quarta-feira, 15 de março de 2023

REVOLTA DOS MARINHEIROS PORTUGUESES NO "MONDEGO"... TAL COMO OUTRAS

É do Expresso com chamada no Curto, por Vitor Matos, a referência aos marinheiros revoltados no navio de patrulha oceânica "Mondego" da Marinha portuguesa, aconteceu há dias. Foi a revolta dos marinheiros em pequena escala. Anteriormente outras ocorreram, na Marinha é assim. 

Composta por homens que não aturam eternamente as incompetências nem as faltas de segurança ditadas por superiores hierárquicos bajulantes às altas patentes com poderes decisórios. Diz-se que a revolta conduzirá a castigos e até a prisão aos marinheiros revoltados... Tal como noutras revoltas. O que prova que o tempo está a voltar para trás, para o tenebroso antigamente do salazarismo, do fascismo. Assim, lembrando outras revoltas bem maiores que "tocou" aos marinheiros como a muitos outros portugueses. Recorrendo à Wikipédia recordamos:

"Os acontecimentos ocorridos a 8 de Setembro de 1936

A sublevação foi protagonizada por centenas de marinheiros, muitos deles pertencentes à Organização Revolucionária da Armada (ORA), e foi o culminar de um intenso trabalho de agitação e manifestações de descontentamento diversas.

Os revoltosos tomaram os navios Dão, Afonso de Albuquerque e Bartolomeu Dias com o objectivo de os levar para o mar e fazer um "ultimatum" ao Governo exigindo o fim das perseguições a militares da Armada e a libertação dos presos.

O Governo teve conhecimento dos preparativos e, ao fim de algumas horas, conseguiu dominar a revolta, ordenando a intervenção da aviação contra os navios sublevados. O resultado foi a morte de 10 marinheiros, centenas de presos e a expulsão da Marinha dos elementos ligados às ideias democráticas e comunistas.

Alguns dos detidos foram os primeiros presos enviados para Colónia Penal do Tarrafal, para onde partiram a 29 de Outubro daquele ano. Com eles foram também revoltosos do Movimento de 18 de Janeiro de 1934. (Wikipedia)"

Vamos à pequena revolta, sabendo que quando o mar bate nas rochas quem se trama é o mexilhão, o povinho. Vale o tempo ler a seguir, no Curto. Bom dia e boas revoltas para a abolição das misérias lusas impingidas por políticas repletas de injustiças para a maioria dos portugueses... Basta de carneiradas. Urge enfrentar e agarrar o touro pelos cornos.

MM | PG

Revolta no “Mondego”

Vítor Matos, jornalista

Bom dia!

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Insubordinação nas Forças Armadas era uma realidade morta e afastada desde o fim do PREC. O poder político - primeiro-ministro, ministra da Defesa e Presidente da República -, deviam estar muitíssimo preocupados com o sinal que deu ao país a revolta de metade da guarnição do “Mondego”, o navio de patrulha oceânica, a operar na Madeira, onde 13 militares se recusaram navegar por acharem que não tinham condições de segurança para fazer o seguimento de um quebra-gelo russo, dadas as avarias de vários equipamentos da plataforma.

Primeiro problema, para o almirante Gouveia e Melo resolver: se os militares insubmissos tiverem mesmo razão quanto às condições de segurança do navio, qualquer punição parecerá excessiva e pode suscitar ainda mais contestação interna entre os marinheiros. Pelo contrário, a falta de punição abre a porta a mais atos de indisciplina. Do ponto de vista militar, qualquer ato de “indisciplina é inadmissível”, disse ao Expresso o almirante Macieira Fragoso, ex-chefe do Estado-Maior da Armada. O desfecho é previsível e as penas podem chegar à prisão.

Segundo problema, para o poder político: os cortes constantes nos orçamentos de operação e manutenção dos ramos das Forças Armadas levam a que os militares andem a operar equipamentos sem as reparações necessárias. Só nos últimos cinco anos, as necessidades acumuladas da Marinha para reparar os seus navios foram de €120 milhões, avançou o Expresso ontem com base num documento da Armada. A outra bomba-relógio é a falta de efetivos que afeta os três ramos e que na Marinha obriga os militares a terminarem um embarque e, em vez de descansarem com as famílias, têm de voltar a embarcar noutro navio para as missões serem cumpridas, o que vai criando uma panela de pressão. A Armada perdeu 20% dos militares na última década.

