Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
Na verdade é precisamente isso
que temos vindo a fazer e, no pior dos cenários - naqueles em que é
particularmente difícil escamotear - alegamos, de forma invariavelmente
condescendente, que o nosso racismo não é tão mau quanto o dos outros e que se
calhar, bem vistas as coisas, nem é bem racismo, são ideias pré-concebidas,
eventualmente mal concebidas.
O problema ocorrido no Bairro da
Jamaica (conjunto de prédios em alvenaria promovido a bairro) foi o suficiente
para levantar a questão do racismo e do incómodo que o assunto traz para aquele
pano de fundo de que tanto gostamos e que apelidamos de "brandos costumes".
Deste modo subsiste uma divisão
que começa a ser cada vez mais notória entre aqueles que consideram que o
racismo deve ser amplamente discutido e outros que, em nome de um argumento que
postula que a mera associação de determinadas situações à palavra racismo
fortalecerá movimentos de extrema-direita.
Bom, não será necessária uma
análise particularmente exaustiva da História para se perceber que o silêncio e
o subsequente gesto de empurrar o problema para debaixo do tapete nunca
resolveu o que quer que seja, bem pelo contrário - permitiu que o pior viesse
mesmo a acontecer.
Por conseguinte, e mais que não
seja por esta razão que a História não nos fará esquecer, fingir que o racismo
não existe nem sequer pode ser considerada opção, seja em nome do que for.
*Ana Alexandra Gonçalves |
Triunfo da Razão
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