Forças Armadas
guineenses acreditam na justiça dos EUA no caso Bubo Na Tchuto
11 de Abril de
2013, 17:21
Bissau, 11 abr
(Lusa) - O porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau afirmou
hoje acreditar na justiça norte-americana para um tratamento justo no processo
do ex-chefe da Armada Bubo Na Tchuto, suspeito de tráfico de droga.
Falando à Agência
Lusa no âmbito do balanço de um ano após o golpe de Estado que destituiu as
autoridades eleitas, Daba Na Walna aproveitou para comentar que tudo o que se
sabe até agora sobre a captura de Bubo Na Tchuto pelas autoridades
norte-americanas é através da imprensa.
"Acredito na
justiça norte-americana. Se há país no mundo em que a justiça funciona com
imparcialidade são os Estados Unidos e, como disse o governo, Bubo Na Tchuto
terá um tratamento como qualquer um, terá o seu advogado para lhe garantir a
defesa. Vamos aguardar para ver o que vai ser", declarou Na Walna,
frisando ser prematuro tecer mais comentários.
O porta-voz do
Estado-Maior das Forças Armadas sublinhou que Bubo Na Tchuto já não fazia parte
dos quadros desde que passou à reserva em dezembro de 2011, na sequência de uma
alegada tentativa de golpe de Estado de que seria autor.
"Mas seja como
for, como cidadão e como militar, não deixa de entristecer um pouco saber que o
meu concidadão foi capturado por um outro país e seguramente será submetido à
justiça nesse país", notou Na Walna.
O oficial militar
abordou igualmente a atual situação da Guineé-Bissau, destacando ser
praticamente impossível realizar eleições gerais ainda este ano por falta de
agenda nacional que balize o período de transição.
Ao ser solicitada
uma data exata para as eleições, Na Walna disse que prefere dizer o que o
Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, tem dito.
"Assumiria a
posição do Presidente da República. Que não é apologista de uma transição 'ad
eternum' (sem fim) mas também não é apologista de uma transição feita à
pressa", disse Na Walna, atirando "as culpas" para a classe
política por aquilo que diz ser a estagnação geral do país.
"Trinta e nove
anos já se passaram desde a independência, vejam o que o nosso país é. Isto é
uma miséria. Digo isso francamente, quando oiço políticos a dizerem que são
políticos, eu pergunto, mas qual a vossa experiencia política, que não se
traduz em bem-estar social do povo. O país está como está. A capital Bissau
está com ruas esburacadas, isto não obstante o país ser rico em recurso
minerais", disse o coronel.
Para Na Walna é
"um pingue-pongue" o exercício que se faz no país sobre as eventuais
responsabilidades entre os políticos e os militares sobre a situação da
Guiné-Bissau.
O porta-voz do
Estado-Maior citou como exemplo do ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior,
que considera preferir uma "política de terra queimada" em vez de
privilegiar o interesse nacional.
Na Walna disse ter
ficado perplexo quando ouviu Gomes Júnior a afirmar que se for eleito
Presidente da República não irá respeitar os acordos assinados pelo atual
governo de transição.
Quanto aos países
lusófonos com os quais as autoridades de transição praticamente não falavam
desde o golpe de Estado, o porta-voz do exército guineense enalteceu que
"paulatinamente" as portas se estão a abrir de novo.
E disse que a
Guiné-Bissau "nunca cortou as relações" com Angola, com Portugal e
com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa no seu todo.
MB // APN
Forças da ordem da
Guiné-Bissau apreendem quase 50 armas de fogo nas mãos de populares
12 de Abril de
2013, 14:37
Bissau, 12 abr
(Lusa) - Forças da ordem da Guiné-Bissau apreenderam na última madrugada cerca
de 50 armas de fogo nas mãos de populares de quatro 'tabancas' (aldeias) do
interior norte do país, disse hoje o comissário-geral da Polícia de Ordem
Pública.
De acordo com o
general Armando Nhaga, em declarações à Agência Lusa, as operações decorreram
nas 'tabancas' de Ponta Agosto Barros, Kanhop, Djolmet e Bilon, arredores da
cidade de Canchungo, por serem zonas identificadas pela polícia como sendo
locais em que ocorrem regularmente assaltos à mão armada.
