quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Os quatro cavaleiros da III Guerra

Apoio irrestrito dos EUA a Tel-Aviv ameaça desencadear conflito global. Motivo: a visão colonialista de Biden e seu trio de assessores. Para eles, o Oriente Médio é uma região a ser civilizada, se preciso pela força – e Israel, a esperança do Ocidente

Chris Hedges em sua página | Outras Palavras | Tradução: Maurício Ayer | # Publicado em português do Brasil

O círculo interno de estrategistas para o Oriente Médio de Joe Biden – Antony Blinken, Jake Sullivan e Brett McGurk – tem pouca compreensão do mundo muçulmano e uma profunda animosidade em relação aos movimentos de resistência islâmica. Na visão deles, a Europa, os Estados Unidos e Israel estão envolvidos em um choque de civilizações entre o Ocidente iluminista e um Oriente Médio bárbaro. Eles acreditam que a violência pode submeter os palestinos e outros árabes à sua vontade. Eles defendem o poder de fogo esmagador dos militares dos EUA e de Israel como a chave para a estabilidade regional – uma ilusão que alimenta as chamas da guerra regional e perpetua o genocídio em Gaza.

Em poucas palavras, estes quatro homens são extremamente incompetentes. Eles juntam-se ao clube de outros líderes sem noção, como aqueles que se jogaram no massacre suicida da Primeira Guerra Mundial, entraram no atoleiro do Vietnã ou que orquestraram a série de desastres militares recentes no Iraque, na Líbia, na Síria e na Ucrânia. Estão dotados do poder presuntivo conferido ao Poder Executivo para contornar o Congresso, fornecer armas a Israel e realizar ataques militares no Iêmen e no Iraque. Este círculo interno de verdadeiros fanáticos rejeita os conselhos mais matizados e informados do Departamento de Estado e das comunidades de inteligência, que consideram a recusa da administração Biden em pressionar Israel para barrar o genocídio em curso como equivocada e perigosa. 

Biden sempre foi um ardente militarista – ele estava clamando por uma guerra com o Iraque cinco anos antes da invasão dos EUA. Ele construiu sua carreira política respondendo ao asco da classe média branca pelos movimentos populares, incluindo os movimentos anti-guerra e pelos direitos civis, que convulsionaram o país nas décadas de 1960 e 1970. É um republicano disfarçado de democrata. Ele se juntou aos segregacionistas do sul para se opor à entrada de estudantes negros em escolas exclusivas para brancos. Ele se opôs ao financiamento federal de abortos e apoiou uma emenda constitucional que permite aos estados restringir o aborto. Ele atacou o presidente George H. W. Bush em 1989 por ser demasiado brando na “guerra às drogas”. Ele foi um dos arquitetos do Projeto de lei criminal de 1994 e um uma série de outras leis draconianas que mais do que duplicaram a população carcerária dos EUA, militarizaram a polícia e levaram à aprovação de leis sobre drogas que levaram as pessoas à prisão perpétua sem liberdade condicional. Ele apoiou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, a maior traição da classe operária desde a Lei Taft-Hartley de 1947 [que restringiu a atividade sindical no país como uma reação de um Congresso conservador a uma onda de greves após a Segunda Guerra Mundial]. Ele sempre foi um estridente defensor de Israel, e se gabava de ter obtido mais arrecadação de fundos para o Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel (AIPAC) do que qualquer outro senador.Brett McGurk.

“Como muitos de vocês me ouviram dizer antes, se não houvesse Israel, os EUA teriam que inventar um. Teríamos que inventar um porque… vocês protegem nossos interesses como nós protegemos os seus”, Biden disse em 2015, para um público que incluía o embaixador israelense, na 67ª Celebração Anual do Dia da Independência de Israel em Washington D.C. Nesse mesmo discurso, ele disse: “A verdade é que precisamos de vocês. O mundo precisa de vocês. Imagine o que isso significaria para a humanidade e o futuro do século 21 se Israel não fosse duradouro, vibrante e livre.”