A palavra é mesmo bomba-relógio. O esforço adicional que é pedido aos militares mais operacionais com salários indignos cria este caldo. As forças de segurança ganham mal e ainda assim os militares acham que é uma carreira mais atraente e muitos preferem concorrer às polícias do que continuar na tropa.

A condição dos militares é arriscarem sempre a vida. Mas não se lhes pode pedir que arrisquem para além do máximo quando o Estado não lhes dá as condições mínimas sequer para manterem o equipamento que operam. Os quatro sargentos e as nove praças que se revoltaram são homens experientes e batidos por muito mar. Sabiam o que os esperava, e que podem desgraçar as carreiras. Não devem ter tomado uma decisão destas de ânimo leve.

Mas os poderes responsáveis por políticas de Defesa nos últimos 20 ou 30 anos também não devem ter o ânimo muito leve.

OUTRAS NOTÍCIAS

Os abusos na Igreja continuam a ser um caso longe de estar fechado. A Igreja diz-se disposta a ajudar as vítimas com “acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico, e outras formas de reparação do crime cometido”, diz a Conferência Episcopal em comunicado. Não faz, no entanto, menção a possíveis indemnizações. Ainda não tomou qualquer decisão concreta sobre o afastamento de sacerdotes suspeitos de abuso, mas o bispo auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar, garante numa entrevista hoje ao “Público” e à Renascença que Igreja afastará padres e pagará indemnizações pois não quer que “nenhuma vítima se sinta vítima outra vez”.

A conjugação da inflação com o aumento das taxas de juro fizeram este caldo indesejável para as famílias portuguesas. Hoje, no Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, a DECO lança uma lista de 18 medidas para melhorar as condições de vida dos portugueses numa altura em que cada vez mais famílias enfrentam sérias dificuldades para pagar todas as despesas básicas perante a subida contínua dos preços: passa por comunicações low-cost, um observatório de preços, ou o reembolso do passe em caso de greve.

Uma análise aos dados do consumo dos portugueses nas últimas décadas, feito pela Sónia M. Lourenço, com grafismo de Carlos Esteves, conclui que Portugal atingiu um novo recorde em 2022, quase 47% acima, em termos reais, do registado em 1995.

Em Bruxelas, abre-se uma porta para que os consumidores possam ter vários contratos de eletricidade em simultâneo, conta a nossa correspondente Susana Frexes: a Comissão Europeia propõe reformas cirúrgicas no mercado da eletricidade, em que os consumidores possam combinar tarifas fixas e variáveis. A comissária avisa que crise a energética deseja que medidas possam entrar em vigor no próximo ano.

Ainda no setor da energia a EDP gastou seis milhões de euros em atividades de “representação de interesses” no ano passado, ou seja, em lóbi: mais 20% do que o valor aplicado nesta área no ano anterior, revela o mais recente relatório e contas da elétrica portuguesa.

Na TAP, a CEO tem dez dias úteis para contestar o seu despedimento. O Governo já formalizou e comunicou à companhia aérea a intenção de afastar a presidente executiva e o presidente do conselho de administração, que agora têm até 28 de março para se pronunciar. Até lá continuam em funções.

O empresário David Neeleman propôs a Fernando Pinto comprar a TAP em 2014 e ficar com a manutenção no Brasil, segundo um email, a que o Expresso teve acesso, conta-nos a Anabela Campos. Foi o empresário norte-americano que se dirigiu ao então presidente da companhia para o informar de que a Azul estava interessada para crescer e internacionalizar-se. Propunha então avançar em duas fases e colocar a TAP em Bolsa.

