Esquerda net - foto Javier Lizon, Lusa
Silenciosa e
lentamente, o Estado espanhol esvaziou o Fundo de Reserva da Segurança Social
para compra de obrigações e dívida própria. Segundo o The Wall Street Journal,
Madrid terá gasto nesses fins pelo menos 90% dos 65.000 milhões de euros que
compunham esta reserva, destinada a garantir o pagamento de pensões. Artigo
publicado no Diário Liberdade.
A reserva da
Segurança Social está a esgotar-se a uma velocidade preocupante, 'graças' à sua
utilização para pagamento de dívida. Assim, a utilização massiva do fundo para
fins não relacionados com os objetivos para os que fora criado coloca as
futuras e futuros pensionistas em maus lençóis, e parece confirmar que o
governo de Rajoy prevê um futuro sem proteção social.
O governo espanhol,
comandado pela ultradireita (Partido Popular), justifica a sustentabilidade da
manobra já que, segundo avança, a economia começará a recuperar-se em 2013.
Porém, hoje existem enormes dúvidas sobre essa previsão e analistas avaliam que
o Estado espanhol possa ter mesmo problemas para satisfazer as suas
necessidades de financiamento neste ano. Isso poderá levar ao esgotamento total
do Fundo de Reserva e, assim que essa fonte acabar, a que o Estado espanhol
peça um resgate.
O investimento de
pelo menos 90% do Fundo de Reserva da Segurança Social para pagar a dívida do
regime espanhol viola inclusive as próprias leis desse governo, pois um decreto
promulgado por Madrid estabelecia que o dinheiro pertencente a esse fundo só poderia
ser investido em elementos "de alta qualidade creditícia e alto nível de
liquidez". Condições que, obviamente, não cumpre hoje a dívida do
decadente Estado espanhol.
Ainda que Tomás
Burgos, Secretário de Estado da Segurança Social -e, aliás, envolvido em casos
de corrupção nas Ilhas Canárias-, defenda que o fundo é o bastante sólido para
assegurar o pagamento das pensões futuras, o certo é que nas condições atuais
de desemprego e recessão económica há poucos motivos para confiar nas suas
palavras, sobretudo tendo em conta que o Sistema da Segurança Social tem um
défice de 3.000 milhões.
Uma última reflexão
pode indicar para onde vai o dinheiro dessa dívida: Segundo dados de outubro da
'Comissão Nacional da Competência' (CNC) só em 2010 a banca recebeu 87.145,47
milhões de euros do governo espanhol (dá a 1.846,67 euros por pessoa). Quase
150% dos fundos que ao longo dos anos se tinham conseguido aforrar no Fundo de
Reserva da Segurança Social.
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