Angola | Mamã Muxima Muito Obrigado – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Vou agradecer à nossa Mamã Muxima. Para não fazer má figura peço ao meu amigo Cónego Apolónio para me acompanhar. Eu agradeço e ele reza. Há muitos anos fiz uma reportagem que foi cortadíssima pela censura lá no Palácio da Cidade Alta. Descobri que a imagem de Nossa Senhora na igreja erguida na margem do rio Cuanza, foi desviada da igreja do Carmo, em Luanda, há mais de 200 anos. Na época os luandenses protestaram. A casa da Mamã Muxima foi fundada em 1599, pelo governador e capitão general, Baltazar Rebelo de Aragão. Em 12 de Janeiro de 1924 o templo foi classificado como património cultural.

A igreja do Carmo e o convento anexo foram construídos na mesma época. O templo foi ricamente decorado. As imagens das santas e santos eram autênticas obras de arte. Abundava a talha dourada. Em 1630 foi construída a elegante torre sineira, mesmo a tempo dos sinos tocarem a rebate, quando em 25 de Agosto de 1641 o pirata holandês Cornelis Jol ocupou a cidade de São Paulo da Assumpção de Loanda. Os piratas atacaram com 18 navios de guerra. Nunca se tinha visto nada assim em África.

A população de Luanda refugiou-se na Fortaleza de Massangano. Uma pequena parte ficou mais perto, no fortim da Muxima. A Fortaleza de hoje nasceu 100 anos depois. A ocupação da vila aconteceu em 1581, por Paulo Dias de Novais. Foi lá que instalou a fortificação que serviu de presídio mas também era entreposto de escravos.   

Os piratas invasores saquearam, destruíram, prenderam, torturaram e mataram. Destruíram arquivos.  Como todos os invasores em todas as latitudes e longitudes. O Calvinismo chegou à Holanda em 1540 e rapidamente foi absorvido pelas elites e pelas massas populares. De tal forma que em 1660 estava enraizado o chamado Puritanismo Holandês. Os piratas que atacaram a Muxima profanaram a igreja da nossa Mamã. Destruíram as imagens. Crimes contra a Fé.

Salvador Correia expulsou os piratas de Luanda e de toda a costa angolana. Foi preciso repor tudo no seu lugar Mas só no século XVIII a Igreja de Nossa Senhora da Muxima beneficiou de obras. A imagem da santa padroeira foi retirada da igreja do Carmo e levada para a margem do Cuanza até chegarem as imagens das santas e santos encomendados à “metrópole”. Surgiram protestos e as autoridades religiosas prometeram que a imagem de Nossa Senhora regressava a casa quando chegassem as imagens encomendadas. Nunca mais voltou.

Angola | Adivinhem Quem Vem Visitar – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Corriam os anos 60 e o racismo de Estado (apartheid) nos EUA estava no topo da agenda política. Multiplicavam-se as organizações que reclamavam direitos iguais para negros e brancos. Os Panteras Negras ganharam visibilidade mundial quando os atletas Tommie Smith e John Carlos, nos Jogos Olímpicos do México, em 1968, ao receberem as suas medalhas de campeões, no pódio, manifestaram a adesão à luta contra o racismo. Eram negros norte-americanos. 

No ano anterior, um talentoso cineasta, Stanley Kramer, assinou o filme “Adivinhem Quem Vem Jantar”. Um estrondo. O actor negro Sidney Poitier era o noivo de Katherine Hepburn, uma jovem branca. O “sonho americano” quando nasce é para todos. Assim reclamavam Ângela Davis, Martin Luther King, Malcolm X, Bayard  Rustin, Rosa Parks ou Amélia Boynton Robinson. Abertamente, sem pudor, contra a honra da Humanidade, só a África do Sul manteve o racismo de Estado. Até o ditador Salazar fingiu que nas colónias portuguesas não existia racismo. Quem viveu esses anos de chumbo sabe que sim, o racismo era política oficial do estado fascista e colonialista.

No dia 16 de Julho de 1973, Marcelo Caetano, substituto do ditador Salazar, fez uma visita de Estado a Londres acompanhado pelo seu ministro dos negócios estrangeiros, o fascista e colonialista Rui Patrício. O regime perdia apoios em todo o “mundo ocidental” e ganhava cada vez mais críticas contra a Guerra Colonial. A visita à capital do Reino Unido aconteceu quando os padres de Burgos denunciaram nas páginas do jornal “The Times”, o Massacre de Wiriyamu, em Moçambique. 

