Palestino discute
com soldado israelense em Nablus, na Cisjordânia. Cena também é comum em Israel
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Susana Mendoza,
Jerusalém – Opera Mundi
Para essa
população, uma maior representação política poderia significar uma melhora
desse cenário
Apesar de formarem
20% da população, os árabes-israelenses são discriminados em muitos setores da
sociedade israelense, mesmo sendo, na teoria, cidadãos com plenos direitos.
Estudar, procurar emprego, comprar uma casa e inclusive entrar em um
restaurante são desafios para os árabes de Israel, sejam eles muçulmanos,
cristãos ou drusos.
Para o professor
Yussuf Yabareen, diretor da organização para a promoção dos direitos dos
árabes-israelenses Dirasat, a ausência de voz na política é o que mais
prejudica essa parte da população. “Não há nenhum partido árabe ou membro árabe
na coalizão de Benjamim Netanyahu, e foi assim desde o nascimento do Estado.
Sem representação política, é impossível conseguir muitos avanços para nossa
comunidade”, sustenta.
Porém, mesmo que os árabes-israelenses tenham historicamente ocupado um segundo lugar na sociedade israelense, sem referências ou reconhecimento, a coalizão de direita de Netanyahu parece disposta a negligenciá-los. O ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, sugeriu repetidas vezes para que seja retirada a cidadania de árabes e que, em caso de acordo de paz com os palestinos, eles sejam enviados para a Cisjordânia.
“O atual governo não trabalha para que os cidadãos árabes se sintam parte dele,” explica Ron Gerlitz, diretor da organização de direitos civis Sikkui. “E isso é muito perigoso, porque não são uma minoria. Se não se integrarem, e será por nossa culpa, isso, ao final, prejudicará a todos”, analisa.
Desigualdades
A baixa representação política, com apenas um punhado de membros árabes no Knesset (Parlamento de Israel), também se reflete na educação. A falta de funcionários árabes de alto escalão no Ministério da Educação inabilita decisões sobre o conteúdo dos livros. “Apesar de as escolas árabes terem um conteúdo diferente das judias, não falam nada da cultura palestina ou árabe. Os jovens passam mais tempo estudando o Velho Testamento e outros textos judeus do que os próprios textos religiosos, sejam eles do islamismo ou do cristianismo”, explica Salah Mohsen, porta-voz do centro de atenção legal para a minoria árabe Addalah.
Porém, mesmo que os árabes-israelenses tenham historicamente ocupado um segundo lugar na sociedade israelense, sem referências ou reconhecimento, a coalizão de direita de Netanyahu parece disposta a negligenciá-los. O ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, sugeriu repetidas vezes para que seja retirada a cidadania de árabes e que, em caso de acordo de paz com os palestinos, eles sejam enviados para a Cisjordânia.
“O atual governo não trabalha para que os cidadãos árabes se sintam parte dele,” explica Ron Gerlitz, diretor da organização de direitos civis Sikkui. “E isso é muito perigoso, porque não são uma minoria. Se não se integrarem, e será por nossa culpa, isso, ao final, prejudicará a todos”, analisa.
Desigualdades
A baixa representação política, com apenas um punhado de membros árabes no Knesset (Parlamento de Israel), também se reflete na educação. A falta de funcionários árabes de alto escalão no Ministério da Educação inabilita decisões sobre o conteúdo dos livros. “Apesar de as escolas árabes terem um conteúdo diferente das judias, não falam nada da cultura palestina ou árabe. Os jovens passam mais tempo estudando o Velho Testamento e outros textos judeus do que os próprios textos religiosos, sejam eles do islamismo ou do cristianismo”, explica Salah Mohsen, porta-voz do centro de atenção legal para a minoria árabe Addalah.
A distribuição do
dinheiro entre os dois setores tampouco é equitativa. Segundo estatísticas
elaboradas pelo centro Dirasat, a pobreza entre a minoria árabe é de 54,8%,
enquanto na judia é de 15%. A taxa de desemprego entre os árabes-israelenses
também é mais alta, 11 – entre os judeus é de 9%. “Um erro que não foi
solucionado através dos anos desde a criação de Israel em 1948, quando Estado
surgiu pensado somente para os judeus”, diz Gerlitz.
