Maputo - O Governo moçambicano terá de enfrentar "um complexo jogo de equilíbrio" para responder à disputa dos recursos energéticos do país pela China, Índia e Brasil, considera o investigador timorense Loro Horta.
Num artigo publicado pela revista Yale Global, da universidade norte-americana de Yale, Loro Horta, filho do Presidente timorense, José Ramos-Horta, refere que o interesse chinês em Moçambique é também estratégico, além de económico.
"Moçambique é uma importante rota alternativa ao canal do Suez", diz o académico, acrescentando que o país "oferece ainda a ligação marítima mais próxima para a Zâmbia e Zimbabwé, que têm duas das cinco zonas económicas especiais chinesas em África.
Para Loro Horta, o Governo moçambicano tem feito "um sofisticado jogo de equilíbrios" perante os interesses da China, mas também do Brasil e da Índia, pelos recursos energéticos do país, principalmente o carvão.
Os três países, defendeu, têm em curso ou em carteira investimentos cerca de três mil milhões de dólares (pouco mais de dois mil milhões de euros) na indústria extractiva do carvão.
"Contudo, com o crescente sector mineiro de carvão do país, o seu potencial para biocombustíveis e relatos de descobertas de petróleo, este jogo de equilíbrio irá provavelmente tornar-se mais complexo", afirma o investigador.
"A expansão das indústrias extractivas e o crescendo de investimentos estrangeiros têm o potencial para trazer benefícios significativos, mas também trazem novos desafios ao país", considera ainda Loro Horta.
O académico timorense aponta que a economia moçambicana tem vindo a beneficiar do crescimento do sector mineiro, diversificando as suas fontes de crescimento, tradicionalmente assentes na produção agrícola, principalmente nas exportações de caju, açúcar, algodão e chá.
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), segundo Loro Horta, prevê que, em 2020, Moçambique seja o segundo maior exportador africano de carvão, com vendas anuais próximas de 110 milhões de toneladas.
As reservas carboníferas moçambicanas estão avaliadas em 10 mil milhões de toneladas.
**Na foto: Loro Horta
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