As tropas portuguesas de ocupação dizimaram todos os habitantes de Wiriyamu, Djemusse, Riachu, Juawu e Chaworha, o chamado “Triângulo de Wiriyamu”. Na sua edição de 10 de Julho de 1973, o padre britânico Adrian Hastings e os missionários espanhóis denunciaram os crimes de guerra. Seis dias depois da denúncia Marcelo Caetano o chegou a Londres.  

Em toda a Europa soou a pergunta: Adivinhem quem nos vem visitar?” A resposta troou: O chefe dos assassinos do Triângulo de Wiriyamu! Jovens de todos os países europeus rumaram a Londres. Nunca se viu nada igual. O primeiro-ministro português e o seu ministro dos negócios com o estrangeiro foram apupados, vaiados, insultados. A multidão gritava: Assassinos! Assassinos! Assassinos! E não sabiam que em Angola aconteceram massacres mil vezes piores desde 4 de Fevereiro de 1961. Mas eu sabia. Vi. Chorei, morri também.

A polícia de Londres teve que deter os manifestantes mais exaltados. Um fiasco. Aquela manifestação foi o princípio do fim do colonialismo português. Nas ruas de Londres começou a ruir o império colonial. Menos de um ano depois os Capitães de Abril derrubaram o regime. Caiu de podre.

Angola | Desalinhados e Distraídos – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Ano de 1961, Fevereiro, quarto dia. Começou a Luta Armada de Libertação Nacional sob a bandeira do MPLA. Nesse ano nasceu em Belgrado o Movimento dos Não Alinhados com o objetivo de promover a paz mundial, a independência e a autodeterminação dos povos. Eis os pais fundadores: Presidentes Nehru, da Índia, Sukarno, da Indonésia, Nasser, do Egipto, Nkrumah, do Gana, Sékou Touré, da Guiné e Josip Broz Tito, da Jugoslávia.

O Marechal Tito deu a mão ao Povo Angolano. Uma coligação que incluía os esquadrões da morte dos independentistas brancos, a CIA, as tropas do ditador Mobutu, militares fascistas portugueses agrupados no Exército de Libertação de Portugal (ELP) e unidades militares da África do Sul racista invadiram Angola, rasgaram o Acordo de Alvor e tentaram pôr o MPLA fora do processo de descolonização. A Jugoslávia mandou um navio carregado com material de guerra para Agostinho Neto e seus companheiros organizarem a resistência armada, poucos meses depois de terem assinado o cessar-fogo com Portugal, pondo fim à Guerra Colonial.

Nesta altura a parte portuguesa estava no Governo de Transição e tinha a responsabilidade da defesa das fronteiras. Invasores estrangeiros entraram à vontade e ocuparam o Norte de Angola. Mas o navio jugoslavo foi impedido de atracar no porto de Luanda. Aristófanes Couto Cabral e Vieira Mendes organizaram o desembarque, clandestinamente, a Norte da capital. Assim foi possível resistir até chegar a ajuda cubana. 

O Comandante Ingo (Benigno Vieira Lopes) testemunhou este episódio que muitos anos depois revelou: Mário Pinto de Andrade e Viriato da Criz visitaram a União Indiana em 1961, com o fim de garantirem apoios à Luta Armada de Libertação Nacional. O Presidente Neru perguntou-lhes o que era preciso. E os dois dirigentes do MPLA disseram que uma ajuda preciosa à causa de Libertação do Povo Angolano era acabar com a colónia portuguesa da Índia. Isso iria abalar o regime colonialista e fascista de Lisboa. 

No dia 18 de dezembro de 1961 forças indianas entraram em Goa, Damão e Diu (Estado da Índia), com 45.000 homens. O ditador Salazar ordenou ao comandante militar, General Vassalo e Silva, para resistir até ao último homem. Não foi obedecido. Assinada a rendição, acabou a colónia de Portugal na Índia. O Movimento dos Não Alinhados ajudando a luta do Povo Angolano!

A futura estratégia da Alemanha para a região do Sahel

Nikolas Fischer*

Regimes militares continuam no poder no Mali, no Níger e no Burkina Faso. Por que motivo a Alemanha ainda quer continuar ativa na região do Sahel e que prioridades devem ser definidas?

Alemanha deve definir uma estratégia futura para o Sahel, dizem analistas. A região do Sahel é de grande importância para a Alemanha. No ano passado, a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, explicou porquê: "Queiramos ou não, o que acontece no Sahel diz-nos respeito."

