Pacheco Pereira - Abrupto
Não vale a pena
fazer muitas ondas com o uso da expressão “união nacional” por Passos Coelho,
ainda por cima enunciando que a escolhera em detrimento de outra, a de “unidade
nacional”. A ignorância de Passos da história portuguesa recente não é novidade,
mesmo em quem apresenta dados “antifascistas” na sua “biografia” ficcional e
foi da JCP. Também importa pouco o facto de ele mesmo já ter usado e recusado a
mesma expressão” união nacional”. Como aquilo é tudo colado a cuspo, não
admiram estas flutuações. Passos não é salazarista, é indiferente ao
salazarismo. No fundo, Passos quer dizer a mesma coisa com a sua “união
nacional”, que Cavaco com a “salvação nacional”. Ambos comparticipam de uma
cultura política que menospreza o valor da diferença, das “partes” em
democracia, das ideias e das políticas como interpretações distintas da mesma
realidade social, ambos ocultam o papel dos interesses e das ideias em
democracia, tudo aquilo que faz com que duas pessoas “igualmente informadas”
não cheguem às mesmas conclusões.
O problema não é
pois o uso da expressão, mas sim o pensamento que está por detrás dela: o de
que o seu programa é “natural”, é a “realidade” e só gente pervertida pela
“porca” da política, o pode recusar. A expressão é um apelo a que o PS se junte
à “realidade”, àquilo que é a política do governo, entendida como não tendo
alternativa. A pulsão pelo Único é que é preocupante, os termos e o seu uso,
são apenas ignorância.
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