Miguel Cadete, diretor-adjunto | Expresso (curto)
Bom dia,
Já está nas bancas a última edição do Expresso também acessível por assinatura digital.
E na manchete pode ler-se que os sem-abrigo aumentaram 78% nos últimos quatro anos. O
número de pessoas que vivem na rua já ultrapassa os dez mil, usando tendas ou
simplesmente pedaços de cartão, sendo em grande medida vítimas da crise da
habitação, da imigração ou de certo tipo de consumos. Os números oficiais
apontam para 10.773 pessoas sem-abrigo em Portugal, o que representa um aumento
de 78% em quatro anos. Em 2018 eram 6044.
O crescimento, porém, pode ser ainda mais expressivo, já que a contabilidade
oficial reporta a 31 de dezembro de 2022, e os últimos meses — assegura quem
trabalha ou vive na rua — foram de subida exponencial. “Em Lisboa nunca se
viram tantas tendas. E o fenómeno dos sem-abrigo mudou. Antes, eram
essencialmente homens com problemas de saúde mental ou dependência. Agora o
perfil é muito variado. E há famílias inteiras sem casa”, confirma Rita
Valadas, presidente da Cáritas.
As políticas sociais falharam por completo. Basta lembrar que o objetivo
traçado pelo Presidente da República, em 2019, de tirar da rua até 2023 todos
os que dela quisessem sair. Atingido o prazo, não só não se acabou com o
flagelo, como desde então caíram na rua mais 3666 pessoas - uma subida de 51%.
A Torre de Belém encontra-se ameaçada pelas alterações
climáticas.A acelerada subida do nível médio do mar e as cada vez mais
intensas e frequentes ondas de calor estão a pôr em risco um dos ícones da
cidade de Lisboa, classificado como Património Mundial. Construído no século
XVI, o monumento é frequentemente batido pela ondulação em dias de temporal
conjugado com a maré alta e corre o risco de ficar inundado no futuro com
consequências para a estrutura que sustenta este monumento, isto quando se
projeta uma subida de um metro no nível médio do mar antes do final do século. Especialistas
alerta para necessidade de prevenir os impactos no património
cultural:
Grande destaque nesta edição para a Guerra Israel - Hamas. A explosão que se
verificou há três dias no Hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza,
praticamente deitou por terra todos os esforços diplomáticos que estavam a ser
levados a cabo, particularmente aqueles desenvolvidos pelo Presidente dos
Estados Unidos da América pois o sucedido teve lugar na véspera da sua chegada
a Israel. “A vida é imprevisível, vivemos entre um momento chocante e
outro ainda mais chocante. Já estive abrigada no hospital Al-Ahli com a minha
família, depois no hospital Al-Shifa, e dormi na rua, como as pessoas que
estavam no parque de estacionamento”, conta ao Expresso Shahd Tawfeq,
palestiniana de 26 anos, formada
Até ao fecho desta edição nenhuma investigação independente apurou quem lançou
o projétil que provocou a explosão perto do hospital. As Forças de Defesa
Israelitas (IDF) dizem que um rocket da Jihad Islâmica, aliada do Hamas, se
desintegrou após lançamento falhado de um cemitério perto do hospital, com o
objetivo de atingir Israel. Outras análises, como a do Channel 4 britânico,
dizem que o ângulo do disparo, visível num vídeo na Al Jazeera, não é
consistente com a localização do cemitério.
A partir da Terra Santa, Henrique Cymerman, correspondente da SIC, reporta que a opinião
pública israelita não vai perdoar a um Governo apanhado de surpresa pelo
movimento terrorista palestiniano.
Também Bérnard-Henri Lévy, o filósofo e escritor francês, despachou a partir de Israel. Relata o sucedido a 7 de Outubro, quando o Hamas atacou o sul de Israel: “Na cozinha, um bolo de chocolate intacto, uma torradeira, um xarope para a tosse, um peluche, um cesto de roupa entornado... E, ao fundo de um corredor em cotovelo, a câmara forte que os assaltantes não conseguiram abrir, que eles rebentaram à granada e da qual restam fragmentos de ferragens ensanguentadas e gonzos que giram sobre si mesmos, no vazio…”
O Hamas também passou por Portugal, mais precisamente pela
cidade de Aveiro. Dois marroquinos que viveram em Portugal entre 2013
e 2016 tinham em casa material de propaganda daquele grupo terrorista.
António Costa distinguiu-se nesta quarta-feira como tendo um dos
líderes europeus que exigiu de forma mais veemente um cessar-fogo. Tanto
na declaração conjunta dos 27 no domingo passado como nas declarações de
Charles Michel no final da reunião extraordinária do Conselho Europeu na
terça-feira, nunca o termo cessar-fogo foi invocado. Costa foi mais longe do
que os líderes europeus nas referências à resposta de Israel, e foi inclusive
mais longe do que Marcelo Rebelo de Sousa, que, por estes dias, em visita de
Estado à Bélgica, tem aconselhado a algum “silêncio” e diplomacia.
