Deputado da UNITA questiona de novo nacionalidade de PR José Eduardo dos Santos
16 de Agosto de 2012, 15:35
Luanda, 16 ago (Lusa) - O deputado da UNITA Makuta Nkondo, que em julho passado questionou em plenário a nacionalidade do Presidente José Eduardo dos Santos, voltou hoje ao tema, durante a audição a que foi sujeito por uma comissão parlamentar.
Na sessão de 19 de julho, Nkondo desafiou José Eduardo dos Santos a apresentar prova documental da nacionalidade angolana, considerando que caso o chefe de Estado não o fizesse deveria, em consequência, ser "destituído" e "detido de imediato".
Na sequência do burburinho suscitado pela sua intervenção, o presidente da Assembleia Nacional, Paulo Kassoma, anunciou a instauração de um processo disciplinar contra Makuta Nkondo.
O deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) foi hoje ouvido pela 8.ª Comissão de Mandatos, Ética e Decoro Parlamentares, numa sessão dirigida pela sua vice-presidente, Isabel Pelinganga, e que contou apenas com a presença dos três deputados do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), face à ausência dos da oposição.
Na sessão, que durou toda a manhã, Makuta Nkondo apresentou-se acompanhado de dois advogados, David Mendes e Afonso Mbinda, que o orientaram a não fazer declarações, baseando-se no artigo 150.º da Constituição angolana.
O artigo 150.º da Constituição estipula que os deputados não respondem civil, criminal nem disciplinarmente pelos votos ou opiniões que emitam em reuniões, comissões ou grupos de trabalho da Assembleia Nacional no exercício das suas funções.
Em declarações à Lusa, Makuta Nkondo disse que "durante a audição foi projetado o vídeo dessa sessão".
"Depois perguntaram-me se queria mudar qualquer coisa, se queria mudar de opinião, os meus advogados pediram um ponto prévio para questionar se a Constituição tinha sido alterada e orientaram-me para não fazer declarações", disse.
Segundo o deputado, "neste momento a bola está do lado de José Eduardo dos Santos".
"Mantenho as minhas declarações, reconfirmo o que foi dito, porque o ofendido tem que vir provar ao povo angolano que ele é na realidade angolano mediante documentos, como a cédula e certidão narrativa de nascimento", reiterou Makuta Nkondo.
Ao longo da manhã, e nas ruas adjacentes ao parlamento, o anúncio de uma manifestação de apoio a Makuta Nkondo, feita nas redes sociais por um grupo de jovens, teve como resultado o desdobramento de um forte dispositivo policial, composto por polícias da ordem pública, Polícia de Intervenção Rápida, brigada canina, que cercaram todo o perímetro à volta da Assembleia Nacional.
Presente no local, a Lusa não confirmou a ocorrência de nenhum incidente nem a presença de manifestantes.
NME.
Eduardo dos Santos pede voto no MPLA para "não comprometer futuro"
16 de Agosto de 2012, 17:06
Saurimo, Angola, 16 ago (Lusa) - O voto no MPLA, nas eleições gerais em Angola, é a escolha certa para "não comprometer o futuro", defendeu hoje em Saurimo, leste do país, o líder do partido e Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Citado pela agência Angop, José Eduardo dos Santos disse já ter visto e ouvido as propostas das restantes oito forças concorrentes no escrutínio e concluiu que o voto, no dia 31 de agosto, no MPLA, partido que dirige o país desde a independência, em 1975, é "a escolha certa para dirigir os destinos da nação, rumo ao desenvolvimento".
Depois de ter discursado no comício que abriu a 31 de julho as ações de campanha eleitoral do MPLA, José Eduardo dos Santos voltou somente hoje à estrada, a apenas duas semanas para a ida às urnas.
Os angolanos ainda estão com "medo de tudo", diz líder do terceiro maior partido
17 de Agosto de 2012, 09:29
Luanda, 17 ago (Lusa) - As eleições gerais de 31 de agosto em Angola são uma oportunidade para a mudança, mas os cidadãos têm "medo de tudo", considerou em entrevista à Lusa o presidente do Partido de Renovação Social (PRS), terceira maior força política no país.
"Até agora o medo prevalece em Angola. Muito medo. O cidadão ainda está com medo de morrer. Está com medo de perder o emprego. Está com medo de passar fome. Está com medo de perder o transporte. Está com medo de tudo", sintetizou Eduardo Kuangana.
Membro fundador do PRS, criado a 18 de novembro de 1990, Eduardo Kuangana, 53 anos, acredita que as terceiras eleições em Angola podem contribuir para a mudança e aponta como primeira solução a institucionalização do sistema federal, com as 18 províncias a representarem cada uma 18 estados federados.
País estaria melhor se tivesse mantido modelo económico colonial - FNLA
17 de Agosto de 2012, 09:29
Luanda, 17 ago (Lusa) - Angola deveria ter optado em 1975 pelo modelo económico deixado pelo regime colonial, defendeu em entrevista à Lusa o presidente da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), herdeira da organização que iniciou a luta de libertação nacional.
