António Veríssimo
O primeiro-ministro de Espanha anunciou que a intervenção de ajuda da União Europeia ao seu país, no valor de 100 mil milhões de euros, não implica mais medidas de austeridade e que quem vai pagar a fatura é a banca porque se trata de uma operação de recapitalização da banca. Os moldes do empréstimo e as condições aparentam em tudo ser diferentes das que foram impostas aos países europeus mais causticados pela “crise”, a Irlanda, Portugal e a Grécia.
De imediato a Irlanda veio dizer que quer ter as mesmas condições que Espanha, que pediu ajuda aos parceiros europeus para salvar a banca do país sem cumprir qualquer programa de austeridade imposto. Levantando ainda outra questão: “sobre a necessidade de obter retroativamente um acordo similar ao de Espanha”.
Aparentemente as condições proporcionadas à Espanha são completamente diferentes (para melhor) das que a UE impôs aos restantes países em “crise”, o que deixa um indicativo de que na agremiação europeia uns são filhos e outros enteados. Uns são filhos da mãe e outros são filhos da outra. Da puta. É o caso de Portugal, da Irlanda, da Grécia e de quem mais vier dos países que estão com a troika de agiotas a invadir-lhes a soberania que Espanha soube tão bem defender.
Apesar de Espanha ter um governo de direita facto é que não está permeável à invasão de troikas nem de imposições alemãs como o vende pátria Passos Coelho, que é um reconhecido alinhado com Merkel e adulador da austeridade que lhe permite tecer legislação e medidas que visam o esclavagismo e autêntica subvivência de miséria dos portugueses. Com legitimidade devemos acreditar que Passos Coelho e o seu bando devem ser apátridas e que por isso, devido a essa particularidade, impõe, sem rebuço, antes pelo contrário, a supressão de feriados que marcam historicamente a portucalidade, a nacionalidade que o povo português defendeu com sacrifício de vidas, como é o caso do dia da Implantação da República, 5 de Outubro, ou da Restauração de Portugal no 1º de Dezembro de 1640, quando os portugueses expulsaram de Portugal o ocupante da coroa espanhola que por 60 anos nos subjugaram. Mas isso para Passos e seu séquito, incluindo Cavaco Silva, rasco presidente de uma República de que não se comemora devidamente o dia da implantação, pouco ou nada importa. O negócio deles é números, não marcos históricos, nem a soberania nacional, nem pessoas, nem os direitos dos cidadãos, nem a democracia, nem a equidade, nem a justiça. Pelo visto em suas práticas o importante não é o país mas sim a defesa dos interesses de uns quantos que cumprem o dito, os tais “cada vez mais ricos por que os pobres ficam cada vez mais pobres”.
Passos declarou há pouco à TSF, de rompante e secamente, que “Portugal não vai pedir renegociação de condições de empréstimo”, acrescenta a TSF que “O chefe do Governo admite contudo que se Espanha tiver “condições mais favoráveis do que aquelas que se verificam para Portugal ou Irlanda terá de ser feito um ajustamento”. Não tem sido por acaso que a imprensa estrangeira classifica Passos como um incondicional fã das políticas de Ângela Merkel, e assim temos visto. Para ele é completamente indiferente que uns sejam objeto de trato de filhos da mãe e outros, os portugueses, tratados como filhos da puta… Verdade que depois lá adiantou mais umas palavras, dando o dito por não dito, compondo o ramalhete, bem ao estilo do Bando de Mentirosos e Trafulhas. A notícia está a seguir. E a que refere Passos um fanático alinhado da austeridade e de Merkel também.
E assim vai Portugal. Uma reduzida minoria muito bem, a vasta maioria muito mal.
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