De acordo com o Standard Bank, os
dois países ainda enfrentam dificuldades económicas, mas vão ter ligeira
recuperação até o ano que vem. Entretanto, serviço da dívida angolana aumentará
em relação ao ano passado.
Em Angola, o serviço da dívida
vai aumentar de 89,4% em 2017 para 116,3% das receitas de impostos este ano.
Esta é uma das conclusões da unidade de análise económica do Standard Bank, que
defende o alargamento da maturidade da dívida angolana.
"Mesmo considerando um
declínio orçamentado do défice das contas públicas para 3% este ano, de uns
estimados 5,6% em 2017, o serviço da dívida vai aumentar para 116,3% das
receitas orçamentais, quando em 2017 era de 89,4%", escrevem os analistas
do maior banco a operar em África, que reconhecem, no entanto, que o Executivo
está a par destas dificuldades e que está a tentar alargar os prazos de
pagamento da dívida, renegociando os acordos bilaterais.
A análise considera ainda que a
pressão no serviço da dívida "reflete um aumento no volume total de dívida
pública face ao PIB, que passou de 68,6% em 2017, para 70,8% em 2018",
sendo que, em percentagem do PIB, 34% é dívida contraída internamente, e 34,6%
é dívida externa.
Recuperação
Entretanto, o relatório divulgado
este domingo (03.06) pelo Standard Bank aponta sinais positivos para a economia
de Angola e Moçambique, especificamente. Segundo este documento, a economia
angolana vai crescer 1,2% este ano e 2,4% em 2019, depois de dois anos de
recessão acumulada de 5%.
"Vemos um aumento no
crescimento do PIB este ano e no príxmo, chegando a 1,2% em 2018 e 2,4% em
2019, alicerçado na melhoria dos preços do petróleo, que devem melhorar a
liquidez de moeda externa e potenciar a procura interna", pontuam os
analistas.
Sobre Moçambique, o Standard Bank
considera que a desaceleração económica do país vai ter o seu ponto mais baixo
este ano, com um crescimento de 3,5%, acelerando depois para 3,7% em 2019.
Isto "devido às esperadas decisões finais de investimento nas Área 1
e 4 dos projetos da Bacia do Rovuma, que valem respetivamente cerca de 25 e 30
mil milhões de dólares, aliviando as pressões sobre a balança de pagamento e
impulsionando a economia quando a construção da central de Gás Natural Liquida
começar".
"Prevemos uma atividade
económica abaixo do potencial, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)
talvez a bater no ponto mais baixo este ano, com um crescimento de 3,5%, o que
compara com a previsão de 5,3% do Governo, face aos 3,7% de 2017 e aos 3,8% de 2016",
lê-se no relatório.
Expetativa de crescimento
acelerado em África
As perspetivas são apresentadas
pelo Standard Bank ão ainda mais positivas quando se olha para o continente
africano como um todo. De acordocom os analistas, África vai acelerar o
crescimento económico nos próximos dois anos, beneficiando do aumento dos preços
das matérias-primas e nas "robustas" condições macroeconómicas
globais, pelo que "o crescimento dos exportadores africanos vai novamente
ganhar fôlego".
Na mais recente análise dos
mercados africanos, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os
analistas do Standard Bank não apresentam uma previsão concreta de crescimento
económico, mas escrevem que, "tal como foi evidente quando os preços das
matérias-primas desceram, especialmente entre meados de 2014 e o princípio de
2016, a recuperação do crescimento económico não será uniforme entre os países
produtores".
A subida dos preços das
matérias-primas, nomeadamente o petróleo, que tem vindo a recuperar
sustentadamente para agora estar perto dos 80 dólares por barril, não fez com
que os países africanos "embarcassem em exuberância", mantendo
previsões "bastantes conservadoras" nos seus orçamentos, diz o
Standard Bank, notando que, para além da Nigéria, o orçamento de Angola, por
exemplo, "coloca o preço do barril de petróleo nos 50 dólares".
Isto, dizem os analistas,
"deve garantir uma receita adicional se os preços do petróleo se
mantiverem consideravelmente mais altos que as assunções orçamentais, com estes
países a assegurarem excedentes orçamentais que podem aumentar as reservas em
moeda estrangeira".
Agência Lusa, tms | em Deutsche
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