É do Expresso com chamada no Curto, por Vitor Matos, a referência aos marinheiros revoltados no navio de patrulha oceânica "Mondego" da Marinha portuguesa, aconteceu há dias. Foi a revolta dos marinheiros em pequena escala. Anteriormente outras ocorreram, na Marinha é assim.
Composta por homens que não aturam eternamente as incompetências nem as faltas de segurança ditadas por superiores hierárquicos bajulantes às altas patentes com poderes decisórios. Diz-se que a revolta conduzirá a castigos e até a prisão aos marinheiros revoltados... Tal como noutras revoltas. O que prova que o tempo está a voltar para trás, para o tenebroso antigamente do salazarismo, do fascismo. Assim, lembrando outras revoltas bem maiores que "tocou" aos marinheiros como a muitos outros portugueses. Recorrendo à Wikipédia recordamos:
"Os acontecimentos ocorridos a 8 de Setembro de 1936
A sublevação foi protagonizada por centenas de marinheiros, muitos deles pertencentes à Organização Revolucionária da Armada (ORA), e foi o culminar de um intenso trabalho de agitação e manifestações de descontentamento diversas.
Os revoltosos tomaram os navios Dão, Afonso de Albuquerque e Bartolomeu Dias com o objectivo de os levar para o mar e fazer um "ultimatum" ao Governo exigindo o fim das perseguições a militares da Armada e a libertação dos presos.
O Governo teve conhecimento dos preparativos e, ao fim de algumas horas, conseguiu dominar a revolta, ordenando a intervenção da aviação contra os navios sublevados. O resultado foi a morte de 10 marinheiros, centenas de presos e a expulsão da Marinha dos elementos ligados às ideias democráticas e comunistas.
Alguns dos detidos foram os primeiros presos enviados para Colónia Penal do Tarrafal, para onde partiram a 29 de Outubro daquele ano. Com eles foram também revoltosos do Movimento de 18 de Janeiro de 1934. (Wikipedia)"
Vamos à pequena revolta, sabendo que quando o mar bate nas rochas quem se trama é o mexilhão, o povinho. Vale o tempo ler a seguir, no Curto. Bom dia e boas revoltas para a abolição das misérias lusas impingidas por políticas repletas de injustiças para a maioria dos portugueses... Basta de carneiradas. Urge enfrentar e agarrar o touro pelos cornos.
MM | PG
Revolta no “Mondego”
Vítor Matos, jornalista
Bom dia!
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Insubordinação nas Forças Armadas era uma realidade morta e afastada desde
o fim do PREC. O poder político - primeiro-ministro, ministra da Defesa e Presidente da República -, deviam estar muitíssimo
preocupados com o sinal que deu ao país a revolta de metade da guarnição do “Mondego”, o navio de
patrulha oceânica, a operar na Madeira, onde 13 militares se recusaram navegar
por acharem que não tinham condições de segurança para fazer o seguimento de um
quebra-gelo russo, dadas as avarias de vários equipamentos da plataforma.
Primeiro problema, para o almirante Gouveia e Melo resolver: se os militares
insubmissos tiverem mesmo razão quanto às condições de segurança do navio,
qualquer punição parecerá excessiva e pode suscitar ainda mais contestação
interna entre os marinheiros. Pelo contrário, a falta de punição abre a porta a
mais atos de indisciplina. Do ponto de vista militar, qualquer ato de
“indisciplina é inadmissível”, disse ao Expresso o almirante Macieira Fragoso,
ex-chefe do Estado-Maior da Armada. O desfecho é previsível e as penas podem chegar à
prisão.
Segundo problema, para o poder político: os cortes constantes nos
orçamentos de operação e manutenção dos ramos das Forças Armadas levam a que os
militares andem a operar equipamentos sem as reparações necessárias. Só nos
últimos cinco anos, as necessidades acumuladas da Marinha para reparar os
seus navios foram de €120 milhões, avançou o Expresso ontem com base num
documento da Armada. A outra bomba-relógio é a falta de efetivos que
afeta os três ramos e que na Marinha obriga os militares a terminarem um
embarque e, em vez de descansarem com as famílias, têm de voltar a embarcar
noutro navio para as missões serem cumpridas, o que vai criando uma panela de
pressão. A Armada perdeu 20% dos militares na última década.
A palavra é mesmo bomba-relógio. O esforço adicional que é pedido aos
militares mais operacionais com salários indignos cria este caldo. As
forças de segurança ganham mal e ainda assim os militares acham que é uma
carreira mais atraente e muitos preferem concorrer às polícias do que
continuar na tropa.
A condição dos militares é arriscarem sempre a vida. Mas não se lhes pode pedir
que arrisquem para além do máximo quando o Estado não lhes dá as condições
mínimas sequer para manterem o equipamento que operam. Os quatro sargentos e as
nove praças que se revoltaram são homens experientes e batidos por muito mar.
Sabiam o que os esperava, e que podem desgraçar as carreiras. Não devem ter
tomado uma decisão destas de ânimo leve.
Mas os poderes responsáveis por políticas de Defesa nos últimos 20 ou 30 anos
também não devem ter o ânimo muito leve.
