sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Há guerra no Médio Oriente e muito mais sem-abrigos em Portugal

Miguel Cadete, diretor-adjunto | Expresso (curto)

Bom dia,

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E na manchete pode ler-se que os sem-abrigo aumentaram 78% nos últimos quatro anos. O número de pessoas que vivem na rua já ultrapassa os dez mil, usando tendas ou simplesmente pedaços de cartão, sendo em grande medida vítimas da crise da habitação, da imigração ou de certo tipo de consumos. Os números oficiais apontam para 10.773 pessoas sem-abrigo em Portugal, o que representa um aumento de 78% em quatro anos. Em 2018 eram 6044.

O crescimento, porém, pode ser ainda mais expressivo, já que a contabilidade oficial reporta a 31 de dezembro de 2022, e os últimos meses — assegura quem trabalha ou vive na rua — foram de subida exponencial. “Em Lisboa nunca se viram tantas tendas. E o fenómeno dos sem-abrigo mudou. Antes, eram essencialmente homens com problemas de saúde mental ou dependência. Agora o perfil é muito variado. E há famílias inteiras sem casa”, confirma Rita Valadas, presidente da Cáritas.

As políticas sociais falharam por completo. Basta lembrar que o objetivo traçado pelo Presidente da República, em 2019, de tirar da rua até 2023 todos os que dela quisessem sair. Atingido o prazo, não só não se acabou com o flagelo, como desde então caíram na rua mais 3666 pessoas - uma subida de 51%.

A Torre de Belém encontra-se ameaçada pelas alterações climáticas.A acelerada subida do nível médio do mar e as cada vez mais intensas e frequentes ondas de calor estão a pôr em risco um dos ícones da cidade de Lisboa, classificado como Património Mundial. Construído no século XVI, o monumento é frequentemente batido pela ondulação em dias de temporal conjugado com a maré alta e corre o risco de ficar inundado no futuro com consequências para a estrutura que sustenta este monumento, isto quando se projeta uma subida de um metro no nível médio do mar antes do final do século. Especialistas alerta para necessidade de prevenir os impactos no património cultural:

Grande destaque nesta edição para a Guerra Israel - Hamas. A explosão que se verificou há três dias no Hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza, praticamente deitou por terra todos os esforços diplomáticos que estavam a ser levados a cabo, particularmente aqueles desenvolvidos pelo Presidente dos Estados Unidos da América pois o sucedido teve lugar na véspera da sua chegada a Israel. “A vida é imprevisível, vivemos entre um momento chocante e outro ainda mais chocante. Já estive abrigada no hospital Al-Ahli com a minha família, depois no hospital Al-Shifa, e dormi na rua, como as pessoas que estavam no parque de estacionamento”, conta ao Expresso Shahd Tawfeq, palestiniana de 26 anos, formada em Comunicação Social, que tem partilhado por mensagens o seu dia a dia em fuga.

Até ao fecho desta edição nenhuma investigação independente apurou quem lançou o projétil que provocou a explosão perto do hospital. As Forças de Defesa Israelitas (IDF) dizem que um rocket da Jihad Islâmica, aliada do Hamas, se desintegrou após lançamento falhado de um cemitério perto do hospital, com o objetivo de atingir Israel. Outras análises, como a do Channel 4 britânico, dizem que o ângulo do disparo, visível num vídeo na Al Jazeera, não é consistente com a localização do cemitério.

A partir da Terra Santa, Henrique Cymerman, correspondente da SIC, reporta que a opinião pública israelita não vai perdoar a um Governo apanhado de surpresa pelo movimento terrorista palestiniano.

Também Bérnard-Henri Lévy, o filósofo e escritor francês, despachou a partir de Israel. Relata o sucedido a 7 de Outubro, quando o Hamas atacou o sul de Israel: “Na cozinha, um bolo de chocolate intacto, uma torradeira, um xarope para a tosse, um peluche, um cesto de roupa entornado... E, ao fundo de um corredor em cotovelo, a câmara forte que os assaltantes não conseguiram abrir, que eles rebentaram à granada e da qual restam fragmentos de ferragens ensanguentadas e gonzos que giram sobre si mesmos, no vazio…”

O Hamas também passou por Portugal, mais precisamente pela cidade de Aveiro. Dois marroquinos que viveram em Portugal entre 2013 e 2016 tinham em casa material de propaganda daquele grupo terrorista.

António Costa distinguiu-se nesta quarta-feira como tendo um dos líderes europeus que exigiu de forma mais veemente um cessar-fogo. Tanto na declaração conjunta dos 27 no domingo passado como nas declarações de Charles Michel no final da reunião extraordinária do Conselho Europeu na terça-feira, nunca o termo cessar-fogo foi invocado. Costa foi mais longe do que os líderes europeus nas referências à resposta de Israel, e foi inclusive mais longe do que Marcelo Rebelo de Sousa, que, por estes dias, em visita de Estado à Bélgica, tem aconselhado a algum “silêncio” e diplomacia.

