sexta-feira, 2 de novembro de 2012

SINAIS CONTROVERSOS – VII

 

Martinho Júnior, Luanda
 
11 – O outro confesso da “Open Society” é Rafael Marques de Morais, agora transformado em “jornalista-activista independente”, como se os seus contactos com o Departamento de Estado lhe conferissem essa “independência”!
 
Yoany Sanchez a “blogueira” em Cuba tinha de ter um “produto similar” em Angola, a atestar quanto as experiências do “laboratório” de Cuba são frutuosas noutras partes do mundo, questões de bloqueio mental já se vê!
 
Efectivamente é legítimo a um jornalista ter as suas opções filosófico-ideológico-políticas, ser determinante na escolha dos temas que aborda, assumir-se enquanto elemento responsável perante a sociedade enquanto produtor de notícias, ser um lutador por causas justas, em especial quando elas são por efectiva justiça social, assumir-se com pedagogia perante os desequilíbrios, a falta de respeito que existe espalhada um pouco por todos os recantos do mundo em relação à Mãe Terra…
 
A margem de legitimidade torna-se difusa quando há dinheiro duma potência como os Estados Unidos por detrás do que se escreve e quando no caso de Angola, que em paz se deve reconciliar e reconstruir, se abandonam os vínculos de responsabilidade para com a necessidade de unidade nacional, de identidade nacional e envereda-se por caminhos que servem interesses e conveniências dum capitalismo neo liberal que no seu extremo integra o preceituado pela hegemonia do império “a pronto pagamento” duma administração norte americana que tanto tem apostado nas “revoluções coloridas” (agora a empalidecer) como nas “primaveras árabes” (na “moda” e em pleno vigor)!!!
 
Rafael Marques de Morais assume a responsabilidade de por similitude mal-parada estar a contribuir pata trazer para Angola o inverno e não a “primavera” que assola os árabes, como a crise civilizacional que assola os próprios Estados Unidos e a Europa!
 
O Maka Angola, onde Rafael Marques de Morais publica os seus escritos, recebeu portanto do National Endowment for Democracy a quantia de 64.000 USD, ou seja 24% do total de 256.466 USD que o NED oficialmente distribuiu em 2011 a 7 “organizações não governamentais” distintas em Angola!
 
É claro que não pagaram sequer impostos!
 
Eis o que o Maka Angola publicou a propósito dessa “doação inocente”, sinónimo da “independência” de que se nutre Rafael Marques de Morais:
 
“…O director de programas para África do NED, Dave Peterson, adiantou:
 
O National Endowment for Democracy orgulha-se do apoio que presta à Maka Angola, no seu corajoso trabalho de luta contra a corrupção e defesa da democracia e dos direitos humanos. Estamos muito impressionados com o impacto que o portal tem tido, com o trabalho de cuidadosa investigação dos factos e com a coragem em contar a verdade e desafiar aqueles que praticam abusos de poder.”
 
Procurei por outro lado no Maka Angola pela sua “equipa de trabalho” e a resposta é esta (uma equipa de “uma nota só”):
 
Rafael Marques de Morais, Director Rafael Marques de Morais é um jornalista e pesquisador angolano, com especial interesse sobre a economia política de Angola e os direitos humanos. Em 2000, recebeu o distinto Percy Qoboza Award [Prémio Percy Qoboza para a Coragem Exemplar] da Associação Nacional dos Jornalistas Negros dos Estados Unidos da América. Em 2006 venceu o Civil Courage Prize [Prémio de Coragem Civil] da Train Foundation (EUA) pelas suas actividades em prol dos direitos humanos. Tem vários relatórios publicados sobre a violação dos direitos humanos no sector diamantífero em Angola, incluindo “A Colheita da Fome nas Áreas Diamantíferas” (2008), “Operação Kissonde: Os Diamantes da Miséria e da Humilhação” (2006) e “Lundas: As Pedras da Morte” (2005), em co-autoria com Rui F. Campos. Nascido em Luanda, Rafael é Mestre em Estudos Africanos pela Universidade de Oxford. É formado em antropologia e jornalismo na Goldsmiths, Universidade de Londres.
 
Carlos Duarte, Editor
 
Alfredo Muvuma, Editor”
 
Como com dinheiro se atrai dinheiro, até a Al Jazzera, tão implicada nas “primaveras árabes” já está interessada na “primavera em Angola”, com toda a “persuasiva inocência” que os “media de referência” reconhecem no Qatar:
 
“Um novo filme produzido pela Al Jazeera documenta o nascimento do movimento de protesto em Angola.
 
Inspirado pela Primavera Árabe e alimentado pela cultura do rap revolucionário e hip hop consciente, um movimento liderado por jovens começou a sair às ruas de Luanda desde 2011, exigindo o fim de décadas de corrupção e de governo autoritário.
 
Angola: Birth of a Movement, produzido pela cadeia de televisão do Qatar, acompanha três jovens activistas angolanos (Luaty Beirão, Carbono Casimiro e Mbanza Hamza) na sua luta para criar um espaço público de dissidência num país amordaçado pelo medo. O filme, de 25 minutos, é um dos episódios da série Activate, que acompanha activistas espalhados pelo mundo inteiro, e será transmitido pela Al Jazeera a partir de 5 de Novembro”.
 
Os temas que Rafael Marques de Morais escolhe são tomados como “produtos de primeira linha” em relação a muitos “receptores” dentro e fora do país, “receptores” que acabam por estar “em sintonia” com as mensagens que interessa ao império; isso é um fenômeno típico de ingerência e manipulação quando se verifica que os dois lados “da barricada” resultam duma manipulação artificiosa que tem proveniência na mesma potência: a administração de Barack Hussein Obama e os instrumentos que ela se serve a partir dos Estados Unidos para gerir este tipo de contenciosos.
 
Com isso instala-se a “mudança dialéctica”, como se mais nada houvesse em termos sócio-políticos para se resolver em Angola.
 
Tudo o mais fica pendente por causa desse artifício que nos chega de fora!
 
É grave arrastar o MPLA, pelo menos alguns dos seus melhores filhos, para uma situação que o movimento de libertação não escolheu, nem o merece, tão grave quanto não é com a manutenção de desequilíbrios que chegam ao extremo deste tipo de contenciosos que alguma vez se conseguirá resolver o que quer que seja no âmbito dum mínimo de paz social e a prova está, desde logo, na estratégia de tensão que está a envenenar pouco a pouco a sociedade e poderá trazer conseqüências maiores: o retorno ao conflito, ou mesmo à guerra!
 
Os patriotas, os que não caem neste tipo de “jogos africanos” à maneira yankee, têm bastos motivos para ficar preocupados e lançar o alerta!
 
Foto: Copiada do artigo “Angola e George Soros… enfim o entendimento” publicado a 7 de Novembro de 2003 pela Voice of America; o artigo em causa já não consta na Internet.
 
Consultas:
- Rafael Marques recebido no Departamento de Estado dos EUA – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/02/angola-rafael-marques-recebido-no.html
- Al Jazeera Produz Documentário Sobre Movimento de Protesto em Angola – http://makaangola.org/2012/10/26/english-angola-birth-of-a-movement-on-al-jazeeras/
 
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* Para ler todos os textos de Martinho Júnior, clique aqui
 

1 comentário:

Anónimo disse...

Agente de la CIA con experiencia en Iraq y Afganistán dirige periodistas “independientes” en Cuba - http://lapupilainsomne.wordpress.com/2012/11/19/agente-de-la-cia-con-experiencia-en-iraq-y-afganistan-dirige-periodistas-independientes-en-cuba/

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