Especialistas em direitos humanos
e meio ambiente das Nações Unidas manifestam preocupação com redução da
proteção ambiental no Brasil nos últimos anos e pedem que governo garanta
segurança de barragens.
Relatores da Organização das
Nações Unidas (ONU) pediram uma “uma investigação imediata, completa e
imparcial” sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG),
apelando a autoridades brasileiras para que atuais processos de licenciamento e
inspeção de segurança sejam corrigidos de modo a evitar novos desastres.
Em comunicado divulgado nesta
quarta-feira (30/01), três especialistas em direitos humanos e meio
ambiente da ONU lembraram que a tragédia é a segunda envolvendo a mineradora
Vale em três anos e questionaram as medidas preventivas tomadas após o primeiro
acidente, em Mariana (MG).
“Instamos o governo [do Brasil] a
agir de forma decisiva em seu compromisso de fazer todo o possível para evitar
que essas tragédias se repitam e em levar os responsáveis à Justiça”, frisaram
os relatores de direitos humanos e meio ambiente da ONU Baskut Tuncak, Léo
Heller e David Boyd.
Eles também pediram que o governo
brasileiro não autorize “nenhuma nova barragem de rejeitos nem permita qualquer
atividade que possa afetar a integridade das barragens existentes, até que a
segurança esteja garantida”, manifestando preocupação com a redução da
regulação da proteção social e ambiental no Brasil nos últimos anos.
Tuncak, relator especial da ONU
sobre Toxicidades, pediu uma investigação “transparente, imparcial, rápida e
competente” sobre a toxicidade dos resíduos, com divulgação dos resultados
para o público.
Além disso, os especialistas
apontaram que a Vale deve atuar conforme sua responsabilidade para identificar,
prevenir e mitigar impactos adversos nos direitos humanos e compensar danos
causados.
A avalanche de lama liberada após
o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão na última
sexta-feira deixou ao menos 84 mortos e 276 desaparecidos. Desde 1988, a mina foi alvo de pelo
menos cinco multas ambientais.
Em resposta à tragédia, a Vale
anunciou na terça-feira que vai eliminar
dez barragens semelhantes às que romperam em Brumadinho e em Mariana,
todas nos arredores de Belo Horizonte (MG). A mineradora também prometeu uma
doação emergencial de 100 mil reais para a família de cada uma das vítimas do
desastre.
Em 2015, o rompimento da barragem
do Fundão, em Mariana, deixou 19 mortos e provocou o despejo de mais de 60
milhões de metros cúbicos de rejeito de minério, o que afetou rios e mata em Minas Gerais e
Espírito Santo. A Samarco, mineradora responsável pela barragem, é controlada pela
Vale S/A e pelo grupo anglo-australiano BHP Billiton.
A Samarco ainda não pagou a
multa ambiental imposta pelo Ibama e o processo envolvendo executivos da
empresa, da Vale e da BHP Billiton ainda não tem data para julgamento.
Deutsche Welle | em Pátria Latina
Na foto: Ponte destruída por avalanche
de lama depois do colapso da barragem em Brumadinho
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