Um árabe em Israel tem até três vezes mais dificuldades para comprar uma casa. Muitas vizinhanças em Israel recusam árabes, ainda que negar uma casa a uma pessoa por sua procedência étnica seja proibido por lei em Israel. Addalah lida com muitos casos deste tipo, famílias árabes que querem comprar uma casa em alguma vizinhança fechada, conhecida em Israel como Moshav, e que se deparam com a negativa dos vizinhos, que querem preservar o caráter “judeu” do Moshav.
Além disso, 13% da
terra em Israel pertence à Fundação Israel, que tem como política não vender
terras a nenhum árabe. “Passamos anos na Justiça contra esta fundação, cuja
política principal consiste em vender terras somente a cidadão judeus,
excluindo a população árabe. O assunto está parado nos tribunais e ninguém faz
nada a respeito,” comenta Yabareen.
[Chanceler
israelenses quer retirar a cidadania de árabes-israelenses e enviá-los para a
Cisjordânia]
Discriminação
No entanto, a pior discriminação é a psicológica. Apesar de os árabes-israelenses trabalharem e contribuírem com o Estado israelense, a separação é enorme. Insultos e humilhações, assim como revistas em aeroportos e na entrada de qualquer edifício, são recorrentes.
“Sofri [discriminação] mais de uma vez no aeroporto em Tel Aviv. Me pararam, me tiraram da fila e me levaram a uma sala separada para me interrogar. Os interrogatórios são longos, de uma hora mais ou menos, e perguntam todo tipo de coisas pessoais, como quem são os membros de minha família, onde trabalho, se tenho simpatia por certos grupos islâmicos etc”, conta Yabareen.
Para Ayman D., de 26 anos, morador de Jerusalém Oriental, a discriminação é gritante. “Se ando pela rua, algumas vezes me insultam, me chamam de ‘árabe de merda’, coisas assim. Não é que aconteça todos os dias, mas é algo comum. Se me sento em algum lugar de Jerusalém Ocidental, onde vive a maioria dos judeus, e me escutam falar em árabe, me olham como se eu fosse explodir a qualquer momento.”
Devido à pressão, o israelense cogita mudar de país em busca de outras oportunidades. “Gostaria de ir para a Austrália. Em Israel, não sinto que tenha algo para fazer. Apesar de ter me formado em engenharia, sei que não terei emprego. Não quero viver em um país onde sou um cidadão de segunda classe, apesar de pagar meus impostos e de ser uma pessoa honesta. Israel não é o meu lugar”.
Discriminação
No entanto, a pior discriminação é a psicológica. Apesar de os árabes-israelenses trabalharem e contribuírem com o Estado israelense, a separação é enorme. Insultos e humilhações, assim como revistas em aeroportos e na entrada de qualquer edifício, são recorrentes.
“Sofri [discriminação] mais de uma vez no aeroporto em Tel Aviv. Me pararam, me tiraram da fila e me levaram a uma sala separada para me interrogar. Os interrogatórios são longos, de uma hora mais ou menos, e perguntam todo tipo de coisas pessoais, como quem são os membros de minha família, onde trabalho, se tenho simpatia por certos grupos islâmicos etc”, conta Yabareen.
Para Ayman D., de 26 anos, morador de Jerusalém Oriental, a discriminação é gritante. “Se ando pela rua, algumas vezes me insultam, me chamam de ‘árabe de merda’, coisas assim. Não é que aconteça todos os dias, mas é algo comum. Se me sento em algum lugar de Jerusalém Ocidental, onde vive a maioria dos judeus, e me escutam falar em árabe, me olham como se eu fosse explodir a qualquer momento.”
Devido à pressão, o israelense cogita mudar de país em busca de outras oportunidades. “Gostaria de ir para a Austrália. Em Israel, não sinto que tenha algo para fazer. Apesar de ter me formado em engenharia, sei que não terei emprego. Não quero viver em um país onde sou um cidadão de segunda classe, apesar de pagar meus impostos e de ser uma pessoa honesta. Israel não é o meu lugar”.
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