"Se tivéssemos arrancado com a economia deixada pelo colonialismo, talvez estivéssemos numa perspetiva muito superior à que temos hoje", disse Lucas Ngonda, 72 anos, que lidera o partido fundado por Holden Roberto, herdeiro da União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), posteriormente transformado em União dos Povos de Angola (UPA).
A pujança económica da então colónia portuguesa de Angola era comparável à da África do Sul, sustentou, reconhecendo à administração colonial portuguesa a autoria de "políticas corajosas", que fomentaram o desenvolvimento e a criação de riqueza.
Analistas consideram que cobertura da campanha é desequilibrada
17 de Agosto de 2012, 09:29
Luanda, 17 ago (Lusa) - A cobertura da campanha eleitoral para as eleições gerais de 31 de agosto em Angola varia entre a falta de equilíbrio e a falta de isenção, segundo especialistas contactados pela Lusa.
Nove formações políticas concorrem para a escolha de 230 deputados, de onde sairão o elenco do parlamento e os nomes do Presidente e Vice-Presidente da República, após uma campanha eleitoral iniciada a 31 de julho.
Para o jornalista Reginaldo Silva, membro do Conselho Nacional de Comunicação Social, mas que falou a título pessoal, a atuação dos órgãos de comunicação social públicos e privados tem sido "muito desequilibrada".
"O que não abona em nada esta necessidade de termos a imprensa e o jornalismo como um espaço de liberdade, um espaço onde o país nos seus aspetos mais contraditórios, mais plurais, fosse refletido. Foi uma pré-campanha onde apenas deu o MPLA", sustentou.
No que diz respeito à comunicação social privada, Reginaldo Silva considerou "difícil" uma análise, pelo facto de muitos dos seus órgãos serem afetos ao partido no poder, destacando a Rádio Ecclesia, emissora católica, como a que melhor tem representado o "equilíbrio" necessário.
Reginaldo Silva acredita que uma mudança do atual quadro da comunicação social está dependente de um melhor equilíbrio político no país.
"Enquanto não tivermos uma situação política mais equilibrada do ponto de vista dos protagonistas, dificilmente o nosso processo de democratização ao nível da comunicação social vai ter outro efeito e se traduzirá na prática", acentuou o jornalista.
A mesma opinião é partilhada pela secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Luísa Rogério, que considerou "péssimo" o desempenho dos órgãos de comunicação social, sobretudo os estatais, no acompanhamento da campanha eleitoral.
"Pelo que já aconteceu até agora, há um comportamento claramente desequilibrado, há favorecimento", declarou Luísa Rogério.
"Estou a referir-me a espaços noticiosos, o que acaba por ser escandaloso, às vezes o apelo ao voto é explícito, já aconteceu, nós gravamos, vimos em pleno telejornal, e numa transmissão em direto na rádio nacional apelarem ao voto no partido no poder", acrescentou.
Para Luísa Rogério, a imprensa angolana é hoje "acrítica e atípica", desempenhando apenas o papel de "porta-voz do executivo e dos interesses partidários".
"Uma pessoa a fo
lhear o jornal, a ouvir a rádio e a ver a televisão fica com a impressão de que Angola não tem problemas, não tem falta de água, de luz, de saneamento básico, de pobreza, pelo menos aqueles níveis acentuados de miséria, porque os jornais mostram uma imagem de um país florescente", afirmou.
"Ok, O país está a crescer, tem um crescimento na ordem dos dois dígitos, ainda assim há desequilíbrios muito grandes e a imprensa não reflete isso", lamentou.
Opinião diversa tem o sociólogo Paulo de Carvalho, autor de um estudo sobre o comportamento da comunicação social angolana, para quem não tem havido "grande diferença em relação ao tratamento diferenciado às formações políticas".
"Os meios de comunicação social melhoraram um pouco, o que é mais visível no Jornal de Angola, assinalando-se uma maior atenção à atividade das formações políticas da oposição", saudou o docente universitário.
Reconhece, todavia, que é ainda difícil aos jornalistas pautarem-se por uma atuação isenta, salientando a necessidade de uma fiscalização no cumprimento das regras.
"Pensa-se erradamente que ser isento é atuar contra o partido político que está no poder", comentou Paulo de Carvalho, salientando que a comunicação social angolana é "bastante avessa ao cumprimento de regras".
NME.
Líder da UNITA e presidente da CNE reúnem-se hoje à tarde em Luanda
17 de Agosto de 2012, 12:27
Luanda, 17 ago (Lusa) - O líder da UNITA e o presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) reúnem-se hoje à tarde em Luanda para discutir as críticas deste partido ao órgão que está a organizar as eleições gerais de 31 deste mês em Angola.
A reunião, anunciada pela CNE e pelo principal partido de oposição angolano, vai ter como pano de fundo as acusações de falta de transparência e a ameaça de boicote da UNITA às eleições gerais.
A UNITA considera que a CNE está a organizar o processo eleitoral em flagrante violação da Constituição e da Lei Eleitoral e, em consequência, decidiu convocar para o dia 25, seis dias antes do escrutínio, uma "manifestação popular".
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
Sem comentários:
Enviar um comentário