Roger Soares* - Tempo Semanal (tl), opinião
A
Educação apresenta-se como um meio basilar e relevante para o
desenvolvimento de qualquer sociedade, e é igualmente, em si mesma, o
trampolim para o desenvolvimento do capital humano. Dada a relevância e
determinação assumidas pela Educação no Homem e na Sociedade, escusado será
dizer, a extrema importância que os instrumentos e meios utilizados e aplicados
no sistema de ensino, adotados pelo Ministério da Educação, assumem no desenvolvimento
das pessoas, instituições e sociedade, em geral. Prova disso, tem sido o nosso
sistema de ensino, não pelas melhores razões mas sim pela urgência de um novo
rumo, assente numa dinâmica mais ativa, eficaz e eficiente, caso contrário
estamos a entrar num beco sem saída.
Ora, ficando à
responsabilidade do Ministério da Educação esta envergadura, torna-se
necessário uma revisão coerente e eficiente, capaz de estabelecer programas
concretos e com conteúdos pragmáticos, de modo a promover a qualidade do
ensino.
É necessária uma
política objetiva e clara, apostando na melhoria das infraestruturas escolares,
na qualidade do ensino, bem como atender ao desenvolvimento de
competências e capacidades dos docentes.
No que toca ao
domínio das Línguas, oficiais e de trabalho, no sistema de ensino há,
claramente, o predomínio do Tétum, Malaio e Inglês, ficando o Português, de
certa forma, "marginalizado". Esta situação revela desinteresse
do Ministério da Educação em promover a Língua Portuguesa.
Como incentivo e
estímulo a todos os estudantes e académicos, é importante a colocação dos
bolseiros formados no estrangeiro no sistema do Governo timorense, uma vez
que o Ministério da Educação é a entidade responsável pelo pagamento dos
estudos, fora do país, desses bolseiros. Por isso, o Ministério deve,
moralmente, coordenar com os outros Ministérios a inserção desses
bolseiros formados, e de acordo com as suas formações específicas, nos
diferentes Ministérios, para poderem contribuir com os seus conhecimentos e
aptidões no processo de construção do país. Como tal, é bem salientar a
necessidade de revisão dos programas e instrumentos aplicados pelo Ministério
para a promoção e enriquecimento do sistema de ensino timorense. Caso
contrário, continuaremos a ter um sistema de ensino medíocre e sem capacidade
de mudança positiva para todo o pessoal estudantil e docente, quer no âmbito da
produtividade intelectual e capacidade de competitividade, quer no acesso aos
materiais escolares necessários.
Por outro lado, o
Ministro da Educação tem demonstrado muita teoria e pouca prática ao traçar os
seus planos, na medida em que o sistema de ensino se encontra estagnado.
Além do mais, o Ministro tem optado por rejeitar a opinião pública,
dando primazia à sua assessoria internacional, e daí os planos apresentados não
corresponderem com a natureza educacional de Timor-Leste.
Assim, num país em
processo de desenvolvimento, a Educação é a chave fulcral para a sua
construção. Mas se continuarmos a ter uma educação desta natureza não iremos
concretizar os nossos sonhos, um Timor-Leste próspero, consolidado, forte e
desenvolvido, pois a nossa base está desorientada. Como tal, é essencial um
maior empenho e esforço por parte do Ministério da Educação em prosseguir com o
desenvolvimento intelectual e cívico do país.
*Rojer Soares, licenciado
em Estudos Europeus pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
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