segunda-feira, 16 de novembro de 2020

De leste a oeste, em quinze dias

A China está retomando uma posição histórica de grande economia global. Mas é sabido que não exercerá a mesma vigilância militar que os EUA, porque os chineses não pretendem ser o «polícia do mundo».

António Abreu | AbrilAbril | opinião

No que respeita a vacinas da Covid-19, a Sinovac Biotech, chinesa, recebeu orientações do regulador brasileiro (a Anvisa) para suspender os testes por neles se ter registado um morto. Bolsonaro não perdeu a oportunidade para referir que «tinha dado mais um tiro nos chineses»...

Acontece que a morte foi um suicídio e Bolsonaro foi obrigado a encolher as unhas, a Anvisa retirou a suspensão e o governador do estado de São Paulo apaziguou-se por ir ter a vacina já apalavrada com a empresa chinesa. Por seu lado, os russos, que registaram 92% de eficácia na Sputnik-5, anunciaram ir começar a vacinar.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) insiste em que se realize uma coordenação global no combate à pandemia, que inclua a questão das vacinas mas não só. Não nos podemos esquecer, por exemplo, que no Bronx – condado muito populoso de Nova Iorque – já morreram mais pessoas do que em todo o território da China, enquanto os EUA são o país mais devastado pela doença. O Brasil, onde Bolsonaro continua a dizer que o país «não é de maricas», continua a ser o segundo país mais atingido…

À sua conta, a União Europeia (UE) já contratou com laboratórios dos EUA, Reino Unido e França mais de 1,2 mil milhões de doses para os países que a integram. Mas, no passado dia 9, a China anunciou que irá integrar o programa Covax, uma coligação que assim se reforça e que conta já com 184 países, criada para impulsionar as pesquisas e o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19.

Um dos principais objectivos do programa, coordenado pela OMS e pela Aliança das Vacinas (GAVI), é assegurar a distribuição equitativa de dois mil milhões de vacinas pelo mundo antes do final de 2021.

A ideia é evitar que os primeiros países a descobrirem a vacina fiquem com todas as doses para si,  e para países com capacidades financeiras para lhas comprarem, em vez de darem a prioridade a pessoas de alto risco no mundo inteiro. O secretário-geral da ONU, Emanuel Macron, Xi Jimping, Angela Merkl, Vladimir Putin e o próprio Papa se pronunciaram pelo acesso universal, sem custos, às vacinas e ao tratamento da doença.

Diplomatas europeus contestam colonatos e são vaiados por manifestantes

Cerca de 20 diplomatas europeus visitaram hoje um bairro em Jerusalém oriental para pedir a Israel que reconsidere o projeto de ali construir casas para colonos, o que inviabilizaria um Estado palestiniano, tendo sido recebidos por manifestantes israelitas.

"O que estamos aqui a ver é uma tentativa de anexação de facto e não pode continuar", afirmou o representante da União Europeia (UE) em Jerusalém, Sven Kühn Von Burgsdorff, durante a visita ao bairro Givat Hamatos.

A autoridade israelita que gere a propriedade de terras lançou ofertas de construção de mais de 1.200 casas, a maioria das quais residenciais, para aquela área, disse no domingo a organização Ir Amim, uma organização sem fins lucrativos que pretende tornar Jerusalém uma cidade justa e sustentável para israelitas e palestinianos.

A autorização para a construção de até 3.000 unidades habitacionais na região foi dada em fevereiro pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Hungria e Polónia vetam Orçamento da UE para 2021-2027

A Hungria e a Polónia bloquearam esta segunda-feira o orçamento da União Europeia para 2021-2027 e o fundo de recuperação para fazer frente à pandemia de Covid-19. Os dois países já tinham ameaçado com o veto depois de a UE ter decidido que as verbas apenas seriam atribuídas aos Estados membros que cumprissem com os princípios do Estado de Direito.

Embaixadores dos governos dos 27 estiveram esta segunda-feira numa reunião em Bruxelas para apoiarem o acordo alcançado com o Parlamento Europeu sobre o pacote de 1,8 milhões de euros do Orçamento da UE, mas foram travados pelos vetos da Hungria e da Polónia.

“Dois Estados-membros da União Europeia expressaram reservas”, adiantou à agência Reuters a presidência do Conselho da UE.

Budapeste e Varsóvia tinham já ameaçado com este veto por não concordarem com a decisão de Bruxelas, de apenas atribuir verbas a países que cumpram com os princípios do Estado de Direito. Tanto a Hungria como a Polónia podem, segundo os padrões da UE, não se encaixar nessa lista, por alegadas infrações dos valores defendidos pela instituição europeia.

