A Coordenação das Organizações
Indígenas da Bacia Amazónica (COICA), que reúne comunidades dos nove países
amazónicos, instou na terça-feira os respetivos Governos a adotarem medidas de
proteção para enfrentarem a pandemia do novo coronavírus.
Numa declaração de caráter urgente,
a COICA frisou a "dupla vulnerabilidade" dos povos
originários em questões de "exclusão e marginalização histórica",
recordando que, diante da declarada emergência de saúde, faltam
"protocolos específicos" para enfrentar a pandemia.
A organização exigiu que os
Governos dos países amazónicos "tomem medidas urgentes de proteção para
as comunidades indígenas, incluindo campanhas de informação e prevenção nos
seus próprios idiomas, assim como o fortalecimento dos sistemas públicos de saúde
que prestam serviços às comunidades".
Exigem ainda que, "de forma
pública", cada Governo dos países que compõem a bacia amazónica aceite as
suas responsabilidades para com os povos indígenas, e que os reconheçam como
"populações especialmente vulneráveis à pandemia".
A COICA reúne as
confederações e organizações de povos indígenas dos nove países da bacia
amazónica: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana,
Suriname e Guiana Francesa (território francês ultramarino).
A organização representa 511
povos indígenas e mais de 66 tribos em isolamento voluntário, que se aglomeram
em milhares de comunidades ancestrais, num território que abrange 200 milhões
de hectares daquela que é a maior floresta tropical do mundo.
Na sua declaração, a COICA pediu
também ao Alto Comissariado para os Direitos Humanos e ao Relator Especial
sobre os Direitos dos Povos Indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU)
que se pronunciasse sobre a "histórica desatenção que os povos indígenas
sofreram em relação ao acesso aos sistemas de saúde pública".
Solicitaram ainda a intervenção
das Nações Unidas e da comunidade internacional para que monitorizem a
sua particular situação, e que façam chegar às comunidades, através das
estruturas orgânicas próprias dos povos indígenas, cuidados médicos e
materiais básicos de saúde.
O novo coronavírus,
responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais
de 828 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 41 mil.
Dos casos de infeção, pelo
menos 165 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro,
o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da
Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O Brasil ultrapassou na
terça-feira a barreira dos 200 mortos pelo novo coronavírus, tendo
registado até ao momento 201 óbitos e 5.717 infetados, anunciou
o Governo brasileiro, acrescentando que foram confirmados 1.138 casos positivos
nas últimas 24 horas.
Notícias ao Minuto | Lusa
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