“Assim Vejo a Minha Vida”, o livro de memórias de Eduardo Ferro Rodrigues, revisita momentos marcantes dos últimos 50 anos do ex-Presidente da Assembleia da República. Ferro deixa avisos para hoje e para amanhã, nomeadamente ao líder do seu partido, António Costa. Alguns excertos: “O primeiro ano de maioria absoluta do PS não é sequer comemorável”; “o que se passou com a indemnização de meio milhão a uma senhora administradora da TAP foi um escândalo”; “perante a crise deixada pela guerra e pela inflação, o Governo fez muita coisa bem, mas noutras falhou”; “não é aceitável que em vez do primeiro-ministro ter olhos nos olhos explicado aos portugueses e em especial aos pensionistas que o que estava em causa era a sustentabilidade futura, tenha jogado a carta da demagogia de aumentos irrepetíveis de pensões num só mês, como se se tratasse de um grande avanço social (a emenda foi melhor que o soneto, mas este não foi esquecido)”

A subida do Imposto Único de Circulação está causar mossa. Circula uma petição que já conta mais de 200 mil assinaturas. E não apenas entre os proprietário de automóveis mais idosos. Também no Partido Socialista se ouvem vozes discordantes que se mostram desconfortáveis com uma medida que consideram “socialmente regressiva”. Alguns deputados estão a estudar a possibilidade de levarem propostas de alteração para a discreta mesa de negociações com o Governo. A ideia é tentar mitigar a medida, que admitem que possa ter uma componente de justiça ambiental mas que acabará por cair de forma pesada na população com menos capacidade financeira.

No caderno de Economia destaque para o aumento do preço do azeite e para a onda de roubos nos olivais que lhe está associado. O elevado preço do azeite — cerca de €8,3 por quilo, contra os €5/kg registados no ano passado — poderá estar, segundo algumas fontes do sector, na base do apetite pelo roubo de azeitona na campanha que agora está a arrancar no Baixo Alentejo.. Os assaltos começaram há duas semanas e a GNR já está no terreno, mais vigilante. Os prejuízos são maiores para os pequenos produtores.

Porém, na manchete pode ler-se que o Ministério das Finanças está preocupado com a possibilidade de existirem clientes a beneficiar da bonificação dos juros no crédito à habitação sem disso precisarem.O universo de potenciais visados é limitado, mas o Governo aproveitou a mexida na legislação para apertar o cerco à eventual subdeclaração de rendimentos e de património que permita acessos indevidos ao regime.

Trocar a cidade pelo campo vale a pena. Habitação, segurança, tranquilidade e paisagens campestres. Quem faz a troca acaba por ter mais tempo disponível, recuperar o sentimento de vizinhança, ter um menor custo de vida e viver em casa própria, a um preço bem mais acessível. Uma reportagem:

Na Revista do Expresso a capa está por conta de John Le Carré. O aclamado escritor britânico faleceu em 2020 e o seu biógrafo preparou, desde então, uma nova versão do livro que já havia publicado, desta vez dando especial ênfase à vida dupla do romancista que inventava espiões. As amantes, as mulheres, as mentiras e as traições pode der uma boa forma de resumir o trabalho de Adam Sislam sobre a baixa fidelidade na vida privada de um dos mais incensados escritores da última metade do século XX.

Não perca ainda o ensaio de Henrique Raposo que poderia ser intitulado o fascismo da pós-verdade. Diz ele: a aliança entre pós-modernos, de esquerda e de direita, arrasou durante décadas a ideia de “verdade”, que é uma muralha. Aproveitando essa pós-verdade, o homem protofascista entrou na cidade indefesa. Agora resta expulsá-lo e reconstruir a muralha, recusando o relativismo da esquerda pós-moderna que só vê o “contexto” e o relativismo da direita libertária que só vê o “mercado”.

Ainda na Revista, destaque para a longa entrevista a Francisco Veloso, que agora é o director do INSEAD. Formou-se no Técnico, fez o doutoramento no MIT, deu aulas na Universidade de Carnegie Mellon e a seguir levou a Faculdade de Economia e Gestão da Católica em Lisboa a entrar no top 25 das melhores escolas de gestão da Europa. Agora foi escolhido para liderar o Instituto Europeu de Administração de Empresas (INSEAD), uma das mais reputadas business schools de todo o mundo. Uma conversa sobre educação e liderança. “Em Portugal, falta foco, prioridades e capacidade de fazer reformas"

Não perca os destaques de alguns dos nossos podcasts, escolhidos pela equipa de multimédia:

A dor continua no disco póstumo Bird Machine que continua o trabalho de Mark Linkous. O novo álbum dos Sparklehorse chega esta semana ao PBX. Ouça a crítica de Inês Meneses e Pedro Mexia sobre as gravações assombradas de toque caseiro e o lado pastoral do músico.

https://expresso.pt/podcasts/pbx/2023-10-19-Mark-Linkous-a-dor-continua-no-disco-postumo-Bird-Machine-dos-Sparklehorse-5d7fe080

​O contexto económico atual, com inflação alta, taxas de juro a subir, fez ressurgir os receios globais de uma bolha imobiliária. Em entrevista ao Expresso Imobiliário, António Ramalho, antigo presidente executivo do Novo Banco, afasta esse cenário por completo em Portugal. Ouça a entrevista.

https://expresso.pt/podcasts/expresso-imobiliario/2023-10-19-Antonio-Ramalho-E-sobretudo-quem-comprou-casa-nos-ultimos-2-ou-3-anos-que-esta-a-sofrer-as-consequencias-das-subidas-dos-juros-a9229dd4

Vale a pena ter um carro elétrico? Incentivos à compra, custo da energia, rede de carregamentos e pegada ambiental. Temas que continuam a motivar enorme discussão para ouvir neste episódio de Money Money Money, que contou com a presença de Henrique Sanchez, presidente da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos.

https://expresso.pt/podcasts/money-money-money/2023-10-18-Vale-a-pena-ter-um-carro-eletrico--48fc4f79

Tenha um bom fim de semana!

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