quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A guerra que também apaga vidas de jornalistas e trabalhadores humanitários

Cristina Pombo, coordenadora da secção internacional | Expresso (curto)

Bom dia.

A trégua acordada pelo Hamas e Israel para permitir a libertação dos reféns presos na Faixa de Gaza deverá terminar hoje. Inicialmente prevista para durar quatro dias, foi anunciado na segunda-feira que seria estendida por mais dois, com as partes em conflito a acusarem-se mutuamente de ações de desrespeito ao cessar-fogo. Desde sexta-feira foram libertados perto de 80 reféns dos cerca de 240 que Israel diz terem sido raptados a 7 de outubro. Em contrapartida, as autoridades israelitas terão libertado, até ao momento, pelo menos 180 prisioneiros palestinianos. Dos 12 reféns que voltaram para casa esta terça-feira, dez eram mulheres entre os 17 e os 84 anos. As negociações com vista a um novo prolongamento da trégua prosseguem, e segundo noticia o jornal “Haaretz” as autoridades israelitas já possuem a lista com os nomes dos reféns que serão libertados pelo Hamas esta quarta-feira.

Em sete semanas e meia - desde 7 de outubro -, morreram perto de 15 mil pessoas no estreito retângulo de Gaza, onde vivem mais de dois milhões de palestinianos. Um número que choca, mais ainda quando o comparamos com os mortos em conflitos no Médio Oriente durante todo o ano passado: 6359.

Apesar da dificuldade em verificar os números que têm vindo a ser divulgados pelo Ministério da Saúde de Gaza, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (URNWA) garante que não andarão longe da verdade. Contas feitas pela agência da ONU apontam para uma percentagem idêntica de vítimas.

Novembro foi “o mês mais mortífero para os jornalistas” (e outros profissionais dos media) em Israel e na Palestina, desde 1992, ano em que Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) iniciou a recolha destes dados. Desde o início do conflito Israel-Hamas, pelo menos 50 profissionais de meios de Comunicação Social perderam a vida em Gaza e Israel, palestinianos na sua maioria. O cenário é igualmente atroz entre os trabalhadores humanitários das Nações Unidas: mais de uma centena tombaram desde 7 de outubro na Faixa de Gaza e a URNWA reitera que “é o maior número de trabalhadores humanitários mortos num conflito em tão pouco tempo — e é provável que o número seja ainda maior”.

No Expresso poderá acompanhar ao longo do dia o evoluir deste conflito.

OUTRAS NOTÍCIAS

OE 2024 Hoje o orçamento vai ser aprovado em votação final global no Parlamento, com aprovação garantida pela maioria socialista. Nos quatro dias de votações na especialidade, o PS só fez praticamente cedências ao PAN e ao Livre. Caso o PSD vença as eleições de março próximo, já fez saber que haverá orçamento retificativo. Siga tudo ao minuto no site do Expresso. O Presidente da República confirmou, ao final desta terça-feira, o que já tinha indicado na sua comunicação ao país: o Governo demissionário será oficializado após a aprovação final do Orçamento do Estado para 2024.

Primeiro-ministro Sondagem realizada pela Universidade Católica/PÚBLICO/RTP revela que José Luís Carneiro lidera preferências quando a pergunta é “quem preferiam para primeiro-ministro?”. Pelo caminho ficam Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro (este último a conseguir pior resultado do que outros nomes do partido, como Carlos Moedas e Pedro Passos Coelho).

Liga dos Campeões A sociedade Cancelo & Félix destrói os sonhos do FC Porto em Barcelona. Com um golo de cada um dos portugueses, os catalães bateram (2-1) os dragões, que discutirão a passagem aos oitavos-de-final da Champions na última jornada, frente ao Shakhtar. Benfica- Inter e Braga-Uion Berlin jogam esta noite, às 20h.

Guerra na Ucrânia Marianna Budanova, a mulher do chefe da ‘secreta’ militar ucraniana Kyrylo Budanov, foi envenenada e as suspeitas recaem sobre a Rússia. “Esta é a hipótese principal”, declarou um responsável das autoridades militares de Kiev. Entretanto, a Finlândia anunciou que irá encerrar a fronteira com a Rússia durante duas semanas, e Moscovo reagiu; as tropas russas avançam sobre Avdiivka por todos os lados e Stoltenberg reforçou que “é preciso manter o rumo no apoio à Ucrânia”: o Expresso continua a acompanhar tudo em direto.

