segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Portugal-Angola: O HÁBITO FAZ A PGR

 

Diário de Notícias, editorial
 
A singela justificação de que apesar de arquivado em julho, a notificação do processo ao procurador-geral de Angola só seguiu três meses depois porque o seu gabinete esteve a estudar a possibilidade de comunicar ou não o arquivamento ultrapassou o mais elementar bom senso. Mais ainda, porque a 4 de outubro, na sequência das declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros à Rádio Nacional de Angola - o famoso pedido de desculpas -, a própria Joana Marques Vidal garantia que "os processos estavam pendentes" e que "caso se justifique, será dada notícia pública" da decisão proferida, o que levou até o Presidente da República a aplaudir a medida - o que Cavaco Silva não saberia é que a decisão já há muito estava tomada.
 
Curiosamente, e após as repetidas queixas angolanas sobre a violação do segredo de justiça, a "notícia" prometida era divulgada a 30 de outubro num jornal e só horas depois a PGR confirmava o que já toda a gente já sabia - o processo tinha sido arquivado em julho.
 
O facto de se ter ignorado uma questão de Estado - não é exagero, basta atentar às declarações do Presidente José Eduardo dos Santos e do seu ministro das Relações Exteriores, e ao adiamento da cimeira Luso Angola - mantendo em silêncio decisão tão importante levanta, agora, dúvidas consistentes no Ministério Público. Três meses para decidir coisa tão simples?
 
Parecendo, finalmente, ter entendido a polémica criada e alimentada, Joana Marques Vidal anunciou que iria alterar as regras. A partir de agora os interessados seriam informados do fim dos processos. E porquê só agora? Porque não havia o "hábito de comunicar o arquivamento (...) não está prevista na lei a comunicação." E vai o novo "hábito" ser igual para todos? Não foi esclarecido, mas a maioria PSD/CDS já deixou um aviso claro: o Sol quando nasce é para todos.
 

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