A chefe da diplomacia alertou, então, para o risco de mais terroristas serem treinados no Sahel, para o número crescente de pessoas que fogem para a Europa devido à seca e à falta de perspetivas e para a necessidade de contrabalançar a crescente influência russa naquela região.

No Mali, por exemplo, o regime militar que tomou o poder neste país, em 2021, depende mais da cooperação com a Rússia do que com os parceiros europeus. Atualmente, os mercenários russos do grupo Wagner apoiam o exército maliano, que luta contra os terroristas islamistas e os separatistas.

Mas não foi só a França, antiga potência colonial, que teve de abandonar o país. Toda a missão de manutenção da paz da ONU (MINUSMA) foi extinta por insistência dos detentores do poder. Após mais de dez anos, os últimos soldados alemães saíram do Mali no final de 2023.

Portugal | Titulares de cargos do Governo da Madeira suspeitos de favorecimento

As investigações que levaram à realização de buscas hoje nas regiões autónomas e no continente envolvem titulares de cargos políticos do Governo da Madeira e Câmara do Funchal por suspeita de favorecimento indevido de sociedades/grupos, revelou o Ministério Público.

"Existem suspeitas de que titulares de cargos políticos do governo regional da Madeira e da Câmara Municipal do Funchal tenham favorecido indevidamente algumas sociedades/grupos em detrimento de outras ou, em alguns casos, de que tenham exercido influência com esse objetivo", indica o Ministério Público, numa nota publicada na página da Internet do Departamento de Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

De acordo com o MP, em causa estão factos ocorridos a partir de 2015, "suscetíveis de consubstanciar crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poderes e de tráfico de influência".

Tal como a Polícia Judiciária já tinha revelado, na nota é referido que, no âmbito de três inquéritos dirigidos pelo MP do DCIAP, estão deste esta manhã a realizar-se buscas para identificação e apreensão de documentos e outros meios de prova, tendo já sido detidos três suspeitos.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Shutterstock

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PSD/Madeira diz que TC fez "grave ataque à autonomia"

Portugal | Manifestação xenófoba em Lisboa "deve ser proibida"

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados (CDHOA) considera que uma manifestação que incite a xenofobia e o discurso de ódio racial deve ser proibida pelas autoridades, porque viola a legislação.

"Qualquer manifestação que incite ao ódio e à violência é uma manifestação que, obviamente, deve ser proibida", afirmou à Lusa Cristina Borges de Pinho.

Em causa está a convocatória de uma manifestação para o dia 03 de fevereiro em Lisboa sob o tema "Contra a Islamização da Europa", feita por grupos 'online' de extrema-direita em Portugal.

Em paralelo, organizações antirracismo estão a promover uma carta aberta, denominada "Contra o racismo e a xenofobia, recusamos o silêncio", onde pedem ao Presidente da República, ao Ministério Público e às autoridades policiais para "travar a saída desta manifestação", por violar a lei.

Ora, para Cristina Borges de Pinho, a manifestação enquadra-se no artigo 240 do Código Penal, que proíbe "atividades de propaganda organizada que incitem à discriminação, ao ódio ou à violência contra pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo, orientação sexual, identidade de género ou deficiência", uma ação punida com penas de prisão de um a oito anos.

"Não é uma questão de liberdade de expressão ou de ideologia, seja de extrema-direita ou extrema-esquerda. O que está aqui em causa é o incitamento da violência contra grupos por motivos raciais e o discurso de ódio que são totalmente proibidos", afirmou a presidente da CDHOA.

Nos grupos 'online', os promotores do evento pediram apoios financeiros para "adquirir 40 archotes" e "cinco frascos de parafina líquida", bem como "40 tochas marítimas, verde e vermelho", alegando quererem "causar um grande impacto a nível estético".

"Na manifestação está expressamente proibido pela organização a queima de símbolos religiosos ou bandeiras", escrevem os promotores, que tencionam fazer a manifestação na zona da Mouraria, Martim Moniz e na rua do Benformoso, onde existe uma grande comunidade do subcontinente indiano e várias mesquitas.

Para Cristina Borges de Pinho, estas ações resultam de um "aumento crescente" do sentimento anti-imigração entre os portugueses.

"Pode haver um certo discurso, também do ponto de vista político, que leve as pessoas a pensar que os migrantes são terroristas, subsidiodependentes, que vão tirar trabalho aos nacionais, o que são obviamente ideias erradas", disse a advogada.

