Presidente de
Moçambique elogia líder da Renamo por contribuir para manutenção da paz há 20
anos
04 de Outubro de
2012, 17:35
Maputo, 04 out
(Lusa) - O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, elogiou hoje Afonso
Dhlakama, líder da Renamo, principal partido da oposição,"pela forma como
tem contribuído para a consolidação da paz em Moçambique", um país que a
ONU qualifica como "maduro".
Discursando na
cerimónia central dos 20 anos de paz, o chefe de Estado moçambicano qualificou
o líder da Renamo um "parceiro dos acordos de Roma", após 16 anos de
conflito armado, que ceifou um milhão de vidas e forçou cerca de quatro milhões
a refugiarem-se nos países vizinhos.
"Queremos
saudar também o senhor Afonso Dhlakama, líder da Renamo, pela forma como tem
contribuído para a consolidação da paz em Moçambique. Ele tem dado a sua
contribuição como parceiro dos acordos de Roma, reafirmando perante os membros
do seu partido, perante toda a sociedade moçambicana e ao mundo que o conflito
armado é contrário ao progresso, à democracia multipartidária e ao futuro
melhor que queremos para nós e para as gerações vindouras", disse Armando
Guebuza.
Pobreza e violência
continuam a ameaçar a paz - religiosos
04 de Outubro de
2012, 17:47
Chimoio,
Moçambique, 04 out (Lusa) - A pobreza e a crescente onda de violência,
caracterizada por linchamentos, podem abrandar os esforços para a preservação
da paz em Moçambique, consideraram hoje religiosos em Chimoio, centro, durante
a celebração dos 20 anos do Acordo Geral de Paz.
Em declarações à
agência Lusa, José Campira, representante da Comunidade Sant'Egidio, disse que
para se preservar a paz é necessário "preocupar-se para o bem comum do
homem", e não individual, "para que não se desprezem e marginalizem
os diferentes" (pobres), em alusão as crescentes disparidades sociais no
país.
"Num tempo de
crise económica, grande é a tentação de pensar em si e de culpar os outros
pelos próprios problemas. Às vezes utilizam-se, para tal, os pobres como 'bodes
expiatórios' de todos os problemas. A presença de mendigos na rua é apresentado
como grande inquietação, enquanto os verdadeiros problemas são outros"
referiu José Campira.
Apesar das
adversidades, disse, os governantes e a população no geral são chamados à
responsabilidade de preservarem a paz em Moçambique, para garantir o
desenvolvimento e não o retorno da guerra e suas consequências.
O Acordo Geral de
Paz foi assinado a 4 de outubro de 1992, depois de 16 anos de guerra civil, que
opunha a Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) e a Frente de Libertação
de Moçambique (Frelimo), no poder.
A governadora de
Manica, Ana Comoane, disse que o país assinalou enormes ganhos durante os 20
anos de paz e reconciliação, o que se caracterizou pelo aumento de
investimentos, maiores rendimentos e melhoria das condições de vida da
população.
"Somos um país
relativamente estável e seguro que inspira confiança. Graças a esta estabilidade
política e social descobrimos a solidariedade e temos vindo a alcançar o bem
estar que todos almejamos", disse Ana Comoane ao falar a população durante
a cerimónia de celebração da data.
Reconhecendo que a
paz "não é um produto acabado", dependendo do comportamento e atitude
de todos moçambicanos, a governante, enumerou a transitabilidade das vias
férreas e rodoviárias, o acesso cada vez maior dos serviços de educação e
saúde, como frutos da paz.
AYAC // NV.
Minas em Moçambique
comprometem vigilância de fronteira com Zimbabué
04 de Outubro de
2012, 18:21
Chimoio,
Moçambique, 04 out (Lusa) - A existência de explosivos, plantados durante a
guerra civil (1976-92), está a comprometer as patrulhas de efetivos da guarda
de fronteiras em Moçambique, na linha fronteiriça em Manica, centro, disse hoje
à Lusa fonte daquela força.
Francisco Amisse,
comandante do 3º regimento da força de guarda-fronteira em Manica, assumiu que
a existência de engenhos explosivos ao longo da linha fronteiriça, que separa
Moçambique do Zimbabué, tem retraído patrulhas nas zonas minadas, facilitando o
contrabando de diversas mercadorias.