A Cimeira Ibérica
entre Portugal e Espanha começou ontem, mas o programa político inicia-se hoje, nas Canárias: o encontro entre os dois governos arrancou com uma agenda prévia que incluiu a visita de António Costa e Pedro Sánchez à casa museu de José Saramago em Lanzarote, onde o Nobel da Literatura viveu a partir da década de 1990. Quatro meses depois da última cimeira, o foco é no intercâmbio cultural, na agenda da União Europeia e na estratégia transfronteiriça comum.

Artur Santos Silva, fundador do BPI, diz numa conversa com a Isabel Vicente e o Pedro Lima que o “maior problema” de Portugal “foi não haver acumulação de capital”, que “desapareceu com as nacionalizações nos anos 70 e os desequilíbrios externos do país obrigaram-nos a vender muita coisa”.

No podcast "Expresso da Manhã", o Paulo Baldaia fala com a jornalista Isabel Leiria sobre o ponto da situação na greve dos professores, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter deixado um aviso aos sindicatos: não estiquem a corda com greve às avaliações.

Na frente da guerra, continuam os combates por Bakmut onde a Ucrânia não quer ceder, com um incidente no Mar Negro: ontem, um caça russo colidiu com um drone norte-americano e o embaixador russo disse que Moscovo não quer um confronto com os EUA. Hoje, Vladimir Putin lança a suspeita de que nos gasodutos Nordstrem pode ainda haver um engenho explosivo por detonar, no dia em que recebe o Presidente sírio, Bashar al-Assad em Moscovo.

Depois de dois jogos em que chegou a ter o Inter à mão, o Porto deixou-se eliminar da Champions comum empate a zero em Milão. Nos minutos finais, o FC Porto empurrou o Inter para a baliza, enviou duas bolas aos ferros e viu outra ser sacada quase em cima da linha de golo. O cinismo dos italianos triunfou. Sérgio Conceição lamentou: “Criámos muito e não fizemos. Não passámos e merecíamos”.

Peniche forjou uma lenda?, pergunta o Diogo Pombo nesta história de Caitlin Simmers, que aos 17 anos nem força teve para levantar o troféu em Supertubos e chegou a recusar entrar no circuito.

A obra "Pessoa. Uma biografia", de Richard Zenith, foi distinguida com o Prémio António Quadros, na categoria biografia, anunciaram a Fundação António Quadros, que promove o prémio, e a editora Quetzal, que publicou o livro em Portugal.

FRASES

“Não há dúvida absolutamente nenhuma que um sacerdote que tenha sido denunciado, e sobre o qual nós tenhamos os dados mínimos, seja afastado do exercício do ministério. Não há dúvidas quanto a isso. Todos farão, e o Porto fará.”
D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, em entrevista ao “Público

“A falência do SVB, que é a segunda maior falência bancária da história dos EUA, o encerramento do Silverbank e a resolução do Signature foram provocados por dois efeitos convergentes e ambos são riscos que atingem outras instituições, isto não fica por aqui.”
Francisco Louçã, político e professor de Economia no Expresso

“Ninguém deve ter a ilusão de que consegue entender com rigor o que se passa no cérebro e no coração do Presidente da República. Sobretudo quando ele atua como o ventríloquo de Marcelo Rebelo de Sousa. Ou seja, quase sempre.”
José Miguel Júdice, no comentário da SIC

“Tenho dúvidas. Sete anos é muito ano para se poder separar uma circunstancial performance televisiva, por muito encenada que estivesse – e estava, ao milímetro –, dos sete anos que a precederam. (…) Marcelo é ele, apesar da sua circunstância.”
Maria João Avillez, no Observador

“Há um desafio na área da Saúde que tem a ver com o seguinte: temos muitos doentes sociais que precisam de altas sociais nos hospitais e que, eventualmente, em cooperação com o setor social, podem ser instalados em espaços que neste momento não estão disponíveis.”
Jorge Seguro Sanches, deputado do PS e presidente da comissão de inquérito à TAP, em entrevista ao “Diário de Noticias

