Como o país que
inventou o sexo livre se transformou no carrasco de Julian Assange? Um dos
maiores inovadores do jornalismo na história só poderia ser catalogado como
estuprador num país em que ter pênis virou um pecado
Paulo Nogueira, em
seu blog – Pragmatismo Político
Quer entender o que
está acontecendo com Julian Assange, um dos maiores inovadores do jornalismo em
toda a história, um titã da transparência e do combate a governos e corporações
corruptas?
Leia Uma Breve
História do Sexo Sueco — como a nação que nos deu o amor livre redefiniu o
estupro e declarou guerra a Julian Assange. O autor é Oscar Swartz, um guru
sueco de TI de 53 anos e um libertário em todas as esferas, da política ao
sexo.
Torço para que
alguma editora brasileira já esteja traduzindo. Meu exemplar comprei na Amazon,
e comecei a ler depois de um simples clique para comprar e baixar o livro.
Swartz facilitou ao
máximo nossa vida. Fez uma linha do tempo. Seu relato vai dos anos dourados do
sexo na Suécia àquilo em que ela se transformou hoje – um inferno para os
homens.
A primeira parte é
conhecida. A Suécia era uma referência de liberdade sexual nos anos 1950 e
1960. Vigoravam lá idéias muito à frente do tempo, como o “erotismo
samaritano”. Isso significava o seguinte: proporcionar sexo a pessoas
desfavorecidas. Por exemplo, deformadas, ou com problemas neurológicos sérios.
O Estado manteria bordéis para atender as necessidades sexuais dos
impossibilitados de conquistar mulheres pelas vias normais.
Os suecos viam o
sexo com extraordinária naturalidade. Swartz cita um filme que marcou época, A
Linguagem do Corpo, de 50 anos atrás. Comprei. Impressionante. Estudiosos
sérios discutem a melhor maneira de homens e mulheres terem uma vida sexual boa
com imagens explícitas. Há uma aula sobre a fisiologia da masturbação feminina
ilustrada com uma mulher se acariciando. E há recomendações ainda hoje atuais
sobre o que o casal não deve fazer – intolerância um diante do outro etc etc.
Essa era a Suécia,
um paraíso do sexo libertador.
Até que, nos anos
1970, florescesse lá um feminismo predador em que o homem acabaria se
transformando no lixo da humanidade. A influência veio dos Estados Unidos.
Particularmente, de uma feminista chamada Valerie Solanas, autora do Manifesto
Scum, um clássico anti-homens. (Valerie se notabilizaria não apenas pelo
manifesto como pela tentativa de matar Warhol porque ele perdeu os originais de
uma peça que ela lhe passou.)
A diatribe de
Valerie conquistou mulheres influentes na Suécia, e foi então que o pesadelo
começou. (A principal acusadora de Assange, Anne Ardin, é uma devota de
Valerie.)
As feministas
suecas foram ganhando posições importantes na mídia, na política e na justiça,
e os homens foram sendo reduzidos à condição de bandidos sexuais até que provem
o contrário, se conseguirem.
O conceito de
estupro passou a ser mais e mais esticado. Num certo momento, uma discussão
forte se iniciou sobre o “sexo por insistência”. Suponhamos que você insista
com uma amiga para que ela durma com você. Ela topa, afinal. Depois, se
arrependida, ela poderia acusar você de estupro. O tema ainda está em aberto.
Swartz conta o caso
de um rapaz de 18 anos cuja namorada ficava na casa dele com frequência. Os
dois faziam sexo praticamente o tempo todo. Um dia, ela estava dormindo na casa
dele, e no meio da noite ele a acariciou. Quando o garoto rompeu com a
namorada, ela o processou por estupro por conta da noite em que ele procurou
sexo na madrugada. Resultado: um ano de cadeia para ele.
Assange errou
quando fez sexo na Suécia sem conhecer os riscos enormes de retaliação caso as
mulheres se sintam contrariadas ou rejeitadas. Mas acertou ao recusar a ir para
lá, porque o que o esperava era uma condenação antecipada. A mídia local já
vinha fazendo uma campanha intensa contra ele. (E continua.) Na polícia e na
justiça, herdeiras de Valerie fatalmente o justiçariam. As chances de elas
encaminharem alegremente Assange para os Estados Unidos seriam enormes.
Swartz fez um
trabalho notável.
Assange só poderia
ser catalogado como estuprador num país em que ter pênis é um pecado.
Foto: As outrora
libertárias suecas adotaram um feminismo radical em que o pênis é um inimigo
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1 comentário:
O marxismo cultural está destruindo a Suécia.
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