E depois estes movimentos surgem com a promessa de que "vamos acabar com isto, queremos um país seguro, como se os migrantes roubassem uma fatia maior do Orçamento do Estado ou que não fizessem trabalhos que, hoje em dia, os próprios nacionais não querem fazer", acrescentou, considerando que "é mais fácil as pessoas acreditarem num certo populismo".

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © ShutterStock

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CML condena manifestações de caráter violento, racista ou xenófobo

Buscas na Madeira. Presidente da Câmara do Funchal e empresários detidos

Em causa estão as mais de 100 buscas que estão a ser realizadas pela Polícia Judiciária (PJ) na Madeira e em vários pontos do Continente.

Opresidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, o presidente do Conselho de Administração do Grupo AFA, Avelino Farinha, e o líder do grupo AFA em Braga, Caldeira Costa, foram detidos, esta quarta-feira, na sequência das mais de 100 buscas realizadas pela Polícia Judiciária (PJ) e pelo Ministério Público (MP) em vários locais da Madeira e do continente, por suspeitas de corrupção, participação económica em negócio, prevaricação, abuso do poder, entre outros crimes.

As informações foram avançadas pela CNN Portugal e pelo Observador, que indicou que os suspeitos serão levados à presença de um juiz de instrução criminal para serem alvo de medidas de coação.

Entretanto, a PJ revelou, em comunicado, ter executado de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Região Autónoma da Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa) e, ainda, em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada, o que levou à detenção de três suspeitos, fora de flagrante delito, às 14h15 de hoje.

"As diligências executadas visaram a recolha de elementos probatórios complementares, a fim de consolidar as investigações dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência", indicaram as autoridades.

Na mesma nota, a PJ apontou ainda estar a investigar "a adjudicação de contratos públicos de aquisição de bens e serviços, em troca de financiamento de atividade privada; suspeitas de patrocínio de atividade privada tendo por contrapartida o apoio e intervenção na adjudicação de procedimentos concursais a sociedades comerciais determinadas; a adjudicação de contratos públicos de empreitadas de obras de construção civil, em benefício ilegítimo de concretas sociedades comerciais e em prejuízo dos restantes concorrentes, com grave deturpação das regras de contratação pública, em troca do financiamento de atividade de natureza política e de despesas pessoais".

Saliente-se que o presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, também é um dos visados da megaoperação policial, que conta com mais de uma centena de inspetores da PJ e de procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal em três processos distintos, que contemplam algumas das mesmas personalidades. 

De acordo com a CNN Portugal, Albuquerque é suspeito de atentado ao Estado de Direito por alegado condicionamento editorial de órgãos de comunicação social e de controlo financeiro de jornais regionais, através de privados ligados ao seu Executivo. Aquele meio indicou que o responsável pretendia condicionar notícias desfavoráveis.

Num comunicado divulgado hoje de manhã, a Câmara Municipal do Funchal confirmou as buscas, sem adiantar mais pormenores. "A Câmara Municipal do Funchal informa que um grupo de inspetores da Polícia Judiciária deu entrada esta manhã nas instalações do edifício dos Paços do Concelho, para a realização de buscas", lê-se no comunicado divulgado pela autarquia (PSD/CDS-PP).

No documento, o município, presidido pelo social-democrata Pedro Calado, acrescenta que "está a colaborar na investigação em curso e a prestar toda a informação solicitada, num espírito de boa cooperação".

A notícia foi avançada esta quarta-feira pela CNN Portugal, que apontou que outros altos decisores políticos da região também serão visados por alegada promiscuidade com grupos económicos.

No caso de Albuquerque, que estará a ser alvo de buscas domiciliárias, a suspeita recai sobre uma relação duvidosa com o grupo Pestana, particularmente com os sócios de Cristiano Ronaldo no Pestana CR7 Funchal, entre outros. De acordo com a CNN, em causa está a venda de uma quinta do presidente do governo regional a um fundo imobiliário com sede em Lisboa, por 3,5 milhões de euros, em 2017.

A investigação arrancou em 2019 e, em março de 2021, a PJ já tinha feito buscas a Albuquerque. É que a Quinta do Arco foi arrendada ao grupo Pestana para exploração turística, tendo coincidido com a renovação da concessão da Zona Franca da Madeira à entidade. Suspeita-se, assim, que os 3,5 milhões de euros tenham sido "uma contrapartida paga em atos corruptivos".