OUTRAS NOTÍCIAS
Os abusos na Igreja continuam a ser um caso longe de estar fechado. A
Igreja diz-se disposta a ajudar as vítimas com “acompanhamento espiritual,
psicológico e psiquiátrico, e outras formas de reparação do crime cometido”, diz a Conferência Episcopal
A conjugação da inflação com o aumento das taxas de juro fizeram este caldo
indesejável para as famílias portuguesas. Hoje, no Dia Mundial dos Direitos do
Consumidor, a DECO lança uma lista de 18 medidas para melhorar as condições
de vida dos portugueses numa altura em que cada vez mais famílias
enfrentam sérias dificuldades para pagar todas as despesas básicas perante a
subida contínua dos preços: passa por comunicações low-cost, um observatório
de preços, ou o reembolso do passe em caso de greve.
Uma análise aos dados do consumo dos portugueses nas últimas décadas, feito
pela Sónia M. Lourenço, com grafismo de Carlos Esteves, conclui que Portugal atingiu um novo recorde em 2022, quase 47% acima,
em termos reais, do registado em 1995.
Em Bruxelas, abre-se uma porta para que os consumidores possam ter vários
contratos de eletricidade em simultâneo, conta a nossa correspondente Susana
Frexes: a Comissão Europeia propõe reformas cirúrgicas no
mercado da eletricidade, em que os consumidores possam combinar tarifas fixas e
variáveis. A comissária avisa que crise a energética deseja que medidas possam
entrar em vigor no próximo ano.
Ainda no setor da energia a EDP gastou seis milhões de euros em atividades
de “representação de interesses” no ano passado, ou seja, em lóbi: mais 20% do que o valor aplicado nesta área no ano
anterior, revela o mais recente relatório e contas da elétrica portuguesa.
Na TAP, a CEO tem dez dias úteis para contestar o seu despedimento. O Governo
já formalizou e comunicou à companhia aérea a intenção de afastar a presidente
executiva e o presidente do conselho de administração, que agora têm até 28 de março para se pronunciar. Até lá
continuam em funções.
O empresário David Neeleman propôs a Fernando Pinto comprar a TAP em 2014
e ficar com a manutenção no Brasil, segundo um email, a que o Expresso teve
acesso, conta-nos a Anabela Campos. Foi o empresário norte-americano que se dirigiu ao então
presidente da companhia para o informar de que a Azul estava
interessada para crescer e internacionalizar-se. Propunha então avançar em duas
fases e colocar a TAP
A Cimeira Ibérica
Artur Santos Silva, fundador do BPI, diz numa conversa com a Isabel Vicente e o
Pedro Lima que o “maior problema” de Portugal “foi não haver acumulação de
capital”, que “desapareceu com as nacionalizações nos anos 70 e os
desequilíbrios externos do país obrigaram-nos a vender muita coisa”.
No podcast "Expresso da Manhã", o Paulo Baldaia fala com a jornalista
Isabel Leiria sobre o ponto da situação na greve dos professores, depois de
Marcelo Rebelo de Sousa ter deixado um aviso aos sindicatos: não estiquem a
corda com greve às avaliações.
Na frente da guerra, continuam os combates por Bakmut onde a Ucrânia não quer
ceder, com um incidente no Mar Negro: ontem, um caça russo colidiu com um drone norte-americano e o
embaixador russo disse que Moscovo não quer um confronto com os EUA. Hoje, Vladimir Putin lança a suspeita de que nos gasodutos Nordstrem
pode ainda haver um engenho explosivo por detonar, no dia em que
recebe o Presidente sírio, Bashar al-Assad em Moscovo.
Depois de dois jogos em que chegou a ter o Inter à mão, o Porto deixou-se
eliminar da Champions comum empate a zero
Peniche forjou uma lenda?, pergunta o Diogo Pombo nesta história de Caitlin
Simmers, que aos 17 anos nem força teve para levantar o troféu em Supertubos e
chegou a recusar entrar no circuito.
A obra "Pessoa. Uma biografia", de Richard Zenith, foi distinguida com o Prémio António Quadros, na categoria
biografia, anunciaram a Fundação António Quadros, que promove o prémio, e a
editora Quetzal, que publicou o livro em Portugal.
FRASES
“Não há dúvida absolutamente nenhuma que um sacerdote que tenha sido
denunciado, e sobre o qual nós tenhamos os dados mínimos, seja afastado do
exercício do ministério. Não há dúvidas quanto a isso. Todos farão, e o Porto
fará.”
D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, em entrevista ao “Público”
“A falência do SVB, que é a segunda maior falência bancária da história dos
EUA, o encerramento do Silverbank e a resolução do Signature foram provocados
por dois efeitos convergentes e ambos são riscos que atingem outras
instituições, isto não fica por aqui.”
Francisco Louçã, político e professor de Economia no Expresso
“Ninguém deve ter a ilusão de que consegue entender com rigor o que se passa no
cérebro e no coração do Presidente da República. Sobretudo quando ele atua como
o ventríloquo de Marcelo Rebelo de Sousa. Ou seja, quase sempre.”
