quinta-feira, 28 de março de 2019

Brasil | Três meses depois da posse há um vazio completo na República


Pauta político-institucional esvaziada, “zum zum zum” crônico e “bateção de cabeça” marcam os 1ºs 3 meses de governo. Não há 1 semana em que o presidente não esteja envolvido numa crise ou cometa alguma gafe que atrapalhe as articulações do Planalto, seja no Congresso, seja na sociedade.

Marcos Verlaine, São Paulo | Correio do Brasil | opinião

O ano político começou entre os dias 1º e 2 de fevereiro, com a posse dos deputados federais e senadores e a abertura dos trabalhos no Poder Legislativo, portanto, há 2 meses. Bolsonaro tomou posse no dia 1º de janeiro. Vai completar 3 meses de mandato. Desde a redemocratização não se via tanta confusão na república, em início de novo mandato presidencial.

Da posse do presidente da República até aqui não houve 1 semana em que alguma crise não tenha sido desencadeada pelo presidente ou alguém do seu micro entorno.

O economista-deus está morto


Há algo essencial na celeuma despertada pelos artigos de André Lara Rezende. Uma ideia básica do neoliberalismo entrou em crise: não estamos condenados a submeter as decisões políticas à lógica gélida dos mercados

Felipe Calabrez | Outras Palavras

Semana retrasada um artigo de André Lara Resende no Valor Econômico deu o que falar entre os economistas. No artigo, Lara Resende, um dos artífices do Plano Real, que passou pela Presidência do Banco Central no Governo FHC e integra o mundo das finanças privadas, vaticina uma crise terminal da teoria macroeconômica dominante.

Não é a primeira vez que o autor ataca o pensamento econômico dominante no Brasil e propagado por seus colegas da ortodoxia. No início de 2017, no mesmo Valor, Resende colocou em questão os fundamentos da teoria monetária que orientam as decisões do Banco Central. (Comentei o episódio aqui). A conclusão era de que os altos juros praticados no Brasil nas últimas décadas não possuíam sustentação teórica alguma. O efeito dessas políticas, no entanto, em termos distributivos e de baixo crescimento, são reais.

Dessa vez o economista foi ainda mais longe. Se naquele momento sua crítica foi centrada na teoria monetária, agora o alvo foi também a teoria fiscal. Resgatando a teoria das finanças funcionais de Lerner, escrita na década de 1940, Resende põe em cheque a visão fiscalista que inunda diariamente os jornais e domina o debate econômico-moralista, que apregoa que o Estado, assim como a dona de casa, deve equilibrar suas finanças a qualquer custo.

Portugal | Entrevista para emprego


Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | O mundo ao contrário


Rafel Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

1. Vai por aí uma grande celeuma por causa das relações familiares entre ministros, secretários de Estado, chefes de gabinete e afins deste Governo. A indignação é incompreensível.

Como vão repetindo alguns elementos da família, julgando em causa própria - o que só revela desembaraço -, ninguém pode ser prejudicado na sua vontade de servir Portugal e os portugueses só por ser filho, pai, tio, sobrinho, primo, irmão, avô, neto, cônjuge, namorado ou amante de um outro destacado servidor público. Não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar talento. E ainda menos um bom salário, refeições pagas, telemóvel de última geração, carro e eventualmente motorista. Se resvalássemos para esse puritanismo, o país estaria, não tarda, a pôr em causa o mérito de um cartão de militante partidário, que, para além constituir um atestado de competência, é também uma certidão de saudável pertença familiar. Finalmente, cabe recordar que está matematicamente demonstrado que somos todos descendentes de D. Afonso Henriques. No fundo, somos todos primos.

Tancos | Diretor da PJM diz que há "crimes militares" que não são investigados


O diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM), Paulo Isabel, advertiu esta quarta-feira que há crimes militares relacionados com o furto de Tancos que não estão a ser investigados.

