domingo, 13 de janeiro de 2013

Portugal: REFORMAS DO FMI REFORMAS DE AUTARCAS




Henrique Monteiro – Expresso, opinião

Há, em Portugal reformas impossíveis, como algumas que propõe o FMI. Mas há outras, que sendo mais abstrusas do que aquelas, são reformas possíveis - como a da senhora presidente da Câmara de Palmela, que depois de 26 penosos anos de trabalho, fica com uma reforma de 1859 euros aos 47 anos de idade. Ana Teresa Vicente, socióloga de profissão e autarca desde 2001, consegue este direito por uma norma que faculta aos políticos a contagem do tempo a dobrar para efeitos de reforma (o PCP, partido a que pertence a autarca, foi e é contra a norma, mas a ideologia, já se sabe, só é útil quando convém para efeitos de obtenção de reforma).

E pronto. Havia uma raspadinha que dava 1500 euros mensais por 10 anos, mas este prémio é mais chorudo. Se Ana Teresa viver mais 40 anos, aufere do Estado um prémio de pouco menos de um milhão de euros. Bom prémio, e a que muita gente que trabalhou 40 anos e não tem nem metade (e outros que nem reformados ainda podem ser) deve deixar cheios de inveja.

E, aqui entre nós, eu penso que é devido a reformas destas que uma boa parte das outras reformas (as do FMI) são impossíveis de levar neste país. É que se o Estado diminui o seu peso, lá se vão estas e outras regalias.

1 comentário:

José Sousa e Silva disse...

Bem observado e muito bem escrito.
Não querendo ser "desmancha-prazeres" tenho que fazer aqui um reparo.
Esta Senhora tem 20 anos (8 como vereadora e 12 como presidente eleita com maiorias absolutas) de descontos para a reforma. É tida como competente e honesta por quase toda a população do Concelho de Palmela que vota nela independentemente das cores partidárias (por acaso esta Senhora não é do PCP mas está lá perto - é dos "Verdes").
Agora vai reformar-se ao abrigo da Lei que foi feita pelos partidos do chamado arco da governação auferindo um montante que nem sequer escandaliza, 1.859 euros mensais.
Não sei se a publicidade que tem sido feita a propósito deste "fenómeno" é ou não uma forma (mais uma) de desviar as atenções dos "nababos" que se passearam pelas "cadeiras douradas" por apenas alguns meses e que auferem pensões 10 ou mais vezes superiores.
Se estiver a ver mal "a coisa" gostaria que usassem do contraditório.
"Oh tempore ! Oh mores !"

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