Balneário Público
Mandela morreu?
Não. Ele perdurará em tudo que nos ensinou. O seu legado será eterno enquanto a
memória da humanidade explorada e oprimida, relegada por uns quantos para a
sub-humanidade sob a bandeira de falsa democracia, justiça e liberdade, se
justificar. Talvez Mandela viva enquanto no planeta existirem dois seres
humanos: um explorador e opressor, outro explorado e oprimido. Portanto,
Mandela não morreu, o seu legado não se decompôs nem se vai decompor
facilmente. Mandela vive em cada um de nós, os explorados e oprimidos globais. É
certo que agora ocorrerão os seus funerais com pompa e circunstância, recheados
de hipocrisia. Os inimigos e adversários de Mandela de ontem vão estar
alinhados nesses mesmos funerais, querendi aparentar admiração e respeito. Vão tecer palavras elogiosas, vão mentir, vão
soltar as suas altas doses de hipocrisia, vão inventar peripécias das suas
privacidades com aquele grande ser humano, vão tecer teias de falsidade
encobertas em emganadoras palavras sobre o gigante que é Mandela, procurando
ocultar que tal grandeza os fez soçobrar mas que nem por isso deixaram de ser
seus inimigos e adversários. A comprová-lo estão presentes as suas atitudes. As
suas decisões e opções políticas e económicas. A comprová-lo está a exclusão
(apartheid) a que votam os seus povos. A comprová-lo estão as políticas que
advogam e que se resumem a uma frase batida mas que não deixa dúvidas da sua
terrível correspondência à realidade: “Os ricos cada vez mais ricos, os pobres
cada vez mais pobres”. E ali se alinharão os pseudo venerandos e pseudo amigos
de Mandela, na África do Sul, nos seus funerais. Chefes de Estado e
primeiros-ministros de quase todo o mundo. Uma passarela de hipócritas onde
sobresaírá Obama e outros norte-americanos que têm imposto ao mundo inteiro a
submissão e desgraça dos povos em troca, dizem eles, da (pseudo) liberdade e
democracia quando na realidade os seus objetivos têm sido e são no presente
(será no futuro) explorar e oprimir. Roubar as potencialidades dos povos e dos
países que ocupam através de falsidades ou da imposição da guerra. Também
Portugal terá a sua cota parte de representação hipócrita nos funerais de
Nelson Mandela. Foi escolhido Cavaco Silva, representante das políticas
segregacionistas vigentes em Portugal. Adepto fervoroso do apartheid entre
pobres e ricos. Da exploração e opressão de uns quantos sobre milhões de
portugueses. Cavaco Silva insere-se perfeitamente no corropio da hipocrisia que
por estes dias vai desfilar na África do Sul. A grandeza de Mandela ficará
indiferente ao desfile fúnebre desses funestos dirigentes da elite mundial e a Cavaco também.
Sorrirá, isso sim, para os que aprenderam a visão da liberdade, justiça e
democracia por que lutou e que lhes ensinou e por que continuarão a lutar até
derrubarem os mentores e executores dos apartheids que aquelas elites presentes e
não presentes representam, incluindo Cavaco Silva.
Ana Castelar
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