José Miguel Júdice, no comentário da SIC
“Tenho dúvidas. Sete anos é muito ano para se poder separar uma circunstancial
performance televisiva, por muito encenada que estivesse – e estava, ao
milímetro –, dos sete anos que a precederam. (…) Marcelo é ele, apesar da sua
circunstância.”
Maria João Avillez, no Observador
“Há um desafio na área da Saúde que tem a ver com o seguinte: temos muitos
doentes sociais que precisam de altas sociais nos hospitais e que,
eventualmente, em cooperação com o setor social, podem ser instalados em
espaços que neste momento não estão disponíveis.”
Jorge Seguro Sanches, deputado do PS e presidente da comissão de inquérito à
TAP, em entrevista ao “Diário de Noticias”
O QUE ANDO A OUVIR
Pixes e The Jesus and the Mary Chain. É sempre bom regressar de onde nunca se saiu. Esta segunda-feira fui ao concerto dos Pixies no Campo Pequeno, e lá estava uma turba de meia-idade que foi ao guarda-fatos respigar as roupas pretas ou as camisas de surfista para voltar aos anos 90 e aos melhores dias da alternativa. A banda de Boston já passou por muitas vicissitudes, eu já tinha assistido a um concerto lamentável que me desencorajou de ir a outros, mas este valeu a pena. Muito: energia, músicas de todas as fases da banda, versões extraordinárias dos clássicos e depois uma cover muito punk do “Head On” dos The Jesus, que eles tocam sempre, e que levantou o público a gritar letra de cor. É claro que o Francis Black não falou com o público, que não houve encore, mas já se sabe que é mesmo assim, faz parte do charme (ao contrário) deles. O Luis Guerra, do Blitz, um veterano dos concertos de Pixes, conta como foi neste artigo, com fotos da Rita Carmo.
O QUE ANDO A LER
Um livro de leitura obrigatória para political-junkies, jornalistas de política
mas não só: para aspirantes a spin-doctors - mas também para os
próprios spin-doctors - público em geral que goste de saber coisas,
mas especialmente políticos. Sobretudo aqueles políticos que acham que não
precisam da comunicação para nada, que podem fazer tudo na base na intuição ou
no palpite de dedo no ar para perceber de onde sopra o vento, ou aqueles
ingénuos (ou arrogantes) que acreditam que o povo vai ouvir e confiar nas
propostas deles só porque são mesmo muito boas. Tudo errado.
E o livro não é só interessante. Parte mesmo daí: de tudo o que está
errado. “Como perder uma eleição” (Zigurate) do guru da comunicação
política Luís Paixão Martins, conta aquilo que os políticos não devem fazer se quiserem
ganhar eleições. E parte da experiência própria de três maiorias absolutas em
que foi consultor: José Sócrates, em 2004, Cavaco Silva, em 2006, e António
Costa, em 2022.
Não é só interessante, porque para além de bem escrito é de uma permanente
ironia cortante, mas sobretudo mostra como uma boa estratégia de comunicação
não garante uma vitória, embora deixe muito claro como o contrário contribui
para as derrotas. Os capítulos onde Paixão Martins fala das sondagens ou
quando explica que uma candidatura não pode ir contra a bolha mediática são os
meus eleitos. Só peca por não nos dar mais detalhes de bastidores das campanhas
ou das reações dos candidatos (ou de gente à volta) sobre as sugestões dele.
Ofício oblige… Mas é uma pena, de certeza, aquilo que de certeza ficou por
dizer. O melhor que levamos desta vida é o que não se pode contar…
PODCASTS A OUVIR (sugestões da
equipa multimédia)
Com
um anticiclone a surgir de rompante nos Açores e outro a pairar em Lisboa, o
Presidente deu uma entrevista onde não poupou nem o Governo, nem o PSD de
Montenegro. Nesta Comissão Política, é interpretado o pesadelo do Presidente e as saídas que verá
pela frente. Marcelo já conta com o Chega no Governo? E usaria mesmo a
dissolução? Ouça o episódio desta semana que conta com o comentário político do
jornalista Paulo Baldaia.
Valores a subir, consumo a
diminuir. Controlo de preços a caminho? Mortágua recorda a importância que teve a regulação no
mercado da energia para a proteção das pessoas. Cecília não considera
que seja o momento certo e critica o primeiro-ministro. O Linhas Vermelhas desta
semana delimita a discussão sobre a fixação dos preços de bens essenciais. Ouça
o podcast e fique a par dos obstáculos e potencialidades que esta medida
apresenta.
António
Raminhos já bateu muitas portas para avançar com projetos. Neste episódio
de Humor à Primeira Vista, explica de que forma encontra o ‘ridículo’ na autoajuda e fala
sobre os (poucos) vídeos que se arrepende de ter feito com as filhas.
Ouça o podcast e descubra quais são as histórias de sucesso e fracasso do
humorista.
Este Curto fica por aqui, tenha um bom resto de semana e continue a acompanhar
as notícias pelo Expresso e pela Tribuna.
Imagem no topo: Navio de patrulha oceânica "Mondego" da Marinha portuguesa / Marinha
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