Já no que diz respeito à exploração da Zona Franca pelo grupo Pestana, o Tribunal de Contas concluiu que o processo conduzido por Pedro Calado, na altura vice-presidente de Albuquerque, violou o princípio da concorrência.

Na altura, uma nota divulgada na página do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) adiantou estarem em causa "factos suscetíveis de integrar a prática de crimes de prevaricação, corrupção e participação económica em negócio".

O presidente regional disse, então, estar de "consciência tranquila" e não ter "nada a esconder", tendo assegurado que disponibilizaria "tudo o que é necessário para apurar a verdade".

O Notícias ao Minuto também está a tentar apurar a informação junto do governo regional.

A PJ avançou ainda que participaram na operação dois juízes de Instrução Criminal, seis magistrados do Ministério Público do DCIAP e seis elementos do Núcleo de Assessoria Técnica (NAT) da Procuradoria Geral da Republica, bem como 270 investigadores criminais e peritos daquela polícia.

A Força Aérea também colaborou na missão, tendo prestado um "apoio foi crucial à montagem do dispositivo humano e logístico".

Notícias ao Minuto

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PJ faz buscas em todo o país por suspeita de corrupção ligadas à Madeira

Tremor de terra político e judicial na Madeira com graves consequências para o PSD

Para Luís Delgado, "estamos a assistir a um tremor de terra político e judicial na Madeira" que poderá ter graves consequências para o PSD, quando falta cerca de um mês e meio para as legislativas

Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e o maior grupo de construção da região, estão a ser alvo de buscas. No terreno estão mais de 300 inspetores da Polícia Judiciária e peritos a fazer mais de 100 buscas que dizem respeito a três processos diferentes. Para Luís Delgado, as suspeitas que originaram esta mega operação são "golpe político duríssimo para o PSD".

Contudo, o comentador da SIC, considera que, para já, o PSD "tem que aguardar, tem que estar tranquilo, calmo, sendo que se a evolução for a que estamos a assistir, a continuação das buscas e eventualmente detenções, aí o PSD e depois o líder do PSD terão que se pronunciar sobre essa matéria".

“Estamos a falar do PSD regional, um partido que sempre deteve o poder executivo na Madeira é um golpe político. A acontecer, uma qualquer coisa já é gravíssimo o que está a acontecer, mas qualquer coisa ainda mais grave é um golpe político duríssimo, duríssimo mesmo no PSD nacional, no momento em que está a um mês e meio de eleições legislativas e com as sondagens a apontar para uma situação muito, muito difícil e muito dura de ultrapassar”, realça Luís Delgado.

A operação envolve buscas ao próprio domicílio do chefe do Governo Regional, entre muitos outros locais na Madeira, e também nos Açores e em várias regiões do continente por suspeita de crimes de corrupção, participação económica em negócios, entre outros.

"Não temos nenhuma dúvida de que toda a oposição na Madeira, perante um escândalo ou uma situação destas, se revoltará e dirá aquilo que pensa sobre a matéria, aquilo que pensava e que sempre disse aquelas coisas que normalmente acontecem depois nas conclusões políticas", refere Luís Delgado.

No entender do comentador da SIC, "estamos basicamente a assistir a um tremor de terra, salvo seja, político e judicial na Madeira, vamos ver quais são as consequências ao final do dia". 

Expresso | SIC

Suspeitas na Madeira: tudo aponta para “uma situação tanto ou mais grave do que a operação Influencer”

O PSD Madeira tem as duas principais figuras sob suspeita e está agora obrigado a reagir "tão rapidamente, quanto a própria Justiça também lhe permita", sublinha Eunice Lourenço, editora de Política do jornal Expresso

A Polícia Judiciária está a realizar uma mega operação na Madeira. Os inspetores da PJ estão a fazer mais de 100 buscas à procura de provas que confirmem as suspeitas de corrupção que envolvem o líder do Governo Regional, o presidente da Câmara do Funchal e as ligações ao maior grupo empreiteiro da região. Para a editora de Política do Expresso, Eunice Lourenço, tudo aponta para "uma situação grave, tanto ou mais grave do que a operação Influencer, uma vez que envolve buscas ao próprio domicílio do chefe do Governo Regional".

