Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
Mário Centeno, Presidente do
Eurogrupo, desperdiçou uma oportunidade para se dedicar ao tão precioso
silêncio. Ao invés, o também ministro das Finanças português, destilou uma
assinalável multiplicidade de ideias pré-concebidas que apenas reforçam uma ideia
errada quer da Grécia que saiu do programa por défice excessivo, quer da
própria UE, designadamente do conjunto de países que integram a zona euro e que
se dedicaram não só a destruir um país, como dedicaram-se igualmente a um
infindável conjunto de exercícios de humilhação desse mesmo Estado-membro.
A celebração encabeçada por
Centeno é simplesmente ridícula. Não há nada para celebrar, antes pelo
contrário, este deveria ser um momento aproveitado para reflexão da própria UE,
isto se a ideia for ainda manter e consolidar o projecto europeu. De resto, a
própria Grécia continua a viver um verdadeiro pesadelo sem que as instituições
europeias demonstrem sequer um laivo de preocupação, apenas exercícios de
auto-indulgência que ficam sempre mal, a quem quer que seja, mas sobretudo a
quem ajudou a cavar, descaradamente, a sepultura do outro.
Paralelamente, Centeno, antes da
viragem para o Eurogrupo, sempre se manifestou contra as políticas europeias,
pejadas de uma austeridade que estranhamente tanta gente excitou, quer em
relação a Portugal, quer em relação à Grécia. Agora, presta-se a esta triste
figura. Acredito que Centeno não terá mudado de ideias, simplesmente terá
também ele sofrido um “ajustamento”.
*Ana Alexandra Gonçalves |
Triunfo da Razão
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