Manuel Molinos * |
Jornal de Notícias | opinião
O facto de apenas admitir que uma
mulher pudesse ser deixada no chão a receber medicação num qualquer hospital
não é só desconsiderar o trabalho de todos os profissionais portugueses de
saúde, como é insultá-los. E não merecem.
Podemos não ser o melhor país do
Mundo, mas temos a certeza absoluta que não somos o pior. Muito menos no que
diz respeito à humanização de quem cuida de todos nós nos maus momentos.
A tentação de comentar e
partilhar tudo na Internet, e de insultar tudo e todos sem reserva, irá
perdurar enquanto continuarmos a alimentar esta espécie de justiceiros sem
rosto e escrúpulos do século XXI.
A série de injúrias ao Sistema
Nacional de Saúde, aos médicos, aos enfermeiros e aos auxiliares, que se
disseminaram pelas redes sociais com a rapidez de um tsunami destruidor, depois
da publicação da foto de uma mulher deitada no chão da urgência do Hospital de
Faro, é reveladora desta doença coletiva.
Se a imagem não era exatamente o que parecia, se era verdadeira ou falsa, pouco ou nada interessou. Pouco ou nada interessou se a mulher decidiu deitar-se no chão, mesmo havendo macas e cadeiras disponíveis, para pressionar o atendimento e, dessa forma, prejudicar outros doentes.
Se a imagem não era exatamente o que parecia, se era verdadeira ou falsa, pouco ou nada interessou. Pouco ou nada interessou se a mulher decidiu deitar-se no chão, mesmo havendo macas e cadeiras disponíveis, para pressionar o atendimento e, dessa forma, prejudicar outros doentes.
Há uma série de associações e
entidades de suposta defesa de tudo e mais alguma coisa que proliferam no
ambiente digital sem assumirem responsabilidades sobre aquilo que publicam e
partilham. Como foi o caso. E na agenda política não se vislumbra, da Esquerda
à Direta, uma única ideia para acabar com esta anarquia.
Sabemos que o setor da saúde em
Portugal atravessa graves problemas. Conhecemos a realidade das urgências e das
listas de espera. Mas também conhecemos a crescente desvalorização do
profissional de saúde por parte de sucessivos governos.
Eles, os profissionais de saúde,
merecem mais elogios. Como merecem os nossos professores, os nossos polícias, e
tantas outras classes profissionais expostas a tudo e maltratados por tantos.
*Diretor-adjunto
Desmentido em JN
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