sexta-feira, 8 de junho de 2018

AQUI NA TERRA ESTÃO JOGANDO FUTEBOL, PÁ… E QUE MAIS?



Cafeína do Curto com futebol. Até parece que esta modalidade tão profissional nos milhões merece mesmo toda esta atenção exagerada e doentia. Pfff. Na terra estão jogando futebol, e que mais? Então está bem, vamos lá nessa. Siga o mundial e todos os joogos do mundo de uns quantos atrás da bola, ao lado da bola, na frente da bola… Ora bolas! (CT | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Aqui na terra tão jogando futebol

Cristina Figueiredo | Expresso

"Meu caro amigo, me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta"


(Meu Caro Amigo, Chico Buarque)

Se bem me lembro a situação no Sporting fez o lead do meu último Expresso Curto, há três semanas, e à hora que escrevo é novamente forte candidato a tema do dia, já que hoje, 8 de junho, são ouvidos no Tribunal do Barreiro os quatro novo arguidos do caso das agressões a técnicos e jogadores do clube, na academia de Alcochete, a 15 de maio. Depois dos 23 detidos iniciais já há mais quatro e a lista pode não estar fechada, garante a Tribuna. Os detalhes da operação que resultou nas últiomas detenções são contados pelo Observador. Ficamos a saber, por exemplo, que a Polícia, atenciosa, esperou que Fernando Mendes acabasse de jantar antes de o enfiar num carro patrulha.

Um dos (novos) detidos é Nuno Torres o condutor do BMW que na altura dos acontecimentos deu uma cândida entrevista à SIC onde jurava que se tinha limitado à função de motorista (precisamente dos três membros da claque sportinguista agora detidos: Fernando Mendes (líder da Juve Leo), Ba Amadu e Joaquim Costa). O seu advogado contou que o seu cliente estava "muito orgulhoso" deter ido à Academia ter com os jogadores naquela tarde de 15 de maio, e reiterou que ele nada teve a ver com as agressões. Ontem, à chegada ao Tribunal do Barreiro, Nuno Torres tentou pontapearum dos jornalistas que se encontravam no local.

Para ajudar à festa (esta longe de "bonita, pá"), Mário Machado, antigo líder da Frente Nacional, apresenta hoje a sua candidaturaa líder da claque. Num dois em um que pode ser muito útil para o próprio e para o seu projeto de vida (que já conta com seis anos na prisão por posse ilegal de armas e coação) mas nada tem de agradável para o resto do país, também é hoje que apresenta o NOS (nada a ver com a operadora de telecomunicações), um novo partido nacionalista.

A novela sportinguista não fica por aqui. Luis Felipe Scolari, o brasileiro que conseguiu que um país inteiro pusesse as bandeiras nacionais à janela no Euro 2004 e levou a selecção pela primeira vez na história a uma final de um campeonato de futebol voltou aos títulos dos jornais portugueses quando se soube que Bruno de Carvalho pensou nele na hora de substituir Jorge Jesus (que esta semana trocou o clube de Alvalade por uma equipa da Arábia Saudita). "Felipão" confirmou o convite à Tribuna com esta declaração... à Scolari: “Agradeci pela lembrança mas neste momento não posso aceitar o convite”. O burro, definitivamente, não é ele.

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

Se as coisas no Sporting continuam pretas, o mesmo não se pode dizer na seleção nacional, que parte para Moscovo (onde joga, já na próxima sexta-feira, com a Espanha, no primeiro jogo da fase de grupos do Mundial) com o astral em alta depois da vitória esta noite, face à Argélia, por 3-0 (dois golos de Gonçalo Guedes e um de Bruno Fernandes). Mas depois da boa exibição da equipa nacional, o que está a "bombar" nas redes sociais é mesmo este video, publicado na página da seleção com a frase "quem sai aos seus não degenera", que mostra Cristianinho, o filho mais velho de Cristiano Ronaldo, no relvado da Luz, já depois do jogo, a... marcar um belo golo.

A 'tensão na geringonça' soma e segue - e não se prevê que haja abrandamento (pelo contrário) daqui até à aprovação do Orçamento do Estado para 2019. Depois das negociações com os professores, que marcaram e vão continuar a marcar o quotidiano. O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, em jornadas parlamentares no Alentejo, revelou a sua "crescente preocupação"com o que se lhe afigura ser a deriva do Governo socialista para a direita (a propósito, nomeadamente, das alterações ao Código do Trabalho). E o líder parlamentar, João Oliveira, sem assumir explicitamente que está com os olhos postos no Orçamento 2019, carregou nas tintas: "O que é preciso é contratar pessoal, não é respeitar as metas de Bruxelas", disse após uma visita ao hospital do litoral alentejano que o deixou "chocado". E quer o ministro no Parlamento, com urgência, para dar explicações.

