TÉLA NÓN – 28 abril 2011
É uma garantia do Programa Nacional de Luta contra o Paludismo. Segundo Maria de Jesus Santos, coordenadora do programa, a doença que era responsável por mais de 80% da mortalidade no país, regrediu bastante nos últimos 7 anos, estando nesta altura sob controlo das autoridades sanitárias.
Muitos são-tomenses sofriam dois episódios de paludismo por mês. O rendimento laboral estava seriamente comprometido no país. Ainda na década de 90 uma sociedade privada francesa que explorava a produção de cacau nas antigas empresas agrícolas Santa Margarida e Ubua Budo, decidiu abandonar o projecto tendo como um dos argumentos, o baixo rendimento dos trabalhadores por causa do paludismo.
A doença que segundo dados do Centro Nacional de Endemias, no ano 2007 afectou mais de 67 mil habitantes, num país que na altura tinha cerca de 150 mil habitantes, estava a ter impacto extremamente negativo na economia do país.
As crianças menores de 5 anos, eram as principais vítimas da doença. O rendimento escolar dos alunos também estava comprometido. No ano 2004, com apoio técnico e financeiro de Taiwan, as autoridades são-tomenses decidiram lançar uma grande ofensiva de luta contra o paludismo.
A pulverização das residências, com base no insecticida Alfacypermitrim, recomendado pela OMS, foi uma das armas para aniquilar o mosquito que provoca o paludismo, o Anophelles. A ilha do Príncipe, foi escolhida como região piloto para o arranque da campanha.
O insecticida Alfacypermitrim, com menor impacto tóxico em relação ao DDT, foi bem aceite na ilha do Príncipe. O mosquito causador do paludismo, começou a ser abatido, e os primeiros resultados começaram a surgir. O paludismo começou a recuar, numa estratégia de combate que implicou também o uso massivo do mosquiteiro impregnado com repelentes contra o mosquito.
No passado dia 22 de Abril, considerado como dia africano de luta contra o Paludismo, o Ministério da Saúde, organizou no arquivo histórico um encontro de reflexão sobre a doença que continua a ser responsável pelo maior número de mortes na África Sub-shariana, o paludismo.
Os dados divulgados pela Direcção dos Cuidados de Saúde no evento, indicam segundo Maria de Jesus Santos, coordenadora do programa que o paludismo está controlado No ano 2002 mais de 67 mil são-tomenses adoeceram paludismo. Em 2010 foram registados apenas 3 mil doentes.
Os números divulgados pelo centro nacional de endemias, acrescentam que a doença que era responsável por cerca de 80% da mortalidade no país, no ano 2002 matou mais de 300 pessoas. Em 2010 foram registados apenas 14 óbitos ligados ao paludismo.
A ministra da Saúde Ângela Pinheiro, deixou claro que o combate contra o paludismo ainda não terminou. «O país fixou como objectivo no plano estratégico para fazer recuar o paludismo, a redução da incidência da doença de 22 casos por cada 1000 habitantes registados em 2009 para 1 caso por cada 1000 habitantes até 2015», sublinhou a ministra.
Por sua vez a coordenadora do Programa Nacional de Luta Contra o Paludismo, Maria de Jesus Santos, explicou que só ao atingir a média de 1 caso de paludismo por cada 1000 habitantes, proposto para 2015, é que São Tomé e Príncipe, entrará na fase de eliminação do paludismo.
Para atingir tal objectivo em 2015 o programa nacional de luta contra a doença, pede colaboração de todas as forças vivas do país, no sentido de reforçar as medidas preventivas. Os charcos de água nos quintais, ou nos arredores das comunidades devem ser drenados. O lixo deve ser queimado ou enterrado, com destaque para as cascas de búzio que normalmente acabam por conservar água para o mosquito reproduzir.
Reforço da sensibilização da população, no sentido de colaborar com as equipas de pulverização das residências, é outra prioridade das autoridades nacionais. Segundo o Programa Nacional de Luta contra a Doença, cada vez há mais pessoas que recusam a pulverização das suas casas.
Maria de Jesus dos Santos, garantiu que na última campanha de pulverização, mais de 40% das residências dos distritos de Mé-Zochi e Água Grande, os mais populosos do país não aceitaram a pulverização. Uma ameaça para o sucesso do combate contra a doença.
A diferença ocorre na ilha do Príncipe, onde o processo de pulverização não teve resistência da população. O paludismo está numa fase terminal na Região Autónoma do Príncipe. Dados do programa de luta, indicam que desde o ano 2005 que ninguém morreu no Príncipe por causa do paludismo. Aliás a ilha está prestes a ser declarada como região livre desta doença.
*Abel Veiga
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