quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Portugal | Esperança, cautela e incerteza

Domingos De Andrade* | Jornal de Notícias

A desunião social cava-se à medida da cadência do número dos infetados e da dor do luto. A começar na política e a acabar nas políticas.

As reações dos partidos no final das audiências com o presidente da República são o sintoma mais transparente, sublinhando a divergência em relação às medidas tomadas no âmbito do estado de emergência. Mesmo dos partidos que apoiam decisões mais enérgicas, chegam críticas de incoerência na ação do Governo, e à Esquerda sobe de tom a exigência de equilibrar restrições com maiores apoios social e económico.

O Governo vai dando motivos para essas críticas, mostrando hesitações e constantes ajustamentos nas políticas que parecem indicar uma perigosa navegação à vista. Cá como em toda a Europa. Poucos dias depois de 77 concelhos entrarem no mapa de risco sujeito às restrições mais pesadas, aponta-se agora num escalonamento que poderá significar, para a maioria deles, um novo desagravamento no que diz respeito ao recolher obrigatório.

É neste clima de incerteza que hoje regressam as reuniões de especialistas no Infarmed. E que nos preparamos para mais uma maratona de encontros, anúncios e medidas, com a certeza de que o estado de emergência é para continuar, num momento em que não há sinais de desaceleração da pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde. Sem sequer podermos sossegar perante as boas notícias sobre a eficácia das vacinas, que também devem ser vistas com cautela.

Pela primeira vez, ouvimos a ministra da Saúde avançar o mês em que espera iniciar a vacinação de profissionais e grupos de risco. Multiplicam-se, ainda assim, os alertas para moderar as expectativas quanto aos efeitos da vacinação. Porque pouco se sabe sobre a estratégia e o rumo a seguir pelo Governo, ao contrário do que sucede noutros países da Europa, onde o plano foi publicamente divulgado. Mais ainda porque o processo de autorização final, distribuição, operação logística e garantia de fiabilidade do seguimento de eventuais efeitos adversos é complexo e demorará a chegar à população.

Sem esquecer outro fator que não é um pormenor: a guerra pela vacina é também uma guerra económica e política. E, mais uma vez, cava mais fundo o fosso entre países ricos e pobres.

*Diretor Geral Editorial

Covid-19 | 69 mortos e 6994 novos casos. Um hábito quotidiano do “novo normal”

Quase sete mil casos em recorde de infetados, Norte com novo máximo

Portugal regista, esta quinta-feira, mais 6994 infetados por covid-19, um novo máximo diário de casos, no dia em que soma mais 69 mortos à lista de vítimas, que vai já em 3701. Norte também bate recorde.

Depois de ter estado perto dos seis mil casos diários na quarta-feira, Portugal registou hoje 6994 casos de covid-19, elevando para 243.009 o número total de contágios, segundo o boletim epidemiológico desta quinta-feira. O valor de hoje é o mais elevado desde o início da pandemia. Recorde-se que o boletim do dia 4 de novembro apresentou 7497 novos casos, mas o número foi na altura explicado por um "atraso no reporte laboratorial", pelo que correspondia a uma acumulação de testes positivos dos dias anteriores.

Olhando para as regiões isoladamente, o Norte, agora com mais 4415 infeções (63% do total de hoje), também tem o pior registo desde março, à frente dos 4154 casos do último sábado, elevando para 124.572 o número total de casos na região. A região de Lisboa e Vale do Tejo tem mais 1542 casos (em 84.800), o Centro mais 724 (em 22.921) Alentejo mais 145 (4825) e o Algarve mais 102 (4459). No arquipélago dos Açores, há mais 40 infetados (total de 684) e a Madeira conta mais 26 (748).

Quatro vítimas tinham menos de 59 anos

Face ao boletim de ontem, há agora mais 69 vítimas mortais, elevando para 3701 o número total de óbitos por covid-19 (1897 homens e 1804 mulheres). Vinte e nove foram registadas na região Norte, 24 em Lisboa e Vale do Tejo, 12 no Centro, três no Algarve e uma no Alentejo.

Como tem vindo a ser regra, a grande maioria das vítimas (43) tinha 80 anos ou mais - 25 homens e 18 mulheres. Com 70 a 79 anos, morreram 16 pessoas (10 homens e seis mulheres), com 60 a 69 anos morreram seis pessoas (dois homens e quatro mulheres), dois homens na faixa dos 50-59 e outros dois na faixa dos 40-49. Na faixa etária do 30 aos 39 anos, morreu também um homem.