Já ontem Catarina Martins também não poupou o Executivo por se ter unido aos patrões para negociar a legislação laboral e deixou o aviso: quando as alterações aprovadas na concertação social forem ao Parlamento não será com o voto do BE que passarão; ao mesmo tempo, a líder bloquista considera que seria "muito estranho" que os socialistas preferissem a direita para fazer aprovar uma matéria tão central como esta. A coisa promete.

Do outro lado do hemiciclo, Rui Rio continua na senda dos acordos de regime. Ontem, no que acabou por resultar como uma resposta ao Presidente da República (que, intervindo na Convenção Nacional de Saúde, reiterou o seu pedido para um pacto na Saúde), garantiu estar totalmente disponível para ser parceiro, do Governo ou dos demais partidos, nas grandes reformas estruturais de que o país precisa, como... na Saúde.

O setor continua, de resto, nas parangonas: o Diário de Notícias faz manchete com a notícia de que o Azerbaijão é o novo destino para os médicos portugueses - prometendo salários na ordem dos 90 mil euros por ano. Nada que espante num país que não tem vagas na especialidade para 700 dos médicos que forma todos os anos. E a Renascença dá conta de que há médicos de família em Lisboa a cumprir menos horas de trabalho do que deviam, mas a receber mais do que outros colegas que trabalham mais horas.

Marcelo Rebelo de Sousa parte hoje para os Açores, para o primeiro de três dias na ilha de S.Miguel, onde vai celebrar a primeira parte do 10 de junho (a segunda será nos EUA, no Massachusetts, onde reside uma significativa comunidade portuguesa). António Costa há-de juntar-se-lhe no domingo. Hoje, Dia Mundial dos Oceanos, tem visita marcada ao Oceanário de Lisboa pelas 16h00, depois de esta manhã ir à Feira Nacional de Agricultura, em Santarém.

Uma história triste de todos os dias com um final inesperado mas (relativamente) feliz que promete tornar-se viral ao longo do dia: um carro roubado, com pertences valiosos lá dentro, entre os quais uma cadeira de rodas e vários relatórios médicos; um apelo nas redes sociais e... o ladrão devolveu tudo (menos o carro). "Obrigado senhor ladrão", escreveu a proprietária.

O Primavera Sound 2018 começou ontem e prossegue até domingo no Porto. José Barreiro, diretor do festival (que já vai na sétima edição) deu uma entrevista à Luciana Leiderfarb, publicada ontem no Expresso Diário (só para assinantes), a quem conta que há mais de 10 mil estrangeiros por dia a viajarem até ao Porto para estarem num festival que é, no seu entender, o mais internacional de todos os que acontecem em Portugal.

Se precisar de atravessar o Tejo de transportes públicos esta tarde tenha atenção: há plenários de trabalhadores da Soflusa e da Transtejo a decorrer que poderão causar paralizações nas carreiras; um "mal menor" para os utentes pois destas reuniões poderá resultar a desconvocação das greves agendadas para 11 e 12, vésperas do feriado de Lisboa.

...E LÁ FORA

Está tudo a postos para o acontecimento do ano. E, não, não falo do Mundial de futebol na Rússia (que se inicia na quinta-feira com um desafio entre a seleção anfitriã e a da Arábia Saudita) mas da cimeira entre Donald trump e Kim Jong Un que se realiza (se nada surgir entretanto - o que não é uma impossibilidade) em Singapura na próxima terça-feira. O Washington Post explica-lhe(em inglês) tudo o que precisa de saber sobre este encontro que "is on, is off, is on again". Otimista sobre o desfecho da reunião, o presidente norte-americano até já admite uma visita em breve do líder norte-coreano aos EUA. Será o início de uma bela amizade?

Antes disso, hoje ainda, Trump viaja até ao Quebec para mais uma cimeira do G7 (Canadá, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Japão e EUA). Não se antevê o melhor dos climas para os EUA, depois da Casa Branca ter anunciado taxas aduaneiras sobre o carvão e o aço que "aborreceram" sobremaneira os seus principais parceiros... esses mesmos do G7. Como resume o New York Times: a decisão de Trump provocou "uma raiva rara e unânime" entre os aliados norte-americanos.

Entretanto, do outro lado do mundo, outros dois grandes que não fazem parte do G7 têm a sua própria cimeira: a esta hora, Vladimir Putin já terá aterrado em Pequim e estará reunido com o seu homólogo chinês, Xi Jinping. Isto numa altura em que a imprensa chinesa dá eco à tensão crescente entre Pequim e Washington a pretexto de Taiwan.

Ainda sobre os EUA, vale a pena ler este artigo de Bernie Sanders(o adversário que Hillary Clinton derrotou nas primárias presidenciais em junho de 2016) denunciando a exploração da gigante Disney sobre os seus trabalhadores. Eis um caso em que, ao contrário do que diria Eça de Queiroz, "a nudez forte da realidade" se impõe ao "manto diáfano da fantasia".