Esta ligação entre o Estado de Direito e a atribuição de fundos europeus foi aprovada na reunião de hoje, uma vez que requeria uma maioria e conseguiu obtê-la.

O Orçamento para 2021-2027 e o fundo de recuperação para fazer frente à pandemia de Covid-19 precisavam, no entanto, do apoio unânime, que não foi alcançado.

Covid-19 Portugal | 91 mortos, 3996 novos casos, 111 internados num só dia

Recorde de 91 mortos por covid-19 e mais 111 internados num só dia

Segunda-feira mais calma em termos de novos casos de covid-19, mas com um recorde de 91 mortes anotadas nas últimas 24 horas, período em que se registaram mais 111 internamentos.

Portugal perdeu, nas últimas 24 horas, mais 91 vidas para a covid-19, o número mais elevado de mortes num só dia por causas associadas à doença provocada pelo vírus da SARS-CoV-2, superando os 82 registados a 11 de novembro e os 78 no dia seguinte.

Quase metade das vítimas mortais residia na Região Norte (RN), a mais afetada pela pandemia, que perdeu mais 44 vidas nas últimas horas, para um total de 1607 óbitos registados desde que faleceu a primeira pessoa vítima da covid-19 em terras lusas, a 16 de março.

A Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT), segunda em termos de casos e de óbitos, somou mais 33 vidas desaparecidas nas asas sombrias da covid-19, que já causou 1302 vítimas mortais na região mais povoada do país.

A Região Centro, muito fustigada pela pandemia durante a primeira vaga, volta a sofrer os efeitos da covid-19, perdendo 11 vidas elo segundo dai consecutivo. No total, são já 433 os óbitos anotados na zona central do país.

Algarve e ilhas, Madeira e Açores, não registaram novos óbitos, com o Alentejo a registar a perda de mais três vidas, para um acumulado de 79 vítimas mortais.

Há mais de três mil pessoas internadas em hospitais

O número de pessoas internadas continua a aumentar, praticamente de dia para dia em Portugal. Depois de uma quebra (menos um) no sábado, os hospitais acamaram 131 doentes no sábado e 111 até à meia-noite de domingo, quando fecham as contas do boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

No total, há, agora, 3040 pessoas internadas em ambiente hospitalar, das quais, 426 (mais 11) em unidades de cuidados intensivos.

Número de casos similar ao da segunda-feira da semana passada

Segunda-feira é, por norma, dia de parar e respirar com um pouco mais de esperança. E, hoje, não é diferente. Tal como há oito dias, os números que nos assaltam diariamente são mais brandos, num início de semana, esta como a anterior, com cerca de quatro mil casos diários de covid-19.

Esta segunda-feira, segundo dados do boletim diário da Direção-Geral da Saúde, foram notificados 3996 novas infeções de covid-19, menos 100 que as 4096 da segunda-feira passada. Numa e noutra, a região Norte notificou pouco mais de metade dos casos: 2063 hoje (51,6% no total nacional) e 2265 há oito dias (55,3% do total de então).

Números globais, a região mais setentrional do país já contabilizou 111924 infeções por SARS-CoV-2 desde o início da pandemia - 51,7% dos 217301 casos identificados no país desde 2 de março.

À segunda, como nos outros dias das últimas quatro semanas, quando a tendência se inverteu e o Norte voltou a registar mais casos, a segunda região do país mais afetada pela pandemia é mais populosa de Portugal. Esta segunda-feira, a Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT) notificou 1350 novas infeções, mantendo-se acima dos mil casos diários de covid-19 desde o dia 1 de novembro. No total, foram já infetadas quase 80 mil pessoas na zona de entorno da capital.

Os números apresentam uma constância preocupante, também, na Região Centro, que desde o dealbar de novembro se mantém com números diários de casos na ordem dos 500. Contando com o habitual abrandamento das segundas-feiras, são 462 os contabilizados até à meia-noite de domingo.

Por aí abaixo, é segunda-feira em todo o país, dia de respirar com menos pressão dos números. O Alentejo somou mais 39 casos e ultrapassou a barreira das quatro mil infeções desde o início da pandemia (4018).

No Algarve os números são um bocadinho mais "a bold", mas o resultado é o mesmo, com a barreira dos quatro mil casos a ser dobrada, para os 4010, contando com os 56 registos das últimas 24 horas.

Nas ilhas, os Açores somaram mais 16 infeções, para um acumulado de 621, enquanto na Madeira são agora 636, somadas as 10 infeções registadas até à meia-noite de domingo.