O QUE ANDO A OUVIR

Pixes e The Jesus and the Mary Chain. É sempre bom regressar de onde nunca se saiu. Esta segunda-feira fui ao concerto dos Pixies no Campo Pequeno, e lá estava uma turba de meia-idade que foi ao guarda-fatos respigar as roupas pretas ou as camisas de surfista para voltar aos anos 90 e aos melhores dias da alternativa. A banda de Boston já passou por muitas vicissitudes, eu já tinha assistido a um concerto lamentável que me desencorajou de ir a outros, mas este valeu a pena. Muito: energia, músicas de todas as fases da banda, versões extraordinárias dos clássicos e depois uma cover muito punk do “Head On” dos The Jesus, que eles tocam sempre, e que levantou o público a gritar letra de cor. É claro que o Francis Black não falou com o público, que não houve encore, mas já se sabe que é mesmo assim, faz parte do charme (ao contrário) deles. O Luis Guerra, do Blitz, um veterano dos concertos de Pixes, conta como foi neste artigo, com fotos da Rita Carmo.

O QUE ANDO A LER

Um livro de leitura obrigatória para political-junkies, jornalistas de política mas não só: para aspirantes a spin-doctors - mas também para os próprios spin-doctors - público em geral que goste de saber coisas, mas especialmente políticos. Sobretudo aqueles políticos que acham que não precisam da comunicação para nada, que podem fazer tudo na base na intuição ou no palpite de dedo no ar para perceber de onde sopra o vento, ou aqueles ingénuos (ou arrogantes) que acreditam que o povo vai ouvir e confiar nas propostas deles só porque são mesmo muito boas. Tudo errado.

E o livro não é só interessante. Parte mesmo daí: de tudo o que está errado. “Como perder uma eleição” (Zigurate) do guru da comunicação política Luís Paixão Martins, conta aquilo que os políticos não devem fazer se quiserem ganhar eleições. E parte da experiência própria de três maiorias absolutas em que foi consultor: José Sócrates, em 2004, Cavaco Silva, em 2006, e António Costa, em 2022.

Não é só interessante, porque para além de bem escrito é de uma permanente ironia cortante, mas sobretudo mostra como uma boa estratégia de comunicação não garante uma vitória, embora deixe muito claro como o contrário contribui para as derrotas. Os capítulos onde Paixão Martins fala das sondagens ou quando explica que uma candidatura não pode ir contra a bolha mediática são os meus eleitos. Só peca por não nos dar mais detalhes de bastidores das campanhas ou das reações dos candidatos (ou de gente à volta) sobre as sugestões dele. Ofício oblige… Mas é uma pena, de certeza, aquilo que de certeza ficou por dizer. O melhor que levamos desta vida é o que não se pode contar…

PODCASTS A OUVIR (sugestões da equipa multimédia)

Com um anticiclone a surgir de rompante nos Açores e outro a pairar em Lisboa, o Presidente deu uma entrevista onde não poupou nem o Governo, nem o PSD de Montenegro. Nesta Comissão Política, é interpretado o pesadelo do Presidente e as saídas que verá pela frente. Marcelo já conta com o Chega no Governo? E usaria mesmo a dissolução? Ouça o episódio desta semana que conta com o comentário político do jornalista Paulo Baldaia.

Valores a subir, consumo a diminuir. Controlo de preços a caminho? Mortágua recorda a importância que teve a regulação no mercado da energia para a proteção das pessoas. Cecília não considera que seja o momento certo e critica o primeiro-ministro. O Linhas Vermelhas desta semana delimita a discussão sobre a fixação dos preços de bens essenciais. Ouça o podcast e fique a par dos obstáculos e potencialidades que esta medida apresenta.

António Raminhos já bateu muitas portas para avançar com projetos. Neste episódio de Humor à Primeira Vista, explica de que forma encontra o ‘ridículo’ na autoajuda e fala sobre os (poucos) vídeos que se arrepende de ter feito com as filhas. Ouça o podcast e descubra quais são as histórias de sucesso e fracasso do humorista.

Este Curto fica por aqui, tenha um bom resto de semana e continue a acompanhar as notícias pelo Expresso e pela Tribuna.

LER O EXPRESSO

Imagem no topo: Navio de patrulha oceânica "Mondego" da Marinha portuguesa / Marinha

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