A V Conferência Nacional do Bloco de Esquerda teve início na manhã deste sábado no Porto (ver fotogaleria) e no discurso de abertura Mariana Mortágua não passou ao lado do tema que dominou a atualidade nos últimos dias, prometendo que o Bloco não descansará “enquanto houver injustiça”.
“Odair Moniz foi morto e não mereceu ainda o respeito da verdade: era um carro roubado, mentira; tinha uma faca na mão, mentira. Passou um traço contínuo, foi morto, aconteceu o que nunca podia ter acontecido”, sublinhou a coordenadora do Bloco, prometendo que “não descansamos enquanto houver injustiça” e que já este sábado o Bloco marcará presença na manifestação para exigir verdade e justiça por Odair Moniz. E fá-lo-á “porque essa é a nossa identidade. O antirracismo está inscrito no nosso código genético. Ninguém pode ser tratado como mercadoria porque somos todos a mesma gente, somos todos a nossa gente, e todos queremos liberdade”, prosseguiu.
Quanto às “provocações” da extrema-direita a propósito do tema, que já levaram o Ministério Público a abrir um inquérito por suspeitas de vários crimes a André Ventura e ao seu líder parlamentar, Mariana Mortágua diz que a intenção do Chega é “fazer dos polícias carne para canhão” e “montar-lhes uma armadilha para seu proveito eleitoral”.
“Os políticos da extrema direita incitam a polícia a disparar para matar, querem transformar agentes em criminosos enquanto se sentam confortavelmente no Parlamento e nos estúdios de televisão a criar a sua farsa. Não serão ouvidos, essa ameaça mortal não é a segurança em democracia”, sublinhou, contrapondo que “ninguém em Portugal deve viver com medo” e que “o nosso povo, merece ser unido pelo respeito e viver em paz”.
Num discurso em que o tema dominante foi a guerra e o neoliberalismo que desestruturou as sociedades e serviu de ninho à extrema-direita, Mariana Mortágua reivindicou o “projeto radical de liberdade” que é o socialismo em resposta ao momento em que “o capitalismo mostra a sua face mais selvagem e autoritária”. Um projeto que não se confunde com o dos Verdes alemães que “aceitam que se dispare sobre crianças” em Gaza, o dos liberais holandeses “que se submetem à extrema-direita” ou o dos trabalhistas ingleses que “pedem a Meloni conselhos para combater a imigração”, e que por isso fazem todos “parte da mesma política sinistra” do capitalismo atual. Mas que também não se confunde com quem à esquerda “quer ver Putin como chefe da resistência ao mau imperialismo”, prosseguiu, pois para o Bloco “é tão imperialista o tirano que ocupa a Palestina como aquele que invade a Ucrânia, que nega a soberania de um povo e que bombardeia a sua população”.
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