Ex-ministro dos Transportes
Augusto da Silva Tomás encontra-se detido desde setembro
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Apenas um antigo ministro do
governo de Eduardo dos Santos, Augusto Tomás, está detido e aguarda
julgamento. Ex-governante é acusado de desvio de dinheiro. Analistas consideram
"estranha e seletiva" a atuação da justiça.
Augusto Tomás já foi formalmente
acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no caso que que envolve o
Conselho Nacional de Carregadores. O ex-ministro dos Transportes vai
responder em tribunal pelos crimes de peculato na forma continuada, associação
criminosa, branqueamento de capitais e abuso de poder na forma continuada, entre
outros.
O analista político
angolano Augusto Báfuabáfua estranha o facto de apenas um
ex-governante estar indiciado quando é de domínio público que o
país tem os cofres vazios. "É incrível como é que num país onde
houve um desmesurado peculato, houve um desvio enorme não
de dezenas, mas de centenas de milhões de dólares, para não dizer
de biliões, e só o ministro é que é indiciado. É estranho",
sublinha em entrevista à DW.
E os outros suspeitos de
corrupção?
Augusto
Báfuabáfua esperava também que os antigos embaixadores, governadores
provinciais e vice-ministros na governação do ex-Presidente José Eduardo dos
Santos suspeitos de atos de corrupção fossem indiciados. "O que se
esperava é que essa altura tinha de haver dezenas para não dizer centenas de
cidadãos que hoje são detentores de grandes volumes de riqueza, mas a justiça
não se fez sentir", critica.
Questionado sobre se a justiça
angolana estará a agir de forma parcial, o analista não duvida que está a ser
"seletiva". Por isso, de uma coisa tem a certeza: Augusto Tomás vai
ser condenado pelos crimes que pesam sobre si. "Neste caso, Augusto da
Silva Tomás foi a pessoa visada pelo que se alega há
mais probabilidade de ser condenado do que não. O que lamento é que seja o
único, esperava por muitos mais", diz.
Em entrevista à DW África, o
ativista cívico Benedito Jeremias "Dito Dali" também
defende a condenação dos corruptos e
a recuperação imediata dos valores roubados. "O que importa
é que o Estado crie mecanismos e tenha poderes suficientes para
poder recuperar todo dinheiro que foi roubado e confiscar todo o
património público que essa gente surripiou do Estado,
isso é que é mais importante", sublinha.
Além de Augusto Tomás,
também aguardam julgamento José
Filomeno dos Santos "Zenú", filho do ex-Presidente da República,
e o sócio Jean-Claude
Bastos de Morais. São ambos acusados de desvio de dinheiro do Fundo
Soberano de Angola.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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