Uma nova ronda negocial entre os
EUA e a China, que se iniciou quarta-feira (omtem) em Washington, procura
encontrar saídas para uma guerra comercial que afeta a economia mundial
O QUE PROVOCOU A GUERRA COMERCIAL
ENTRE A CHINA E OS EUA
Os Estados Unidos queixam-se de
que a China não respeita os acordos internacionais de propriedade intelectual e
que aplicam taxas demasiado elevadas aos produtos comerciais importados dos
EUA.
Durante a campanha presidencial
de 2016, o candidato Republicano, Donald Trump, prometeu que endureceria a
posição norte-americana face ao comportamento comercial da China, dizendo que
conseguiria equilibrar a balança comercial, considerada demasiado inclinada para
o lado chinês.
Os EUA acusam ainda a China de
colocar demasiados entraves à entrada de produtos norte-americanos,
nomeadamente em setores estratégicos, como o automóvel.
RESPOSTA DA CHINA ÀS ACUSAÇÕES
DOS EUA
A China considera que as regras
comerciais a nível mundial não protegem os interesses de uma economia que tem
tido crescimentos acima de 10% anualmente e que procura agora novos mercados.
Por outro lado, a China recusa
todas as acusações de roubo de propriedade intelectual e quer maior
flexibilidade nas questões de patentes, sendo o país que apresentou maior
número de pedidos de patentes a nível mundial, em 2017.
QUE MEDIDAS TOMARAM OS EUA
Desde 2016 que os
norte-americanos têm aumentado as taxas sobre produtos oriundos da China, com
tarifas punitivas sobre mais cerca de 500 mil milhões de dólares (mais de 400
mil milhões de euros) de bens importados da China, em particular na área
tecnológica.
Para já, ficaram de fora destas
taxas adicionais produtos como telemóveis, computadores e calçado (áreas que
movimentam milhares de milhões de dólares de comércio), mas se a ronda
comercial que esta quarta-feira se inicia em Washington falar, as tarifas serão
ainda mais duras e mais abrangentes.
RESPOSTA QUE A CHINA TEM DADO
A China introduziu taxas de 25%
sobre cerca de 100 mil milhões euros de produtos oriundos dos EUA, incluindo
setores relevantes como as carnes bovina e de porco, automóveis, produtos químicos
e gás natural liquefeito.
Para já, a China deixou de fora
as tarifas adicionais sobre aeronaves norte-americanas, em grande parte
fabricadas pela Boeing Co., mas não exclui a hipótese de introduzir taxas neste
setor.
PAPEL DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO
Esta organização tem-se revelado
impotente para mediar o conflito comercial entre a China e os EUA, com os
norte-americanos a não reconhecerem competência para qualquer interferência.
Hoje, a pedido da China, a
Organização Mundial do Comércio decidiu investigar as taxas adicionais que os
EUA querem aplicar aos produtos chineses, tendo nomeado uma comissão de
disputa.
QUE IMPACTO TEM O CONFLITO NA
ECONOMIA MUNDIAL?
Os analistas do Fundo Monetário
Internacional e do Banco Mundial já alertaram para os riscos de
imprevisibilidade deste conflito comercial e dizem que se as negociações
endurecerem a economia mundial pode sofrer danos profundos e duradouros.
Logo a seguir à aplicação de
taxas adicionais, durante 2018, as bolsas de Nova Iorque e de Xangai sofreram
importantes quedas, terminando o ano com um comportamento negativo.
POSSÍVEIS VANTAGENS PARA A EUROPA
Os analistas dizem que perante a
estratégia de internacionalização da economia chinesa e com as limitações nos
canais comerciais entre a China e os EUA, a Europa pode passar a ser um mercado
preferencial para as empresas chinesas.
A dúvida, contudo, está em saber
se a Comissão Europeia irá alinhar com as medidas protecionistas dos EUA,
perante a China, ou se pretende manter uma política neutral, permitindo um
estreitar de relações entre os mercados europeu e chinês.
Visão | Foto: Nicolas Asfouri / Getty
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