Díli, 15 out (Lusa)
- A ex-ministra da Justiça timorense Lúcia Lobato afirmou à agência Lusa que
vai voltar à política quando sair da prisão, onde está desde janeiro depois de
ter sido condenada a uma pena de cinco anos.
"Acho que fiz
uma escolha e vou continuar a estar na vida política. No início queria ser uma
professora, não consegui. Queria ser uma advogada para defender um cliente, não
consegui, queria ser uma mãe para cuidar dos meus filhos, é impossível, por isso
fiz uma escolha e quando sair da prisão vou continuar na política",
afirmou Lúcia Lobato.
Lúcia Lobato foi
condenada em junho de 2012 a cinco anos de prisão pelo Tribunal Distrital de
Díli pela prática de um crime de participação económica em negócio.
O crime é relativo
à aquisição de fardas para equipar guardas prisionais da Direção Nacional dos
Serviços Prisionais e de Reinserção Social.
Na sentença
proferida pelo tribunal, a ex-ministra, que foi suspensa do cargo para ir a
tribunal, foi também condenada ao pagamento de 4.350 dólares (3.256 euros ao
câmbio atual).
"É uma
promessa que fiz e uma escolha que fiz e já não há outro caminho",
salientou.
Questionada pela
Lusa se vai continuar no Partido Social Democrata, partido político onde
ocupava o cargo de vice-presidente, a ex-ministra disse que é um assunto que
"tem de ser bem pensado".
"Se queres
estar na política tens de estar num partido político. É uma situação um
bocadinho complicada. Se eu depois da minha prisão vou continuar com o PSD ou
não é uma decisão que vou tomar quando sair daqui. O certo é que vou continuar
na política", disse.
Nas declarações à
Lusa, Lúcia Lobato disse também que quer continuar a trabalhar para melhorar o
sistema judicial de Timor-Leste que "não está a funcionar bem".
"Quando sair
daqui, tenho essa esperança de conseguir mais energias para trabalhar melhor,
contribuir para o nosso sistema judicial", disse, acrescentando que tomou
aquela decisão depois de falar com os seus colegas no estabelecimento
prisional.
"Porque
estando cá conheço bem as pessoas aqui dentro, falo com a maioria, e começo a
perceber que muitos estão inocentes. Muitos também cometeram crimes, mas não
foram julgados de acordo com as regras", explicou.
Para a ex-ministra,
há irregularidades que acontecem no sistema judicial, que podem ser evitadas,
nomeadamente o facto de muito detido só se encontrarem com os advogados no
tribunal e muitas mulheres presas não verem os filhos há anos.
"Se não
entrasse aqui não conhecia as coisas. Desde o início que fizemos tudo para
construir um sistema judicial forte para o país. Eu na altura também pensava
que as coisas estavam a funcionar bem. Fiz muitas visitas aos prisioneiros, mas
não entrava assim muito detalhadamente. Agora estou aqui, com as pessoas e
percebo melhor a situação", disse.
Apesar de
reconhecer que há muita coisa para fazer no país, Lúcia Lobato afirmou que se o
"sistema judicial não funcionar como deve ser Timor-Leste não vai ter um
futuro".
MSE // PJA – Lusa –
foto em Sapo TL
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