Verdade (mz), editorial
O Governo nunca
quis dialogar com os profissionais da Saúde. Aliás, é mais correcto dizer que o
Governo não deu mostras de querer dialogar. As inúmeras cartas enviadas pela
Associação Médica de Moçambique, solicitando um encontro com os membros do
Executivo de Armando Emílio Guebuza nunca tiveram resposta.
Isso é público, mas
não é conveniente abordar. Portanto, se temos uma classe profissional que
procurou estabelecer pontos de contacto e de diálogo só mesmo por sacanice é
que se pode afirmar – via televisão propagandística da Frelimo – que a greve
resulta da insatisfação de uma exigência de 100 porcento de aumento salarial.
Há fármacos que
atenuam certas doenças mentais. Dedicar-se, por isso, à droga, era capaz de ser
uma boa ideia para muitos órgãos de informação e analistas de taberna. É o caso
da Televisão de Moçambique(TVM) e certos fulanos. Aquele órgão já nos habituou
à demência com a qual a informação de interesse público é abordada, mas nunca é
demais referir certos atropelos à verdade dos factos.
Os médicos exigem
100 porcento de aumento. Essa é a maior das alarvidades propaladas pela
televisão pública e por um bando de analistas cumplicemente míopes que pululam
peles redes sociais numa campanha desenfreada de desinformação.
O papel a que se
prestam os funcionários da TVM não os dignifica. Colocar directores províncias
da Saúde em directo para desmentir uma greve real é mesmo coisa de doidos ou de
quem perdeu propositadamente o cérebro há muito tempo na areia movediça do
culambismo.
Nem os inquilinos
de um manicómio fariam melhor. Essa forma, primeiro, de rebaixar o jornalismo e
a decência de uma profissão que devia ser nobre ao papel de propaganda
encapotada e, segundo, reduzir um órgão que funciona com verbas públicas à
dimensão de fantoche de quem dirige o país diz muito da sociedade que somos.
Contudo, as
notícias mentirosas veiculadas pelo canal de propaganda da Frelimo dizem mais
da TVM do que propriamente daqueles a quem se destina. No que diz respeito à
greve dos médicos, sobretudo porque emite uma quantidade de lixo absurda, o
mais aconselhável é desligar o receptor porque sob a capa de jornalistas
trabalham pessoas que desconhecem profundamente o sentido de cidadania e de
informação de interesse público.
Para a televisão
pública nunca houve greve, salvo a sabotagem de uns pouco marginais que, por
mero acaso, cursaram medicina. Ou seja, umas poucas massas podres que cumprem
agendas estranhas e tentam desviar os profissionais da Saúde da sua função que
é salvar vidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário