quinta-feira, 28 de abril de 2011

CNRT deve rejeitar coligação se não for partido mais votado, defende Dionísio Babo




MSO – LUSA

Díli 28 abr (Lusa) -- Dionísio Babo, secretário-geral do CNRT, partido presidido por Xanana Gusmão, disse hoje que vai defender no Congresso que, se aquela estrutura partidária não for a mais votada nas próximas eleições, não deve integrar um futuro Governo.

Na véspera da abertura do congresso nacional do CNRT, que vai reunir em Díli 995 delegados de todo o país, o atual secretário-geral declarou à Lusa que se irá recandidatar e explicou a estratégia política que pretende defender.

"Não queremos dramas de coligação no futuro e queremos andar sozinhos. Se não formos o partido mais votado, preferimos ir para o Parlamento desempenhar o nosso papel na oposição", afirmou.

Para Dionísio Babo, a aliança, de cinco anos, com outros partidos "tem sido uma experiência muito difícil", que, por vezes, o leva a concluir que o partido preside ao Governo, mas não o controla.

"Isso faz muita diferença. Da forma como estamos agora, não podemos dizer que estamos a implementar um plano como nós queremos, com um Governo coeso. Por isso estamos determinados a ir sozinhos às próximas eleições", explicou.

Dionísio Babo esclareceu, no entanto, que apesar daquela ser a sua opinião, "a porta não está totalmente fechada a coligações", porque essa é uma decisão que não deverá ser tomada apenas pelas lideranças do partido, mas envolverá também as bases".

"Essa decisão deverá ser tomada em conferência nacional, com delegados de todo o território", defendeu.

Um não categórico é a resposta que dá quando questionado sobre uma aliança com a FRETILIN de Mari Alkatiri, para formar um governo de unidade nacional, pós-eleitoral.

"Com a FRETILIN, da forma que está agora, não. Só se houver uma mudança na estrutura da liderança da FRETILIN é que podemos repensar essa posição", disse.

Quanto à questão do candidato às eleições presidenciais, revelou à Lusa que será apresentada ao congresso uma proposta para que a escolha seja remetida para a conferência nacional, em que terão assento a maioria dos congressistas.

Sobre a possibilidade de Xanana Gusmão ser o candidato do CNRT, admitiu que "está ser debatida aprofundadamente", mas não esconde a sua discordância.

"Pessoalmente penso que é preferível, se o CNRT ganhar as próximas legislativas, ser ele a ocupar o cargo de primeiro-ministro", adiantou.

Segundo o secretário-geral, "o CNRT pode apresentar o seu candidato próprio, mas também pode apoiar uma personalidade de fora do partido".

Dionísio Babo revelou à Lusa que se vai recandidatar ao cargo no Congresso que amanhã se inicia, admitindo poder ter opositores, embora afirme que desconhece qualquer "afirmação oficial" de outra candidatura.

"Proponho-me levar o partido a executar o programa que vai ser apresentado ao Congresso e que abrange perto de vinte setores de atividade, principalmente na área do desenvolvimento, e que foi elaborado por um conjunto de intelectuais e profissionais dessas especialidades. Se esse programa for aprovado, é o que o partido vai procurar realizar nos próximos cinco anos", explicou.

No congresso, durante o qual serão realizadas as eleições internas para os órgãos do partido, têm assento 995 delegados, estando cada núcleo representado por um delegado ao nível de suco (aldeia), os sub-distritos com três delegados, e os distritos com cinco delegados.

Além daqueles, são delegados por inerência os membros dos vários órgãos, designadamente do conselho nacional e da comissão política.

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