"Há crimes estritamente militares que não estão a ser investigados, ordens que não foram cumpridas. Tanto quanto eu sei não estão a ser investigados porque a única polícia que tem competência é a PJM", disse o comandante Paulo Isabel, ouvido na comissão de inquérito parlamentar ao furto de Tancos, numa audição que durou mais de três horas.

O capitão de mar-e-guerra tomou posse em 2 de outubro do ano passado, substituindo Luís Vieira, que se encontra em prisão domiciliária no âmbito da Operação Húbris, que investigou o aparecimento, em outubro de 2017, na Chamusca, do material militar furtado em Tancos cerca de quatro meses antes.

Paulo Isabel defendeu que a decisão do Ministério Público de retirar à PJM a liderança da investigação, passando-a a para a PJ civil, "foi demasiado radicalizada" porque havia uma dimensão estritamente militar a ser investigada, para além de "descobrir quem fez o furto", que era a de saber "quem é que não cumpriu as normas estabelecidas, quais os crimes militares infringidos".

Portugal | Quando os ratos começam a sair dos porões


Jorge Rocha* | opinião

À distância de alguns meses não é difícil imaginar a Noite das Facas Longas, que ocorrerá no Largo do Caldas, quando se confirmar eleitoralmente a irrelevância política do CDS para servir de instrumento eficiente às direitas ideológicas, que nele se abrigam. Se Assunção Cristas viu na desagregação do PSD a ocasião de ouro para se proclamar líder das direitas, as sondagens vão-na dissuadindo da possibilidade de chegar a tal condição, sequer por aproximação. Pouco a pouco vai mitigando a expressão desse objetivo, ciente de como ele soa ridículo a quem, de fora, vai detetando a diferença entre os seus sonhos e as incontornáveis realidades.

Nesse sentido talvez se compreenda melhor a súbita desafeição de Adolfo Mesquita Nunes do comprometimento político ativo preferindo abrigar-se na bem mais bem paga atividade profissional. Perdeu-se assim o único comentador, conotado com o CDS, que se tolerava ouvir, por usar a inteligência argumentativa em vez da habitual, e contínua, enunciação dos preconceitos dos companheiros de partido. Ele adivinhou o que significará a viragem política decorrente da derrota eleitoral no princípio do outono: muito mais à direita do que ele, e até de Cristas, os militantes alinharão facilmente com os jovens «populares», ideologicamente conotados com Nuno Melo, que não esconde a ambição de vir a substituir a atual líder, demasiado «centrista» para o seu gosto. E não se atarda a mostrar ao que virá: numa recente demonstração da sua conhecida «sofisticação intelectual» defendeu o acesso às armas por todos quantos desejem possui-las, por muito que não sejam polícias, nem militares.

Brexit | Agora que nada foi aprovado, o que se segue?


As histórias que nos contam os números das votações nas oito moções do Brexit

Oito caminhos alternativos oferecidos, oito caminhos negados. Os deputados britânicos votaram contra a revogação do Artigo 50, que anularia o Brexit, mas também votaram contra todos as opções que confirmariam o Brexit. Como se resolve isto? Os números das votações desta quarta-feira não oferecem consensos claros mas há cenários bem mais populares que outros. As moções poderão voltar a ser votadas mas quem manda no agendamento já disse que um terceiro voto ao acordo de Theresa May só acontecerá se o texto for claramente diferente daqueles que já foram rejeitados pelos Comuns.

lguns números contam histórias tão bem quanto palavras. Esta quarta-feira, a Câmara dos Comuns britânica votou oito alternativas ao acordo de Theresa May - e não houve uma maioria a favor de nenhum desses caminhos. Foram oito “votos indicativos” que deveriam ter permitido aferir as simpatias dos deputados de uma forma mais pormenorizada, mas isso também não foi conseguido. O diário “The Guardian” faz uma primeira página em que fica bem claro que, mesmo com todas estas opções à sua disposição, o consenso parece o mais raro dos bens entre os deputados. Na manchete lê-se o seguinte: “Os deputados tiveram finalmente voto na matéria: Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não.”

Mais lidas da semana