Diário de Notícias, editorial, em opinião
Da maratona de
negociações que Passos Coelho inicia hoje às nove da manhã com os parceiros
sociais há apenas uma certeza: todos vão cobrar ao primeiro-ministro uma
promessa eleitoral - a dos cortes do lado da despesa do Estado. E quando se
fala em despesa do Estado ela não passa pelo lado fácil de mais cortes nos
salários e pensões dos funcionários públicos, mas sim pela redução das gorduras
acumuladas ao longo de anos de despesismo.
Esta exigência de
todos os parceiros sociais - que ressalta da ronda que o DN hoje publica -
complicará as negociações do primeiro-ministro. Uma sobretaxa extraordinária
sobre os dois subsídios (férias e Natal), que tem vindo a ser ventilada como a
alternativa à taxa social única (TSU), é contestada pelos parceiros e, depois
da polémica das últimas semanas, sê-lo-á também pelos trabalhadores. E nem os
impostos sobre o capital e os rendimentos mais elevados, que têm sido
anunciados, acalmarão os protestos. Sobre a mesa de trabalho terão pois de estar
propostas de cortes de milhões do lado de lá para que possa existir um acordo
mínimo.
Até este momento, o
Governo apenas anunciou uma poupança anual de 200 milhões por ano nos encargos
com Fundações, renegociou algumas PPP rodoviárias e vai propor um corte de 10%
no financiamento das campanhas eleitorais (proposta que hoje divulgamos). A
estes últimos anúncios somam-se as poupanças conseguidas no último ano com as
reformas nas áreas da Saúde e Educação, essencialmente. Ou seja, apesar de
Passos ter dito que sabia exatamente onde era necessário cortar, percebe-se
agora ou que não era assim ou que pelo menos não era fácil pôr em prática o
prometido. Os cortes na despesa no Estado - excetuando os que vão aos
rendimentos dos seus funcionários - são complicados e não geram receitas
imediatas. Mas são indispensáveis. E Passos Coelho vai ter de os assumir
perante os parceiros e perante o País.
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