Há também buscas a decorrerem nos Açores e em várias regiões do continente por suspeita de crimes de corrupção, participação económica em negócios, entre outros, avançou fonte ligada ao processo.

“Ainda sabemos relativamente pouco sobre isto, mas o que sabemos aponta para uma situação grave, tanto ou mais grave do que a operação Influencer, uma vez que envolve buscas ao próprio domicílio do chefe do Governo e não apenas às instituições. São crimes mais graves, são suspeitas aparentemente mais graves. Precisamos de saber mais, mas parece-me que estamos aqui perante um caso muito complicado para a posição de Miguel Albuquerque, que foi reeleito chefe do Governo regional há muito pouco tempo e também para aquele que seria um dia eventualmente o seu sucessor, que é Pedro Calado, o Presidente da Câmara do Funchal", notou.

Eunice Lourenço sublinha que o PSD Madeira tem as duas principais figuras sob suspeita e está agora obrigado a reagir "tão rapidamente, quanto a própria Justiça também lhe permita".

Em período de pré-campanha eleitoral, haverá "uma espécie de contaminação da política regional para a política nacional. Os partidos nacionais hão de ter de tomar posição sobre aquilo que vier a acontecer na Madeira".

Expresso | SIC

Portugal | O senhor não fui eu que se segue


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | Quem se trama no Global Media Group?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Faz-me muita impressão ver pessoas, que também percorreram o caminho que levou o Global Media Group à ruinosa situação atual, gente que, entretanto, já tinha saído da empresa antes de estalar a mais recente crise, não se coibir agora de circular por aí a perorar sentenças moralistas, como se não fosse, também, responsável pelos anos e anos de degradação que trouxeram até aqui a companhia que publica este Diário de Notícias.

Não compreendo que quem lá teve algum poder no passado - fosse acionista, administrativo, publicitário ou jornalista, fosse para tomar a decisão da venda de um prédio, para lançar um despedimento coletivo, para fechar uma publicação, para abrir outra, para negociar um contrato de patrocínio ou para decidir qual a notícia que se publicava - se porte desta maneira. Todos falharam.

Eu sinto-me responsável: entre 2000 e 2020 ocupei múltiplos cargos de chefia e de direção nessa empresa. Deixei-a por querer ir fazer outras coisas e por já não querer fazer as coisas que ali me pediam para fazer. Mantive-me a escrever no DN por simpatia da casa e por ter simpatia pela casa. Não posso, porém, olhar para trás, para o tempo em que fui ali empregado, para o que fiz, não fiz, deixei fazer ou não deixei fazer, e estar de consciência tranquila face aos atuais salários em atraso de quem lá trabalha e à possibilidade, até, de se chegar a uma eventual falência e ao fecho de marcas de jornalismo que fazem falta ao futuro do país.

É por isso, por não ter a consciência tranquila, repito, que estou caladinho e não ando a dar opiniões “de cátedra” sobre o que devia ou não devia ter sido realizado no Global Media Group.

A única coisa, agora, que acho que me compete fazer, que me parece ser decente fazer, é apoiar a luta dos trabalhadores desta casa com tudo aquilo que puder, mas deixar as opiniões, as exigências, as suspeitas, as reivindicações, as análises, as discussões, as críticas para quem lá está.

Não tenho dúvidas sobre quem devo apoiar: estou do lado, claro, dos trabalhadores do Global Media Group. É por isso que não tenho também dúvidas de que, sobre o futuro e o passado do Global Media Group, as únicas apreciações que me parecem pertinentes são as dos que ainda lá estão, os que resistem, os que não desistem, os que permitem que todos os dias haja informação nos sites, na rádio e nas publicações em papel da companhia.

Espero que nenhuma decisão sobre o futuro do Global Media Group seja tomada sem o envolvimento efetivo destes resistentes trabalhadores.

Eu, reduzo-me à minha insignificância, coíbo-me de arrogâncias patetas e de tiradas bacocas, mas também não quero que pensem que sou indiferente ao que se passa.

Quanto ao resto...

Não compreendo por que é que as instituições estatais com competência na matéria não atuaram já de forma a garantir os pagamentos de salários a estas pessoas. Dizem-se preocupados e... nada mais.
Não compreendo que haja uma inspeção da Autoridade para as Condições de Trabalho que resulte numa multa, num processo inconsequente e... nada mais.

