Mário Centeno falou da necessidade de a banca apoiar a economia e aumentar as taxas de juro aos seus clientes, considerando a remuneração que obtém nos bancos centrais pelos depósitos que lá tem.
AbrilAbril | editorial
O governador do Banco de Portugal defendeu esta quarta-feira que a Europa tem uma guerra para vencer e que, para isso, precisa de investimentos. Por outro lado, para além de exigir que a banca apoie a economia, criticou-a em relação aos juros baixos que pagam pelos depósitos dos seus clientes, considerando «a remuneração que obtém nos bancos centrais pelos depósitos que lá tem». Isto é, segundo Mário Centeno, a banca recebe mais de juros do dinheiro que tem no Banco de Portugal do que aquilo que paga aos seus depositantes. Os bancos, do dinheiro dos seus depositantes, uma parte emprestam em crédito e o remanescente depositam nos bancos centrais.
Ora bem, considerando os cinco maiores bancos «portugueses», estes acumularam em 2024 lucros diários de 13,9 milhões, num total superior a 4,96 mil milhões de euros. Nesse sentido, a exigência de que a banca apoie a economia poderia funcionar como alternativa à descarada proposta do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, de pagar a guerra com uma parte dos orçamentos da «saúde e das pensões de reforma».
Recordemos que se as intenções anunciadas recentemente pela União Europeia fossem seguidas em Portugal, no que se refere ao aumento das despesas militares, isso significaria uma despesa acrescida para os portugueses de cerca de 4 mil milhões de euros. Assim, em vez de se melhorarem salários e pensões, de se assegurar o direito à saúde, à educação, à segurança social e à habitação, em vez de contribuir para a paz e a segurança colectiva, teríamos mais dinheiro para armamentos, mísseis, canhões e munições, para mais confrontação e mais guerra.
Note-se que este é o caminho que a União Europeia se propõe percorrer, ao insistir na busca de fontes de financiamento adicionais para alimentar a espiral dos armamentos e a guerra, nomeadamente, instando o Banco Europeu de Investimento a facilitar empréstimos para a indústria de armamento.
Não é este o caminho que convém a Portugal e aos portugueses.
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