"Temos a
cautela de evitar o envio de patrulhas para zonas minadas, embora estejam
identificadas e notificadas a direcção da desminagem. Neste momento,
preocupa-nos a violação da fronteira e contrabando pela população de ambos
países" disse à agência Lusa Francisco Amisse.
De Moçambique para
o Zimbabué, disse, estão a ser contrabandeados fardos de sapatos, roupa usada e
bebidas. Já do Zimbabué para Moçambique, a polícia está a enfrentar o problema
de contrabando de cigarros (em toneladas) para abastecer o país e a vizinha
África do Sul.
As policias da
guarda-fronteira de Moçambique e Zimbabué reuniram-se hoje, em Manica, para
traçar uma estratégia para desminar a área e reafirmar a fronteira que divide
aqueles dois países, para uma maior presença e actuação das patrulhas, e
retrair violações e contrabando.
"Estamos
envolvidos no trabalho de identificar os pontos onde a fronteira não esta
nitidamente traçada, através de líderes influentes temos as informações exactas
ou aproximadas dos limites fronteiriços. Nas áreas em que as 'farmas'
(fazendas) e quintas são cortadas ao meio notificamos as direcções respectivas
para a solução do problema", explicou.
Segundo o Instituto
Nacional de Desminagem (IND), em Manica cerca de três milhões de metros
quadrados de terra estão ainda por ser desminados. Trabalhos já feitos,
permitiram a libertação de cerca dois milhões de metros quadrados de terra que,
outrora, estavam cobertos de engenhos explosivos.
Os cerca de três
milhões de metros quadrados de terras por desminar correspondem à 37 campos de
minas existentes na província, onde se espera a entrada em funcionamento,
brevemente, de mais uma companhia de desminagem, que deverá se juntar à
organização Halo Trust, apoiada pelo governo nipónico.
Em declarações à
Lusa, Felex Daud, delegado regional da zona centro do IND, assinalou avanços
nos trabalhos de desminagem em Manica, particularmente em locais onde estão
implantadas infraestruturas sociais e económicas de grande vulto, como a
cintura da barragem de Chicamba, central eléctrica de Mavúzi e, ao longo da
fronteira, a linha férrea de Machipanda-Beira.
AYAC // NV.
Líder da oposição
em Moçambique e antigo número dois reencontraram-se para uma "verdadeira
reconciliação"
05 de Outubro de
2012, 11:50
Maputo, 05 out
(Lusa) - O presidente da Renamo, principal partido da oposição moçambicana,
Afonso Dhlakama, e o seu antigo número dois, Raul Domingos, expulso do partido
em 2000, festejaram juntos o Dia da Paz num reencontro de "verdadeira
reconciliação".
Raul Domingos, que
combateu com Afonso Dhlakama ao lado da guerrilha de 16 anos movida pela Renamo
(Resistência Nacional Moçambicana), foi afastado do partido por alegadamente
negociar favores pessoais com o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
Raul Domingos terá
alegadamente colocado os seus interesses pessoais acima dos do partido, durante
reuniões secretas com o Governo destinadas a encontrar uma solução política
para a crise gerada pela recusa da Renamo em reconhecer os resultados das
eleições gerais de 1999, ganhas pela Frelimo.
Para assinalar o
20.º aniversário do Acordo Geral de Paz, celebrado quinta-feira em todo o país,
Afonso Dhlakama e Raul Domingos encontraram-se em Quelimane, posando depois
sorridentes para a comunicação social, pela primeira vez após as divergências
que tiveram em 2000.
"Quer ao mais
baixo nível quer ao mais alto nível da liderança da Renamo, cumprimentamo-nos
com sorrisos nos lábios, sem remorsos e sem ressentimentos. Esta é que é a
verdadeira reconciliação", disse aos jornalistas Raul Domingos,
aproveitando para fazer uma exortação ao país sobre a necessidade de maior
concórdia.
"É uma paz
mais do calar das armas, mas não de benefícios económicos, porque passados 20
anos, há ainda pessoas que não sabem o que vão comer, se vão conseguir levar o
filho à escola ou ao hospital por falta de meios", enfatizou Raul
Domingos.
Apesar de o líder
da oposição ter fundamentado a expulsão do seu antigo número dois com
"traição", analistas da vida política do país interpretaram a media
como uma forma de Afonso Dhlakama afastar um adversário ao posto de presidente
da Renamo, que ocupa desde 1979.
PMA //JMR.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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