terça-feira, 4 de abril de 2023

Angola | O ALTO PREÇO DA PAZ – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O pesadelo da guerra terminou com a morte de Jonas Savimbi. Por isso o país inteiro faz do 4 de Abril a grande festa. Para milhões de angolanos é como se fosse o dia do seu aniversário. Ontem como hoje há entre nós uma minoria pouco esclarecida saudosa do colonialismo, que serviu convictamente, como é o caso dos dirigentes da associação de malfeitores UNITA. Tal como serviu o regime de apartheid da África do Sul e está pronta a servir tudo e todos desde que estejam contra Angola e o povo Angolano. 

Esta minoria andou anos e criar em Luanda uma bomba atómica social. Organizações terroristas internacionais como a CIA executaram o mais terrível atentado contra os Direitos Humanos. As tropas do Galo Negro tornaram a vida impossível às populações das aldeias, vilas e cidades no interior do país, durante a guerra depois das eleições de 1992. As vítimas fugiram para Luanda, onde apenas existiam estruturas (precárias) para 500 mil habitantes. Hoje a capital tem quase dez milhões. Essa é a bomba humana pronta a explodir. 

Este crime contra a Humanidade foi cometido com o apoio de uma parte significativa das elites políticas e intelectuais portuguesas. Durante décadas apoiaram os crimes da UNITA. Já a ONU tinha aprovado pesadas sanções contra a organização de Savimbi e os seus dirigentes e Portugal era um paraíso para os sancionados. A imprensa portuguesa apresentava Savimbi como um herói. 

Nunca os Media portugueses referiram que Savimbi foi um dos carcereiros de Nelson Mandela. Ou pôs as suas armas ao serviço da sangrenta guerra colonial. Os dirigentes da UNITA andaram décadas por Lisboa a traficar e tratar das suas negociatas. Nunca a Procuradoria-Geral da República Portuguesa investigou os traficantes. Muito menos os raptores e assassinos de portugueses que viviam em Angola. Os criminosos de guerra alojados na UNITA foram promovidos a seus heróis.

É conhecida a lista dos jornalistas portugueses a quem Savimbi pagava os seus serviços, com os diamantes de sangue. São uns desgraçados que não merecem mais do que esta referência. Os seus patrões também não. Alguns arranjaram parceiros angolanos para os seus negócios. Ou vieram para Angola com a missão de encher os cofres enquanto nos dão palmadinhas de falsa amizade. É o festim do costume: Servem-se dos angolanos nos seus negócios e por trás estimulam ataques violentos contra quem lhes dá a mão e oferece amizade desinteressada. Começa a cansar tanta perfídia e falta de carácter.

O dinheiro dos diamantes de sangue roubados pela UNITA em Angola ordena silêncios e cumplicidades em Portugal. Esta cobardia, em situação normal, devia merecer uma profunda indignação em Angola. Mas as elites portuguesas e a sua imprensa estão em anormalidade permanente, pelo menos desde que vivem da caridade europeia disfarçada de “fundos comunitários”. Se alguém acha que estou a recordar estes factos porque o senhor ministro Fernando Medina visitou Angola, está a pensar bem. Muito bem.

Por isso, o 4 de Abril para os criminosos de guerra da UNITA é um dia de luto. Para os seus parceiros portugueses também. Para o Povo Angolano que derrotou os colonialistas e os nazis de Pretória, com os quais a UNITA se conluiou, o Dia da Paz é a festa, o renascimento, a esperança. 

Depois de décadas de agressões armadas, os angolanos conquistaram o direito a uma vida normal. Isso tem um valor inestimável. Embora para os belicistas seja uma data para mais raiva e mais rancor. 

Já temos duas décadas de paz mas precisamos de muitas mais para construirmos uma Angola onde ninguém fique para trás. Onde todos têm o mínimo para viver com dignidade. O problema mais difícil de resolver é a bomba atómica social. As organizações internacionais terroristas, que movem os cordelinhos das marionetas da UNITA, há muito que trabalham no rastilho quer vai fazer tudo explodir. 

Adalberto Costa Júnior e seus sequazes recuaram para o conforto das mordomias de deputados e colocaram na linha da frente os Gangsta, Man Genas, Luzia Moniz, Alexandra Simeão, a Gangsta de saias. Mas também os comilões do regime que recebem mundos e fundos para publicarem as suas opiniões e falam de churrasco ou arroz com feijão. 

Neste Dia da Paz quero homenagear o Papa Francisco. É o líder mais importante do mundo. Pelo exemplo, pela palavra, pelo bom senso, pela inteligência, pelo profundo sentido de Justiça. Numa conversa com jornalistas ele falou de “Lawfare”, essa coisa sinistra que o Poder Judicial em vários países do mundo usa para intervir na política derrubando pessoas que possam fazer sombra a políticos menores e quase sempre corruptos.

O Papa Francisco falou de processos judiciais com milhares de páginas onde não existe uma única prova. As vítimas são condenadas por “convicção”. Deu como exemplos Lula da Silva e Dilma Russeff, que acaba de ser nomeada governadora do banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com sede em Xangai. Curiosamente os Media do ocidente alargado censuraram essa notícia. Adiante.

O “Lawfare” em Angola fez uma vítima que sendo filho do meu amigo Acácio Barradas é meu amigo também. Chama-se Carlos São Vicente e está preso porque existe um processo judicial com milhares de páginas, sem provas nenhumas mas muitas invenções e falsificações. Tal como aconteceu com Lula da Silva e Dilma Russeff, também em Angola o “Lawfare” que vitimou Carlos São Vicente fez caminho na comunicação social angolana. Os principais criados foram Rosado de Carvalho e Ernesto Bartolomeu. Este já tinha sido servente de Valentim Amões. Muito dinheiro a correr!

A última palavra pertence ao Tribunal Constitucional. Faço votos para que o Acórdão seja proferido com a urgência exigida às circunstâncias, já que existe um arguido preso injustamente. Quem ama a liberdade não se serve da Justiça para pender inocentes. Isso é contra a paz, contra a concórdia e a unidade nacional. E mata a democracia!

*Jornalista

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