Jornal de Notícias 

A semana passada foi a pior da pandemia em novos casos e mortos em Portugal

COVID-19

Entre 9 e 15 de novembro foram reportados 37977 novos casos de covid-19 em Portugal e registaram-se 485 mortes. Em nenhum momento da primeira vaga se registaram números semelhantes aos desta semana

sta semana foram reportados 37977 novos casos de covid-19 em Portugal e registaram-se 485 mortes (entre 9 e 15 de novembro). Os valores são superiores aos da semana anterior (entre 2 e 8 de novembro), os mais altos até agora desde o início da pandemia — 34983 novos casos e 352 mortes. Em nenhum momento da primeira vaga se registaram números semelhantes.

Neste domingo, o total de novos casos voltou a ultrapassar a fasquia dos 6.000, com o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS) a registar mais 6.035 novos infetados nas últimas 24 horas — ainda assim menos 567 em relação a sábado. Em sentido contrário, lamentam-se este domingo mais mortes. São 76 óbitos (mais 21 do que no boletim anterior). O país tem agora 88.854 casos ativos, depois de somados os novos 3.410, assinalando a DGS mais 2.549 pessoas recuperadas.

Os casos confirmados, por faixa etária, somam agora:

No que toca a internamentos, uma das grandes preocupações no momento, os totais revelam a existência de 2.929 doentes em camas hospitalares (mais 131 no último dia) e 415 em unidades de cuidados intensivos (mais 2).

Em relação à distribuição geográfica dos casos, o Norte volta a surgir no topo da lista, com quase 70% dos novos casos. Foram registados mais 4.022 e 44 mortes; seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo, com 1.137 novos doentes e 19 óbitos; o Centro, mais 713 casos e 11 mortes; Alentejo, com 72 novos registos, mas sem qualquer morte nas últimas 24 horas; e o Algarve, que assinala mais 58 infetados e mais 2 mortes. Nos Açores e Madeira não se registaram mortes, mas acrescentaram-se, respetivamente, mais 26 e mais 7 doentes.

João Miguel Salvador | Expresso - ontem, 15-11-2020

Portugal | A traição de Rio

Pedro Marques Lopes | Diário de Notícias | opinião

Quando foi anunciada a conferência de imprensa de Rui Rio de segunda-feira convenci-me de que o líder do PSD aproveitaria esta oportunidade para não só negar terminantemente qualquer acordo nos Açores como também para, de uma vez por todas, acabar com a ideia de que o partido pudesse ter qualquer ligação ao Chega.

Não seria o homem que anunciou que o PSD não era um partido de direita, que o ia recentrar, que ia fazer o que nenhum político europeu da área da social-democracia fez nos últimos vinte anos, ou seja, normalizar e legitimar um partido de extrema-direita, populista, racista e xenófobo.

No entanto, foi exatamente o que Rui Rio fez. Vendeu a dignidade e a honra do partido, o património político e todos os valores que o PSD defendeu e ajudou decisivamente a implementar por um prato de lentilhas. Para tornar ainda mais absurda a sua decisão, um prato de lentilhas que acabaria por ganhar.

Mas pouco ou nada interessa a possibilidade mais próxima ou longínqua de conquistar o poder nos Açores ou no continente desta ou daquela maneira. Não estamos perante uma questão de tática política, são princípios e valores fundamentais que estão em causa. Vender a alma ao diabo não é tática que se enquadre numa estratégia de uma organização que luta pelo bem comum.

Rio disse que há apenas quatro compromissos com o Chega. Se o líder do PSD não percebe que basta um compromisso com o Chega para negar todo o património político do PSD e para mandar borda fora os princípios sociais-democratas do partido que lidera, não percebe nada. Ninguém do PSD se pode sentar com um racista, um xenófobo ou um defensor de medidas que atentam contra a dignidade humana para obter apoio para o que quer que seja.

"O PR não pode ignorar um acordo que é envenenador da democracia"

Ana Gomes comentou, este domingo, o acordo para o governação dos Açores e a postura de Marcelo Rebelo de Sousa quanto a este.

Um dos temas quentes da semana passada foi o acordo de governação nos Açores, entre PSD/CDS/PPM o Chega e a Iniciativa Liberal. Tal como seria de esperar, Ana Gomes, no seu espaço de comentário habitual de domingo, na SIC Notícias, analisou o momento político que se vive na região, com proporções para todo o país.

A candidata à Presidência da República começou por comentar a postura do atual Chefe de Estado perante tal acordo.

