domingo, 20 de outubro de 2013

Ex-ministra da Justiça timorense vai regressar à política quando sair da prisão

 


Díli, 15 out (Lusa) - A ex-ministra da Justiça timorense Lúcia Lobato afirmou à agência Lusa que vai voltar à política quando sair da prisão, onde está desde janeiro depois de ter sido condenada a uma pena de cinco anos.
 
"Acho que fiz uma escolha e vou continuar a estar na vida política. No início queria ser uma professora, não consegui. Queria ser uma advogada para defender um cliente, não consegui, queria ser uma mãe para cuidar dos meus filhos, é impossível, por isso fiz uma escolha e quando sair da prisão vou continuar na política", afirmou Lúcia Lobato.
 
Lúcia Lobato foi condenada em junho de 2012 a cinco anos de prisão pelo Tribunal Distrital de Díli pela prática de um crime de participação económica em negócio.
 
O crime é relativo à aquisição de fardas para equipar guardas prisionais da Direção Nacional dos Serviços Prisionais e de Reinserção Social.
 
Na sentença proferida pelo tribunal, a ex-ministra, que foi suspensa do cargo para ir a tribunal, foi também condenada ao pagamento de 4.350 dólares (3.256 euros ao câmbio atual).
 
"É uma promessa que fiz e uma escolha que fiz e já não há outro caminho", salientou.
 
Questionada pela Lusa se vai continuar no Partido Social Democrata, partido político onde ocupava o cargo de vice-presidente, a ex-ministra disse que é um assunto que "tem de ser bem pensado".
 
"Se queres estar na política tens de estar num partido político. É uma situação um bocadinho complicada. Se eu depois da minha prisão vou continuar com o PSD ou não é uma decisão que vou tomar quando sair daqui. O certo é que vou continuar na política", disse.
 
Nas declarações à Lusa, Lúcia Lobato disse também que quer continuar a trabalhar para melhorar o sistema judicial de Timor-Leste que "não está a funcionar bem".
 
"Quando sair daqui, tenho essa esperança de conseguir mais energias para trabalhar melhor, contribuir para o nosso sistema judicial", disse, acrescentando que tomou aquela decisão depois de falar com os seus colegas no estabelecimento prisional.
 
"Porque estando cá conheço bem as pessoas aqui dentro, falo com a maioria, e começo a perceber que muitos estão inocentes. Muitos também cometeram crimes, mas não foram julgados de acordo com as regras", explicou.
 
Para a ex-ministra, há irregularidades que acontecem no sistema judicial, que podem ser evitadas, nomeadamente o facto de muito detido só se encontrarem com os advogados no tribunal e muitas mulheres presas não verem os filhos há anos.
 
"Se não entrasse aqui não conhecia as coisas. Desde o início que fizemos tudo para construir um sistema judicial forte para o país. Eu na altura também pensava que as coisas estavam a funcionar bem. Fiz muitas visitas aos prisioneiros, mas não entrava assim muito detalhadamente. Agora estou aqui, com as pessoas e percebo melhor a situação", disse.
 
Apesar de reconhecer que há muita coisa para fazer no país, Lúcia Lobato afirmou que se o "sistema judicial não funcionar como deve ser Timor-Leste não vai ter um futuro".
 
MSE // PJA – Lusa – foto em Sapo TL
 

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