Partidos alemães
aguardam ansiosos resultado da eleição no estado da Baixa Saxônia. Mais do que
um pleito regional, ela definirá o futuro político de vários líderes nacionais.
O candidato
social-democrata à chefia de governo alemão, Peer Steinbrück, afirmou que as
eleições estaduais na Baixa Saxônia desempenham "um papel
fundamental" para ele. O adversário da chanceler federal Angela Merkel
anseia por ventos favoráveis em seu percurso até as eleições parlamentares
alemãs deste ano – algo que, por muito tempo, a Baixa Saxônia parecia poder lhe
oferecer. Social-democratas e verdes estavam claramente na liderança nas
pesquisas.
Mas a clara
vantagem nas pesquisas de opinião se transformou numa disputa apertada com os
partidos da coligação conservadora-liberal, a União Democrata Cristã (CDU) e o
Partido Liberal Democrático (FDP), atualmente à frente do governo da Baixa
Saxônia. Se os democrata-cristãos sob a liderança do governador David
McAllister, um protegido de Merkel, não forem derrubados do governo do estado,
a situação vai ficar ruim para Steinbrück.
Todos, desde a
imprensa até os críticos internos do Partido Social Democrata (SPD), responsabilizariam
Steinbrück pela derrota, apontando para o escândalo de seus cachês milionários
para palestras ao setor privado e às suas observações infelizes sobre o baixo
salário de um chanceler federal alemão e sobre vinhos baratos.
O SPD já disse que
não vai trocar seu candidato à chancelaria federal. Mas, pouco antes da hora da
verdade, os social-democratas estão tremendo de medo, e não só eles.
Destino incerto
para o liberais
De acordo com as
pesquisas, o partido A Esquerda, que na última eleição estadual pôde comemorar
sua expansão para o Oeste Alemão também na Baixa Saxônia, não deverá conseguir
o limite mínimo de 5% de votos para a representação parlamentar, devendo deixar
a Assembleia Legislativa do estado, como foi o caso recentemente na Renânia do
Norte-Vestfália e em Schleswig-Holstein. O encolhimento em direção a um partido
do Leste Alemão toma cada vez mais forma.
Este domingo
eleitoral é considerado um dia fatídico também para o presidente do FDP,
Philipp Rösler. Nos bastidores de seu partido, as facas já estão sendo afiadas
para o sacrifício da ex-estrela jovem dos liberais, cuja liderança é hoje vista
como fraca e insípida.
Em recentes
pesquisas nacionais, os liberais alcançaram apenas 3% das intenções de votos.
Também na Baixa Saxônia paira a ameaça de eles não alcançarem o limite mínimo
de 5%. "Fico arrasado ao ver o estado de meu partido", declarou recentemente
o ministro da Cooperação Econômica, Dirk Niebel, e exigiu mudanças no quadro de
lideranças. Sem muita convicção, Rösler declarou sua disposição de assumir as
consequências: o presidente nacional de um partido deve sempre assumir a
responsabilidade pelos resultados eleitorais nos estados, declarou.
No caso de um
fracasso dos liberais na Baixa Saxônia, alguns analistas políticos profetizam
que, pela primeira vez na história da República Federal da Alemanha, poderá
haver um Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) sem a participação do
FDP a partir do próximo ano.
Mas ainda não se
chegou até esse ponto. Nas eleições estaduais de Schleswig-Holstein e da
Renânia do Norte-Vestfália, em 2012, a morte do partido também havia sido
anunciada, mas – graças à participação de fortes candidatos – ele conseguiu
mais de 8% dos votos em cada estado.
A esperança do FDP
é baseada, desta vez, novamente numa peculiaridade do direito eleitoral alemão:
muitos eleitores da CDU, partido de Merkel, poderiam dar seu primeiro voto para
o candidato do próprio partido e, com o segundo voto, levar o Partido Liberal
Democrático à Assembleia Legislativa do estado.
Merkel despreocupada
Nesse caso, a
coligação conservadora-liberal sob o comando de McAllister poderia permanecer
no governo da Baixa Saxônia. O político de origem escocesa pode contar,
sozinho, com cerca de 40% dos votos – um resultado que poderia lhe abrir as
portas para um ministério na capital alemã, caso venha a perder o poder em seu
estado devido ao fracasso do Partido Liberal.
Há rumores, por
exemplo, de que McAllister possa se tornar o próximo ministro da Educação caso
a atual chefe da pasta, Annette Schavan, tropece nas acusações de plágio em sua
tese de doutorado.
Nas últimas
semanas, Merkel apareceu nada menos que sete vezes ao lado de McAllister
durante a campanha eleitoral da Baixa Saxônia, sempre de bom humor. Essa
serenidade tem seus motivos: uma derrota dos democrata-cristãos e liberais na
Baixa Saxônia não afetaria em nada a popularidade de Merkel no país.
Afinal, as
pesquisas indicam que o candidato dela, McAllister, deverá obter um bom
resultado; a culpa por um eventual fracasso da coligação conservadora-liberal
seria do FDP; e, para um terceiro mandato na chancelaria federal em Berlim, a
presidente do partido mais forte da Alemanha teria novas opções, bem além de
uma aliança com os liberais.
Autor: Bernd
Grässler (ca) - Revisão: Alexandre Schossler
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