O número de doentes internados em enfermaria desce para 3017 (menos 34 do que ontem), mas, em unidades de cuidados intensivos, o número continua a engrossar: há 458 doentes (mais 26). Por outro lado, há 157.924 recuperados, mais 4222 face ao relatório anterior. Contas feitas, subtraindo ao número total de infetados o número de óbitos e recuperados, há agora 81.384 doentes ativos, mais 2703 do que ontem.

Rita Salcedas | Jornal de Notícias

Marcelo, pai do acordo dos Açores. Rui Rio é indevidamente o único saco de boxe

O Curto do Expresso de hoje tem lavra de David Dinis, de lá do burgo do tio Balsemão Impresa de Bilderberg, como bem sabem. Uma preciosidade. O texto corre como rio livre de escolhos nem quedas de água. Fácil de ler, oportuno no que recorda sobre o tema de abertura que dá título á peça jornalística, valioso nas minúcias que se deixaram de avaliar devido à torrente de diz que disse e assim e assado, frito e cozido, sobre o acordo do PSD Açores com o racista e xenófobo Chega, para não acrescentar gato escondido com rabo de fora nazi-fascista, dependente da força que lhe derem em eleições. 

Sem mais nem menos ficamos a saber que Marcelo mergulhou e empurrou o Chega Açores para os braços do seu partido, o PSD/Rio, ou vice-versa. Sendo a IL-Iniciativa Liberal como rodela de limão num gin tónico, para adicionar esbates florais que emprestam mais facilidades na ingerência. Por isso, não por acaso é o PR Marcelo Rebelo de Sousa o pai ternurento e beijoqueiro da criança-acordo. Sem rebuço por juntar o seu partido social-democrata (em título) na cama das conspicuidades políticas com o racismo e a xenofobia já sobejamente comprovada. Marcelo que, ao contrário dos pais a quem lhes nasce um filho, está calado que nem rato, sabendo-se antecipadamente que se ocupa em pensar-estudar muito bem o que dizer oportunamente (para ele) e cobrar vantagem com o seu charme populista com óbvia (para ele) explicação. Talvez até com uma selfie do momento histórico-comemorativo em que em Portugal renasce o moderno salazarismo-marcelista sob a forma de poder nos Açores. E porque não a nível nacional?

Da questão há mais a entender, não só no Curto, e vai ter de o fazer se quiser na realidade aperceber-se dos profundos meandros em que Rui Rio é indevidamente responsabilizado e o único saco de boxe de serviço. Pena que o cinismo e a sacanice seja imune e indetetável em simpáticas selfies. Então haveriam muitas para colar no álbum e isso era o relativo descrédito merecido… e decerto que justo. Demonstração do que acontece por debaixo dos panos na cama pútrida e conspícua de certas e incertas políticas.

Do assunto não adiantamos mais nada no PG, por agora. Convidamos a que visitem o texto Curto do autor. Estão no menu outros altos valores da divulgação, que nos prendem o interesse. Abençoado.

Bom dia pós almoço. Pelo menos isso. Cuidados redobrados em defesa da saúde para todos. Comporte-se como quem faz odes à vida. É importante. Avance para o que se segue. Saiba mais. Entenda mais.

MM | PG

Portugal | Acrescentar problemas aos problemas

Paula Santos | Expresso | opinião

Devido à pandemia, as micro, pequenas e médias empresas estão a atravessar um período de grandes dificuldades e os limitados apoios existentes não estão a chegar aos destinatários.

Há medidas de apoio que não estão a chegar por incumprimento do Governo, como a suspensão dos pagamentos por conta, há outras porque estão a ser colocados tantos obstáculos e dificuldades que as micro, pequenas e médicas empresas não conseguem aceder como são exemplo as linhas de crédito ou o Programa Adaptar, em que milhares de empresas ficaram de fora. E há problemas que estas medidas não cobrem e que precisam de solução como são exemplo as questões do arrendamento e o apoio à criação de um fundo de tesouraria.

À situação já extremamente difícil o Governo vem ainda acrescentar mais problemas aos problemas existentes quer com as restrições nos horários e no funcionamento, sobretudo no setor da restauração e bares, quer com a insuficiência das medidas de apoio anunciadas.

Muitas pequenas empresas no setor da restauração fizeram alterações e procuraram adaptar-se. Estão a trabalhar para manter a atividade, pelo que as restrições nos horários e no funcionamento dos estabelecimentos implementadas na sequência do estado de emergência, que mereceu a oposição do PCP, foram totalmente desproporcionadas e desajustadas.

Compreendemos o descontentamento do setor e a indignação e o protesto dos pequenos empresários da restauração e dos bares.

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