“Assim Vejo a Minha Vida”, o livro de memórias de Eduardo Ferro
Rodrigues, revisita momentos marcantes dos últimos 50 anos do ex-Presidente da
Assembleia da República. Ferro deixa avisos para hoje e para amanhã,
nomeadamente ao líder do seu partido, António Costa. Alguns excertos: “O
primeiro ano de maioria absoluta do PS não é sequer comemorável”; “o que se
passou com a indemnização de meio milhão a uma senhora administradora da TAP
foi um escândalo”; “perante a crise deixada pela guerra e pela inflação, o
Governo fez muita coisa bem, mas noutras falhou”; “não é aceitável que em vez
do primeiro-ministro ter olhos nos olhos explicado aos portugueses e em
especial aos pensionistas que o que estava em causa era a sustentabilidade
futura, tenha jogado a carta da demagogia de aumentos irrepetíveis de pensões
num só mês, como se se tratasse de um grande avanço social (a emenda foi melhor
que o soneto, mas este não foi esquecido)”
A subida do Imposto Único de Circulação está causar
mossa. Circula uma petição que já conta mais de 200 mil assinaturas. E
não apenas entre os proprietário de automóveis mais idosos. Também no Partido
Socialista se ouvem vozes discordantes que se mostram desconfortáveis com uma
medida que consideram “socialmente regressiva”. Alguns deputados estão a
estudar a possibilidade de levarem propostas de alteração para a discreta mesa
de negociações com o Governo. A ideia é tentar mitigar a medida, que admitem
que possa ter uma componente de justiça ambiental mas que acabará por cair de
forma pesada na população com menos capacidade financeira.
No caderno de Economia destaque
para o aumento do preço do azeite e para a onda de roubos nos
olivais que lhe está associado. O elevado preço do azeite — cerca de
€8,3 por quilo, contra os €5/kg registados no ano passado — poderá estar,
segundo algumas fontes do sector, na base do apetite pelo roubo de azeitona na
campanha que agora está a arrancar no Baixo Alentejo.. Os assaltos
começaram há duas semanas e a GNR já está no terreno, mais vigilante. Os
prejuízos são maiores para os pequenos produtores.
Porém, na manchete pode ler-se que o Ministério das Finanças está preocupado com a possibilidade de
existirem clientes a beneficiar da bonificação dos juros no crédito à habitação
sem disso precisarem.O universo de potenciais visados é limitado, mas o
Governo aproveitou a mexida na legislação para apertar o cerco à eventual
subdeclaração de rendimentos e de património que permita acessos indevidos ao
regime.
Trocar a cidade pelo campo vale a pena. Habitação,
segurança, tranquilidade e paisagens campestres. Quem faz a troca acaba por ter
mais tempo disponível, recuperar o sentimento de vizinhança, ter um menor custo
de vida e viver em casa própria, a um preço bem mais acessível. Uma reportagem:
Na Revista do Expresso a capa está por conta de John Le Carré. O aclamado
escritor britânico faleceu em 2020 e o seu biógrafo preparou, desde então, uma
nova versão do livro que já havia publicado, desta vez dando especial ênfase à
vida dupla do romancista que inventava espiões. As amantes, as mulheres, as
mentiras e as traições pode der uma boa forma de resumir o trabalho de Adam
Sislam sobre a baixa fidelidade na vida privada de um dos mais incensados
escritores da última metade do século XX.
Não perca ainda o ensaio de Henrique Raposo que poderia ser
intitulado o fascismo da pós-verdade. Diz ele: a aliança entre
pós-modernos, de esquerda e de direita, arrasou durante décadas a ideia de
“verdade”, que é uma muralha. Aproveitando essa pós-verdade, o homem
protofascista entrou na cidade indefesa. Agora resta expulsá-lo e reconstruir a
muralha, recusando o relativismo da esquerda pós-moderna que só vê o “contexto”
e o relativismo da direita libertária que só vê o “mercado”.
Ainda na Revista, destaque para a longa entrevista a Francisco Veloso, que
agora é o director do INSEAD. Formou-se no Técnico, fez o doutoramento no MIT,
deu aulas na Universidade de Carnegie Mellon e a seguir levou a Faculdade de
Economia e Gestão da Católica em Lisboa a entrar no top 25 das melhores escolas
de gestão da Europa. Agora foi escolhido para liderar o Instituto Europeu de
Administração de Empresas (INSEAD), uma das mais reputadas business schools de
todo o mundo. Uma conversa sobre educação e liderança. “Em Portugal, falta
foco, prioridades e capacidade de fazer reformas"
Não perca os destaques de alguns dos nossos podcasts, escolhidos pela equipa de multimédia:
A dor continua no disco póstumo Bird Machine que continua o trabalho de Mark Linkous. O novo álbum dos Sparklehorse chega esta semana ao PBX. Ouça a crítica de Inês Meneses e Pedro Mexia sobre as gravações assombradas de toque caseiro e o lado pastoral do músico.
O
contexto económico atual, com inflação alta, taxas de juro a subir, fez
ressurgir os receios globais de uma bolha imobiliária. Em entrevista ao Expresso
Imobiliário, António Ramalho, antigo presidente executivo do Novo Banco, afasta
esse cenário por completo
Vale a pena ter um carro elétrico? Incentivos à compra, custo da energia, rede de carregamentos e pegada ambiental. Temas que continuam a motivar enorme discussão para ouvir neste episódio de Money Money Money, que contou com a presença de Henrique Sanchez, presidente da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos.
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