terça-feira, 8 de outubro de 2013

O PODER DE ISABEL NA NOVA ZON OPTIMUS

 

Folha 8 – 05 outubro 2013
 
Isabel dos Santos marcou presença na assembleia geral de accionistas da Zon Optimus que elegeu Miguel Almeida para presidente executivo (CEO), mas isto não seria notícia por si só se não correspondesse, também, a uma afirmação de poder e de influência de uma accionista ‘especial’, que, até agora, tem sido uma espécie de ‘silent partner’ nas empresas portuguesas onde decidiu investir, e já não são poucas.
 
António Costa
 
A fusão da Zon com a Optimus estava pro­metida há anos, mas só foi pos­sível quando Isabel dos Santos se tornou a princi­pal accionista da empresa de cabo e quando o seu braço direito para os negó­cios em Portugal - Mário Silva - assumiu a condução deste processo. Daí até ao dia “D”, foi um passo, len­to para os intervenientes, rápido para quem, de fora, antecipava esta operação há tanto tempo.
 
Os primeiros resultados do processo de fusão entre a Zon e a empresa móvel do grupo Sonae deixavam transparecer, à vista desar­mada, que seriam o grupo de Paulo Azevedo a man­dar. Até pela nomeação para presidente executivo de Miguel Almeida, até agora presidente da Opti­mus. Quem assim pensa­va, terá ficado esclarecido sobre o que pensa Isabel dos Santos.
 
A empresária angolana apareceu, também, para mostrar que este é, mes­mo, um investimento dife­rente em relação a outros, como o BPI ou a Galp. Aqui, na Zon Optimus, não vai abdicar do poder de in­fluência e até de decisão, desde logo porque tam­bém integra o conselho de administração da empresa. O poder vai ser partilhado com a Sonae, num proces­so de aprendizagem que vai custar aos dois lados, e cujo sucesso dependerá, e muito, do próprio Miguel Almeida.
 
A Zon Optimus passa a ser de facto um concorrente de peso da PT, mas, tem, graças a Isabel dos Santos, uma oportunidade que a empresa liderada pela du­pla Henrique Granadeiro/ Zeinal Bava ainda não tem resolvida, que é a interna­cionalização em África e até em outros mercados.
 
Se o sector das telecomu­nicações está a ‘mexer’ no mundo , veja-se a opera­ção Verizon/Vodafone no valor de 130 mil milhões de dólares, não está menos activo em Portugal. A nova vida da Zon Optimus é, tal­vez, o ‘estímulo’ que falta aos accionistas da PT e da Oi para se entenderem de uma vez por todas.
 
A empresa portuguesa e a brasileira estão condena­das a fundirem-se ou a se­pararem-se de vez, e quan­to mais tempo demorarem a decidir, pior. Até porque não é sustentável por mui­to mais tempo manter Zei­nal Bava como CEO da Oi e presidente da PT Portu­gal, a empresa operacional da PT, enquanto Henrique Granadeiro faz o papel de CEO da holding da PT.
 

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