ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
O então ministro da Educação de Angola, Burity da Silva, considerou no dia 15 de Setembro de 2009, em Mombaça, Quénia, que “a construção da angolanidade e da africanidade deve ser edificada com a participação de todas as culturas existentes, sem critérios estereotipados de exclusão”.
Ficou-me desde essa altura (e hoje mantém-se) uma dúvida: deveremos olhar para o que se diz ou para o que se faz?
De acordo com o então governante, que discursava durante um encontro promovido pela Associação para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA), Angola é um país multicultural e plurilingue, daí defender que o sistema educativo esteja voltado para a preservação dos valores culturais e o respeito mútuo.
E a multiculturalidade, creio eu, não é algo que deva ser imposto e que tenha de seguir as regras de alguns manuais que nos dizem quem são os protagonistas e enquadram politica e partidariamente a multiculturalidade.
“A interiorização de um espírito de angolanidade, como garante do primado da Paz e da Reconciliação Nacional, e a formação de recursos humanos necessários à reconstrução e desenvolvimento do país são duas das principais preocupações do Governo angolano", expressou então Burity da Silva.
A teoria era e é boa. Mas será que na prática não há factores que querem condicionar a angolanidade, dizendo-nos que ela só existe ser for seguido determinado caminho?
O então ministro explicou que torna-se necessária uma maior aproximação entre a Educação e a Cultura, pois é também, através dela, que as novas gerações poderão recuperar muitos dos valores perdidos pela actual conjuntura económica.
É verdade que a conjuntura económica de um país em que a maioria do povo vive na pobreza, não ajuda. Mas, se calhar, é a conjuntura política de carácter segregacionista que está a impor a (mono) cultura, a cultura oficial.
Para Burity da Silva, paralelamente à educação para o trabalho e para a cidadania, terá de existir igualmente uma educação para a cultura, que leve em conta a identidade e a diversidade dos diferentes grupos sociais.
Exactamente. Que leve em conta o fantástico mosaico cultural de Angola e que, inclusive, tem muitas das suas paletas já espalhadas pelo mundo.
O Ministério da Educação pretendia nesse tempo, segundo o seu titular, conceber “um cancioneiro de canções tradicionais e populares e um manual de jogos tradicionais para servirem de apoio às aulas de música, educação física e actividades extra-escolares, com o propósito de divulgar e valorizar os diferentes aspectos culturais do povo angolano”.
Do seu ponto de vista, esta parecia ser uma estratégia de Educação para a Paz, que, no futuro, viabilize a elevação da baixa auto-estima dos angolanos, a edificação da democracia e da unidade nacional e o esforço para o desenvolvimento sustentado.
Se, de uma vez por todas, deixar de haver angolanos de primeira e de segunda (ou até, talvez, de terceira), o caminho para a coesão social estará aberto, bem como será usado o cimento da multicultaralidade para unir todos os angolanos e, dessa forma, dar corpo e alma à angolanidade.
De acordo com o então governante, que discursava durante um encontro promovido pela Associação para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA), Angola é um país multicultural e plurilingue, daí defender que o sistema educativo esteja voltado para a preservação dos valores culturais e o respeito mútuo.
E a multiculturalidade, creio eu, não é algo que deva ser imposto e que tenha de seguir as regras de alguns manuais que nos dizem quem são os protagonistas e enquadram politica e partidariamente a multiculturalidade.
“A interiorização de um espírito de angolanidade, como garante do primado da Paz e da Reconciliação Nacional, e a formação de recursos humanos necessários à reconstrução e desenvolvimento do país são duas das principais preocupações do Governo angolano", expressou então Burity da Silva.
A teoria era e é boa. Mas será que na prática não há factores que querem condicionar a angolanidade, dizendo-nos que ela só existe ser for seguido determinado caminho?
O então ministro explicou que torna-se necessária uma maior aproximação entre a Educação e a Cultura, pois é também, através dela, que as novas gerações poderão recuperar muitos dos valores perdidos pela actual conjuntura económica.
É verdade que a conjuntura económica de um país em que a maioria do povo vive na pobreza, não ajuda. Mas, se calhar, é a conjuntura política de carácter segregacionista que está a impor a (mono) cultura, a cultura oficial.
Para Burity da Silva, paralelamente à educação para o trabalho e para a cidadania, terá de existir igualmente uma educação para a cultura, que leve em conta a identidade e a diversidade dos diferentes grupos sociais.
Exactamente. Que leve em conta o fantástico mosaico cultural de Angola e que, inclusive, tem muitas das suas paletas já espalhadas pelo mundo.
O Ministério da Educação pretendia nesse tempo, segundo o seu titular, conceber “um cancioneiro de canções tradicionais e populares e um manual de jogos tradicionais para servirem de apoio às aulas de música, educação física e actividades extra-escolares, com o propósito de divulgar e valorizar os diferentes aspectos culturais do povo angolano”.
Do seu ponto de vista, esta parecia ser uma estratégia de Educação para a Paz, que, no futuro, viabilize a elevação da baixa auto-estima dos angolanos, a edificação da democracia e da unidade nacional e o esforço para o desenvolvimento sustentado.
Se, de uma vez por todas, deixar de haver angolanos de primeira e de segunda (ou até, talvez, de terceira), o caminho para a coesão social estará aberto, bem como será usado o cimento da multicultaralidade para unir todos os angolanos e, dessa forma, dar corpo e alma à angolanidade.
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
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