A Argentina e o FMI chegaram a acordo: a instituição financeira vai emprestar 42 mil milhões de euros no âmbito de um programa de assistência financeira ao país, por forma a "evitar nova implosão económica", na explicação do presidente argentino, Maurício Macri.

Em França, uma decisão da Assembleia Nacional promete dar que falar também por cá (e só a discussão já vale a pena): os deputados aprovaram uma lei que proíbe o uso de telemóveis nas escolas, como "medida de desintoxicação" das crianças. "Os telemóveis são um avanço tecnológico, mas não podem monopolizar as nossas vidas”, explicou o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer,

Em Espanha reúne-se hoje o primeiro "conselho de ministras e ministros" (assim mesmo, na designação oficial) presidido pelo socialista Pedro Sanchez, depois da posse, ontem. O diário espanhol online El Español resume (?) a 85 os objetivos do novo Executivo, ministério a ministério, e diz-nos que quer o PP quer o Podemos vaticinam o mesmo a Sanchez: "um calvário".

Ainda por tierras d'el rey (e, já agora, saiba que Felipe e Letizia vão ser recebidos na Casa Branca a 19 de junho): "Cristiano se va o se queda?" continua a ser pergunta sem resposta. O que é certo é que o capitão da seleção portuguesa e o Real Madrid (onde joga desde 2009) estão longe de um acordo para a renovação do contrato. Mas há-de haver nova reunião entre Jorge Mendes (empresário do jogador) e a direção do clube madrileno nos próximos dias.

AS MANCHETES DOS JORNAIS

"Estudantes já pagam 500 € por quarto" (Jornal de Notícias)
"Multas a partidos em risco de prescrever" (Público)
"Azerbaijão é o novo destino para os médicos portugueses" (Diário de Notícias)
"Quando era estudante de Medicina pensava que se tocássemos no coração o doente morria" (i)
"Combustíveis engordam lucros das bombas" (Correio da Manhã)
"Contratos verbais chegam às lojas e cafés" (Jornal de Negócios)
"Chineses querem ter 60% da EDP e prometem colocar o restante em bolsa" (Jornal Económico)
"Scolari dá nega a Bruno" (A Bola)
"Guedes à frente" (Record)
"Artilharia afinada" (O Jogo)

O QUE ANDO A OUVIR (porque a ler, desta vez, não tenho mesmo nada de novo para sugerir)

Está à venda a partir de hoje o CD duplo que colige os 28(!) concertos que António Zambujo e Miguel Araújo deram nos coliseus de Lisboa e Porto ao longo de 2016. Eu assisti a apenas um (com grande pena minha) e... amei. Permitam-me que me cite, num texto que escrevi na altura para o site do Expresso: "Dupla que, à partida, se diria improvável – um vindo do Alentejo profundo, do cante alentejano e do fado tradicional; outro nascido nos subúrbios do Porto, “caído de pequenino no caldeirão” (a expressão é dele) da música anglo-saxónica dos Beatles, dos Rolling Stones ou de Bob Dylan –, aquele mais intérprete, este sobretudo compositor, partilham (e alardeiam) o amor à música e à língua portuguesa (...). É esse chão comum, que pisam com naturalidade evidente, que os torna únicos na sua duplicidade. Muitas vezes confundidos (até porque são sensivelmente da mesma idade e ambos têm barba), brincaram com o facto: “Uma das razões porque fizemos este concerto foi para mostrar que somos duas pessoas diferentes”, garantiu Araújo. E são. Mas que bem que ficam juntos." Escusado será dizer que vou ouvir em loop.

No seu último álbum a solo, António Zambujo canta Chico Buarque. Mas é Chico que se canta a ele próprio por estes dias em Portugal. O amado bardo brasileiro (como assim, "apenas um mulato que toca boleros"?!) esteve doze anos sem atravessar o "tanto mar" que separa Portugal do país-irmão mas compensou(-nos) a longa espera com seis concertos: dois no Porto (no fim de semana passado) e quatro em Lisboa, o primeiro dos quais aconteceu esta noite. A minha colega Débora Henriques esteve lá e "canta-nos como foi". Impossível não ler o texto sem trautear as palavras. Já eu tenho bilhete para sábado, só para confirmar ao vivo e a cores que "meros lero-leros de (tal) cantor"jamais me darão (a mim e aos milhares de fãs portugueses) qualquer "dissabor".

Com banda sonora deste calibre não há dia, por mais cinzento que se afigure neste junho meteorologicamente estranho (parece que não havia primavera chuvosa assim desde 1956), que não se leve bem. Aceite a sugestão, ponha os fones e vá navegando à bolina da língua portuguesa (em diversos sotaques) pelos sites do costume. E vai ver que nem sempre "a coisa aqui está preta" (às vezes há vitórias por 3 a 0). Amanhã há Expresso nas bancas. Tenha um bom fim-de-semana.

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