Na viagem de comboio, em
pré-campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, o CDS-PP esconde a
responsabilidade que lhe cabe e insiste na privatização.
Iniciou-se ontem o périplo de
Nuno Melo, cabeça de lista do CDS-PP às eleições para o Parlamento Europeu,
acompanhado pela presidente Assunção Cristas e outros dirigentes do
partido.
O objectivo é fazer campanha
aproveitando os problemas da ferrovia e ignorando a responsabilidade que os
centristas tiveram, pelo menos, em quatro anos de governação com Passos
Coelho.
O encerramento do troço
Beja – Funcheira, no Alentejo, ou o congelamento das obras do Metro
Mondego, que acabariam por ditar o fim da linha que liga Coimbra à Lousã, são
meros exemplos do desinvestimento realizado pelo último executivo e que agora o
CDS-PP critica.
Evidenciando que «o destino
dos comboios em Portugal pode ser outro», o candidato Nuno Melo fala dos
benefícios da concessão a privados.
«Há espaços na ferrovia que podem
ser concessionados a privados, que têm projectos e que têm capital, e que podem
ajudar à modernização do material circulante e da ferrovia», admitiu esta
terça-feira perante os jornalistas.
Numa viagem na linha de Cascais,
no final de Julho, Nuno Melo admitiu que o estado da ferrovia
era «marca de uma governação falhada». A afirmação não levanta
dúvidas e poderia ser colocada no plural, se analisadas as políticas para
os caminhos-de-ferro desde a governação de Cavaco Silva, desde logo com
o famigerado Plano de Modernização dos Caminhos-de-Ferro.
Entre 1988 e 1994, o País passou de 3608 quilómetros
de rede ferroviária para 2850, com particular incidência no transporte
ferroviário regional.
A estratégia privatizadora do
governo de Passos e Portas, parcialmente travada pelo actual
Executivo, foi precedida pelo estrangulamento financeiro das empresas
do sector ferroviário.
Contrariamente ao que sucedeu com
a CP Carga, as linhas urbanas da CP e a EMEF não foram entregues a
privados mas a recuperação da capacidade de resposta das empresas tarda em
concretizar-se. À falta de pessoal soma-se a falta de material circulante,
equipamentos envelhecidos e a degradação da infra-estrutura.
AbrilAbril
Na foto: Nuno Melo, Assunção
Cristas e Pedro Mota Soares, à chegada à Estação de Coimbra-B - Créditos: Paulo
Novais / Agência Lusa
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