"Eu vi o Presidente da República dizer que esta era a única solução constitucional e também que não gostava do acordo, mas que não estava aqui para gostar ou não gostar. Ora bem, primeiro, não pode ser a única solução constitucional, aliás o que a Constituição ditaria é exatamente aquilo que fez Cavaco Silva relativamente aos resultados de 2015. Primeiro, convidou o partido mais votado. Não tendo ele conseguido a maioria parlamentar para apoiar o seu governo, convidou então o partido seguinte para formar governo. Nos Açores, houve aqui um atalho. O partido mais votado não foi convidado a tentar formar governo e a ir ao parlamento regional. Aliás é um atalho que põe em causa o que seria normal em termos regionais, mas também do ponto de vista constitucional", começou por explicar Ana Gomes, defendendo que, numa questão como estas, Marcelo Rebelo de Sousa não pode adotar uma posição neutra.

"A solução que se encontrou é, como disse Pacheco Pereira, com razão, envenenadora, para o PSD e para a democracia de Portugal e estando em causa um acordo que é envenenador da democracia o Presidente da República não pode ignorar, não pode não gostar e não fazer nada, tem de agir", atirou, acrescentando que este "atalho não respeita a Constituição", e relembrando que "a democracia tem regras" e que Marcelo não pode deixar de "assumir as suas responsabilidades".

Quanto a Rui Rio, Ana Gomes sublinha que este, "tal como muita gente no PSD" e nos "outros partidos que fizeram os acordos", tem a sua "quota-parte de responsabilidade".

Este foi o último comentário de Ana Gomes, na SIC Notícias, antes das eleições presidenciais, às quais é candidata. O anúncio foi feito nas redes sociais, antes mesmo de o programa ir para o ar, através de um tweet em que a socialista aproveitou também para lançar farpas a Marcelo Rebelo de Sousa.

"Hoje às 22h25 farei meu habitual comentário [na SIC Notícias]. Será o último antes das eleições presidenciais. Suspendo-o sem ter ainda, sequer, formalizado a minha candidatura, que já anunciei. De facto, a data das eleições ainda nem sequer foi marcada pelo Presidente da República...", escreveu Ana Gomes.

Notícias ao Minuto | Imagem: © Getty Images

Leia Também: "Redução da subsidiodependência". PSD revela acordos assinados nos Açores

IMAGEM DO DIA | Baratas Tontas nos Poderes


Situação difícil. Terrivelmente difícil... de gerir. Não obstante as medidas impostas aos portugueses para o controle do covid-19, as medidas preconizadas pela Direção Geral de Saúde, as meias-medidas, as medidas confusas, a hiperinformarão sobre o tema e a situação, o sábio que diz assim e o sábio que diz o contrário... tornam tudo ainda muito mais confuso e muitas vezes impraticável. Governo e população, outros altos responsáveis do setor de saúde comportam-se como baratas tontas e arrastam as populações a comportarem do mesmo modo. A agravar ainda mais a situação existem imensos cidadãos que se pavoneiam a exibir a sua gigantesca estupidez, não se protegendo nem se preocupando por serem responsáveis pela contaminação de outros, pelas mortes de outros que com eles convivem, que com eles se cruzam. Constata-se que na atual pandemia não faltam as baratas tontas. Nem, mais grave, também não faltam bestas que se comportam indiferentes ao mal que podem fazer a eles próprios e aos seus concidadãos... e/ou seus familiares. Resistência, unidade, convergência, consciência daquilo que estamos a fazer mal e corrigir, precisa-se.

PG

Ex-"vice" ataca acordo com Chega e quer congresso extraordinário do PSD

O antigo vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva defendeu, esta segunda-feira, um congresso extraordinário para clarificar a estratégia de "coligações e entendimentos" e atacou a "traição" aos valores do partido pela solução governativa nos Açores, com o Chega.

"Não se fazem acordos com partidos xenófobos, racistas, extremistas e populistas. Com partidos que, por ignorância ou perversidade moral, propalam propostas incompatíveis com a dignidade humana. Ponto!", escreveu o ex-ministro do Ambiente num artigo publicado no jornal "Público".

Fazer acordos com um partido como o Chega, que defende "propostas grotescas", é uma "alteração radical do posicionamento ideológico e programático" do partido que é uma "traição" aos "valores e princípios" do PSD, acrescenta.

Os valores, insistiu, do "personalismo, primado da dignidade da pessoa, igualdade de oportunidades, combate à exclusão, tolerância, garantia de integridade física e mental, e não discriminação étnica e social --- não são, de modo algum, compatíveis com quaisquer vizinhanças políticas com o Chega e com as suas grotescas propostas".

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