“Lisboa russa” O que é que levou a televisão russa a referir a desejável absorção de Lisboa na Rússia?, perguntámos a analistas que tentaram descodificar as intenções russas. Ideias como a extensão do império russo até Portugal são “uma forma específica de humor satírico e pró-Kremlin”, assegurou um dos investigadores consultados pelo Expresso.

Investigação PJ fez buscas nas duas casas do ex-secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, e há suspeitas de favorecimento a antigo sócio. As autoridades realizaram também buscas no Instituto Ricardo Jorge, na Cruz Vermelha Portuguesa e no Instituto Português do Desporto e Juventude.

Médicos SIM e Governo chegaram a acordo: “Todos os médicos terão um aumento de 400 euros”, diz o sindicato. Termina assim uma longa série de negociações com mais de um ano e meio que opôs sindicatos SIM e FNAM - que não assinou o acordo - ao Governo. A medida entra em vigor em janeiro de 2024.

European Social Survey Portugueses confiam na polícia, desconfiam dos políticos e estão abertos à imigração: eis o resultado de um inquérito no qual participaram cidadãos de 31 países europeus.

Redes sociais Crianças estão a ser adicionadas a grupos do WhatsApp com conteúdos pornográficos. O alerta é da Polícia Judiciária que pede aos pais que estejam atentos aos telemóveis dos filhos.

Música Boas notícias para os festivaleiros e adeptos do Primavera Sound do Porto, que ontem divulgou um cartaz de luxo para 2024. Entre 6 e 8 de junho, vão passar pelo Parque da Cidade nomes grandes como Lana del Rey, The National, Pulp e PJ Harvey, entre tantos outros.

PODCASTS A NÃO PERDER

Sebastião Bugalho é o convidado de Paulo Baldaia, esta quarta-feira no Expresso da Manhã: “Nunca, desde Mota Pinto, um líder do PSD recentrou tanto o partido”.

No dia 1 de dezembro, Portugal celebra a Restauração da Independência. Durante 60 anos, o país esteve anexado ou integrado na monarquia hispânica? Houve uma insatisfação constante com os “reis espanhóis”? Quais as causas diretas do golpe palaciano que conduziu à Restauração? E as dificuldades do pós-Restauração? As respostas de Lourenço Pereira Coutinho e Henrique Monteiro, no podcast A História Repete-se.

“O grande desafio da construção da cidade inteligente é juntar a administração local, a academia e as empresas com foco nas pessoas”. Quem o diz é Miguel de Castro Neto, que antevê um futuro em que não haverá paragens de autocarros fixas. Oiça a entrevista no podcast O Futuro do Futuro.

E porque Perguntar não Ofende: é cedo para Pedro Nuno SantosPor que corre José Luís Carneiro? Daniel Oliveira entrevistou os dois principais candidatos à liderança do Partido Socialista, e as duas conversas foram para o ar esta terça-feira.

FRASES

Temos de nos focar no jogo de amanhã, queremos qualificar-nos para a Liga Europa e isso é o nosso objetivo. Os quatro jogos passados são história.
Roger Schmidt, treinador do Benfica, na conferência de imprensa de antecipação do jogo da Liga dos Campões, esta noite (20h), contra o Inter de Milão

Há boas razões para acreditar que o coração do SNS está mais saudável.
Manuel Pizarro, ministro da Saúde após firmar acordo intercalar com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) sobre aumentos salariais

A nossa esperança é que o cessar-fogo temporário possa ter continuidade nos próximos dias e que haja a libertação de cada vez mais reféns e, naturalmente, esperamos que sejam libertados portugueses.
João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, sobre o esforço que está a ser feito para libertar seis reféns portugueses ainda nas mãos do Hamas

O QUE ANDO A LER

“Sabes quantas pessoas há no mundo, Natasha?, perguntou George.

Acenei com a cabeça em negação.

Cinco biliões, quatrocentos e noventa e oito milhões, novecentos e dezanove mil e oitocentas e nove pessoas, respondeu ele.

O que resulta numa probabilidade de quase cem por cento de eu e tu nunca nos termos conhecido. Se pensares nestes números, perceberás que toda a vida humana é um extraordinário acaso mascarado de destino, e um contrato social inventado pelos especialistas para nos manterem presos ao status quo. Ordeiros, obedientes.”

João Tordo, em O nome que a cidade esqueceu

Este romance que chegou às livrarias há poucas semanas é a minha sugestão de leitura para quem gosta de histórias que nascem de acontecimentos reais. Para escrever esta obra, João Tordo inspirou-se no artigo “The Lonely Death of George Bell” publicado no jornal “The New York Times”, a 17 de outubro de 2015, e que retrata um homem que sofria de transtorno de acumulação compulsiva e aparece morto no seu apartamento.

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