Não compreendo que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social ande desde setembro (ou antes, sei lá...) a procurar, sem sucesso, respostas burocráticas da atual administração do Global Media Group, ameaçando-a de suspensão e... nada mais.

Não compreendo que o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, se manifeste contra apoios específicos ao Global Media Group para não “desvirtuar o funcionamento do mercado” e... nada mais.

Não compreendo que vários protagonistas do Global Media Group tenham ido à Assembleia da República lançar, reciprocamente, suspeitas graves sobre outros protagonistas do Global Media Group e... nada mais.

Não compreendo que a luta entre acionistas no Global Media Group se desenrole da forma e no conteúdo que se tornou público e o poder político e judicial olhe para ela e... nada mais.

Não compreendo nada. Mas percebo que neste país a relação de forças entre trabalho e capital esteja, como a situação do Global Media Group demonstra, demasiado desproporcionada - quando as coisas correm mal, as leis e os hábitos sociais criados nas últimas décadas deixam os trabalhadores completamente desprotegidos, são eles que se tramam, enquanto, do outro lado, não é bem assim, nunca é bem assim...

Viva o 25 de Abril!, diziam.

* Jornalista

Portugal | Corrupção na Madeira. Albuquerque e Calado são alvos das buscas

A MULA DA CORPORATIVA INVADE A ILHA DA MADEIRA E RELEMBRA O BAILINHO ILHÉU DE MAX (ouvir). ALBUQUERQUE E CALADO DANÇAM... MARCHA DA BRINCADEIRA DA CORRUPÇÃO & TAL? (pg)

Corrupção na Madeira. Albuquerque e presidente da Câmara do Funchal principais alvos das buscas em todo o país. O grupo AFA ligado aos hotéis Savoy também está na mira da justiça. Em causa estão crimes de prática de corrupção, prevaricação e recebimento indevido de vantagens.

Valentina Marcelino | Diário de Notícias

Estão a decorrer esta quarta-feira buscas da Polícia Judiciária na Região Autónoma da Madeira, na grande Lisboa, norte e Açores, relacionadas com um processo de corrupção na Madeira. Alguns dos alvos, apurou o DN, são Pedro Calado, o atual presidente da Câmara Municipal do Funchal que foi vice-presidente do Governo Regional e dos Assuntos Parlamentares da Madeira entre 2019 e 2021, e também Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira. Ambos foram alvos de buscas nas respetivas residências.

Miguel Albuquerque cancelou toda a agenda pública que tinha prevista para esta manhã.

Segundo o DN apurou, o grupo AFA, ligado à construção civil e que está ligado aos hotéis Savoy, também está na mira da justiça. Aliás, um dos locais alvo de buscas da PJ foram as instalações desta empresa de Avelino Farinha, chairman do grupo de hotéis Savoy.

"A Câmara Municipal do Funchal informa que um grupo de inspetores da Polícia Judiciária deu entrada esta manhã nas instalações do edifício dos Paços do Concelho, para a realização de buscas", lê-se num comunicado divulgado pela autarquia (PSD/CDS-PP).

No documento, o município, presidido pelo social-democrata Pedro Calado, acrescenta que "está a colaborar na investigação em curso e a prestar toda a informação solicitada, num espírito de boa cooperação".

Em causa estão três inquéritos do DCIAP que investigam crimes de prática de corrupção, prevaricação e recebimento indevido de vantagens. As mais de 60 buscas têm como alvos autarquias, departamentos do Governo Regional da Madeira, bem como empresas ligadas ao setor da hotelaria. Há mais de 100 buscas a decorrer, não só na Madeira mas também no continente.

Os factos em investigação remontam à época em que Pedro Calado era vice-presidente do Governo Regional da Madeira.

De acordo com a CNN Portugal, no caso do presidente do governo regional está em causa uma relação suspeita com o grupo Pestana. Neste caso, adianta a CNN, a suspeita prende-se com a venda de uma quinta de Albuquerque a um fundo imobiliário com sede em Lisboa, em 2017, por 3,5 milhões de euros. 

O Inquérito-crime é dirigido a partir do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, em Lisboa. A megaoperação conta com mais de uma centena de inspectores da PJ e procuradores do DCIAP.

Imagem em DN manipulada por PG

* atualizaremos em próxima publicação PG

Fome em Gaza


Mohammad Sabaaneh, Territórios Palestinos (Palestina)

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