?

TN: Devemos mudar o nosso comportamento. O que eu priorizo é a nação. É Angola em primeiro lugar, depois as etiquetas políticas. O que eu acho é que deve haver um bom entendimento entre todas as forças políticas angolanas. Devemos lutar por uma só nação, que é Angola. Haverá um bom tempo em que o africano ou angolano vai ser convencido a trabalhar de mãos dadas.

DW África: O que diria sobre os partidos da oposição angolana?

TN: A UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola] está a tentar contribuir no que pode. Passa-se a mesma coisa com a CASA-CE [Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral]. E onde eu fiquei mais de um ano, onde eu participei das grandes atividades durante as campanhas, do que eu vi na APN [Aliança Patriótica Nacional], o tal partido está a trabalhar com boa vontade.

DW África: Acha que a participação da oposição hoje em dia é mínima?

TN: Sim, é mínima mesmo. Devemos juntar os nossos esforços a fim de conseguir conduzir uma Angola livre.

Thiago Melo | Deutsche Welle

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