Mais de 500 homens,
entre polícias, elementos da Guarda Nacional e militares do batalhão do
Estado-Maior General das Forças Armadas tomaram parte nas operações, que
resultaram na captura de 47 armas de fogo (algumas de uso estritamente
militar), fardamento e outros equipamentos do exército.
"São objetos
que são utilizados em assaltos à mão armada sobretudo nas casas de criadores de
gado. Alguns criadores de gado foram abatidos pelos ladrões", disse
Armando Nhaga.
O comissário da
polícia diz que apesar da captura dos equipamentos e armas, não foi detido
ninguém.
"Estranhamente,
não conseguimos apanhar nenhuma pessoa. Houve fuga de informação e os homens
dessas 'tabancas' puseram-se em fuga no dia da operação", referiu Armando
Nhaga.
"Entrámos nas
casas e só encontrámos mulheres, mas mesmo assim fizemos as buscas",
acrescentou ainda o chefe da polícia guineense, anunciando que operações do
género irão continuar sem qualquer aviso.
MB // VM
ONU, UA, Cabo Verde
e Brasil concertam-se para debate sobre Guiné-Bissau
12 de Abril de
2013, 14:48
Cidade da Praia, 12
abr (Lusa) - A ONU, União Africana (UA), Cabo Verde e Brasil concertaram hoje,
na Cidade da Praia, ações coordenadas para o debate sobre a Guiné-Bissau, que
se realizará em maio no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova
Iorque.
A ideia de
concertação foi avançada hoje pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil,
Antonio Patriota, que, no regresso de Lisboa, fez nova escala em Cabo Verde
para se reunir com o representante especial do secretário-geral da ONU para a
Guiné-Bissau, José Ramos Horta, e o representante da UA no país, Ovídeo
Pequeno, e com homólogo cabo-verdiano, Jorge Borges.
"Atualizámos
os últimos desenvolvimentos para encontrar uma coordenação. É muito importante
que os atores individuais e grupos regionais também se reforcem mutuamente numa
estratégia de estabilização, de volta à plena vigência democrática na
Guiné-Bissau e de promoção do progresso, paz, segurança e desenvolvimento
económico da Guiné-Bissau", sublinhou o chefe da diplomacia brasileira.
"Tudo tendo em
conta que, dentro de um mês, mais ou menos, se realizará um debate sobre a
Guiné-Bissau no Conselho de Segurança das Nações Unidas", salientou
Patriota, o único dos quatro presentes na reunião de quase duas horas que falou
à imprensa.
O ministro
brasileiro disse estar em curso uma "sintonia" entre as quatro partes
envolvidas na reunião, que decorreu na Sala VIP do aeroporto da Cidade da
Praia, sobretudo no que diz respeito à assinatura de um Pacto de Regime,
elaboração de um calendário eleitoral, criação de um Governo inclusivo e à
realização de eleições gerais antes do fim do ano.
"Favorecemos a
realização de eleições e o cumprimento de certas tarefas pelas autoridades de
facto na Guiné-Bissau. Mas reitero que o importante aqui foi essa reunião de
atualização e também o exame de quais seriam as próximas etapas no esforço de
coordenação" entre a ONU, UE, UA e as comunidades dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) e Económica dos Estados da África Ocidental (CPLP), referiu.
Antonio Patriota já
passara na quarta-feira por Cabo Verde, a caminho de Lisboa, tendo, na ocasião,
reunido, também no aeroporto da Cidade da Praia, com Ramos-Horta, para analisar
a crise político-militar na Guiné-Bissau.
Ramos-Horta e
Ovídeo Pequeno, por seu lado, estão desde terça-feira na Cidade da Praia em
contactos com Jorge Borges e com o Presidente e com o primeiro-ministro de Cabo
Verde, Jorge Carlos Fonseca e José Maria Neves, a analisar também a crise
guineense.
O encontro dos dois
representes especiais para a Guiné-Bissau com Patriota estava previsto para se realizar
no Brasil, mas a coincidência da deslocação do ministro brasileiro a Portugal
permitiu que, em duas pequenas escalas, a reunião se concretizasse na capital
cabo-verdiana, de onde partem sábado de manhã para Bissau.
JSD // VM
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